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Caio Ribeiro
Comentarista elogia atuação tricolor e a importância do zagueiro Maicon na equipe
“… respeite quem pôde chegar onde a gente chegou.”
O cenário era o pior possível. Casa cheia, torcida empurrando o time, 0 a 2 no placar em menos de 12 minutos de jogo. O barulho era ensurdecedor. O Horto pulsava, lembrando aquela Libertadores de 2013 onde nesse mesmo campo o São Paulo se despediu da competição. A vantagem conquistada na primeira partida também já tinha ido embora.
Foi aí que apareceu Maicon, três minutos depois, de cabeça: Galo 2 a 1, e o São Paulo estava vivo outra vez. Esse, para mim, foi o momento do jogo.
Já ganhei, perdi, fui goleado e goleei. Mas sempre existe uma segunda chance, uma oportunidade, um lance num momento chave que acaba mudando a história do jogo.
Mais 10 minutos e a pressão se tornaria insuportável, porque o futebol não é só tática e técnica, ele é 60% emocional. Naquele momento as coisas poderiam desandar. Você quer resolver tudo sozinho, começa a reclamar com os companheiros, perde a cabeça e toma cartão… amarelo, vermelho. As coisas fogem completamente do controle. Você fica desnorteado e a sensação de fracasso é o que acaba com a confiança de um atleta. De uma equipe.
Mas Maicon estava lá. Ele chegou quietinho, sem muita badalação mas foi aos poucos conquistando seu espaço. Com trabalho. Não com declarações, auto-afirmações. Na bola.
Hoje, o zagueiro que veio do Porto é o pilar defensivo do São Paulo. Joga sério! É firme por cima e por baixo e cresce nos momentos de pressão. Se não é brilhante tecnicamente, o que não falta é vontade. A torcida tricolor nem imagina que o zagueiro (emprestado do Porto) não continue no Morumbi.
A partir daí diminuiu o ímpeto atleticano. O São Paulo passou a tocar a bola, cadenciar o ritmo e esfriar o jogo. A pressão mudou de lado. Atuação de time copeiro, que joga pelo resultado. Frio.
Não é que deixaram chegar. A vaga foi conquistada! É a tal magia que há entre São Paulo e Libertadores. Quem já esteve no Morumbi numa quarta-feira à noite sabe do que eu estou falando.
Eu já vivi esse sentimento. Estava no banco de reservas em 1994, na final contra o Velez, da Argentina. Na época eu era só um menino de 19 anos realizando um sonho de criança.
Cheguei a dizer no Bem Amigos e no Globo Esporte que achava que o São Paulo corria riscos de não passar da primeira fase. Errei feio e assumo o erro.
Parabéns! Aos jogadores, comissão técnica e todos envolvidos. O “Clube da Fé”, “a camisa que enverga varal” chegou mais uma vez entre os quatro melhores da América. O sonho do tetra da Libertadores esta cada vez mais perto.