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Abilio Diniz
O São Paulo vive um momento muito importante em sua história, que pode estar passando despercebido por algumas pessoas.
Dentro de campo, a equipe vem se recuperando de maneira incrível: de eliminado de forma humilhante no Campeonato Paulista, para semifinalista da Libertadores. Como torcedores, voltamos a ter motivos de nos orgulharmos com o nosso time. Esse é um ponto que está à vista de todo são-paulino. Não há controvérsias.
Porém, há em andamento também uma nova movimentação de grande importância dentro do São Paulo. E, se isso continuar, poderá levá-lo a um patamar muito mais alto no cenário brasileiro e mundial.
O Conselho Deliberativo do São Paulo tem assumido a postura que dele se espera, representando os verdadeiros donos do SPFC, que são seus sócios e torcedores. No ano passado, a pressão do Conselho foi fundamental para a renúncia de Aidar. Os conselheiros têm acompanhado e vigiado mais os atos da Diretoria, e isso tem levado o clube a um processo de mais transparência e cuidado em seus atos administrativos.
Foram criados comitês importantes dentro do Conselho. O Comitê Financeiro, sob a responsabilidade de Jaime Franco, com o auxílio da consultoria e auditoria da PricewaterhouseCoopers (PwC), vem acompanhando os atos da gestão na área financeira. Já o Comitê de Ética, sob o comando de Opice Blum, teve a coragem de expulsar os conselheiros Carlos Miguel Aidar e Ataíde Guerreiro.
Mas, infelizmente, a diretoria comandada por Leco ainda não entendeu que os tempos de “dono” do clube estão ficando para trás e ficarão cada vez mais, à medida que os conselheiros estão cada vez mais atuantes.
Um exemplo claro disso é o profundo desrespeito de Leco com o Conselho Deliberativo ao contrariar a decisão do órgão sobre o afastamento de Ataíde Guerreiro, para, dias depois, reconduzi-lo ao cargo de Diretor de Relações Institucionais do São Paulo.
É inadmissível que um presidente se sobreponha a uma decisão soberana dos representantes dos mais de 6.000 associados que estão participando ativamente do destino de algo que lhes pertence: seu time do coração.
Isso só reforça a necessidade de mudanças na gestão para que o nosso São Paulo seja um time ainda mais vencedor. A mais importante delas é a elaboração de um novo estatuto social. Em virtude de questões jurídicas, o SPFC é obrigado a criar um novo estatuto e levá-lo à aprovação da Assembleia dos Sócios.
É uma excelente oportunidade de modernizar a gestão do clube e transformá-lo novamente em exemplo para o futebol brasileiro e mundial, criando uma nova governança que dê o poder a quem de direito: os sócios e seus representantes, os Conselheiros.
Por isso, a reunião de hoje do Conselho Deliberativo pode dar sequência a esse processo de participação mais efetiva no futuro do São Paulo, exigindo respeito às suas decisões e mostrando que é o associado o verdadeiro dono do clube.