Da apatia à loucura: o São Paulo de 2015 sumiu de vez

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Pedro Cuenca

No fim do ano passado, o São Paulo tropeçou em vários jogos sem conseguir reagir, foi goleado por um rival por 6 a 1 e se classificou para a Libertadores no sufoco, com um gol nos minutos finais. Foi difícil. O que mais se criticava era, com razão, a apatia da equipe.

Em 2016, com técnico novo e elenco igual, o time começou no mesmo ritmo e irritou a torcida. A derrota para o The Strongest na estreia da fase de grupos, em um Pacaembu lotado, só reforçou essa ideia. Os tropeços no Paulistão, principalmente em jogos fáceis contra equipes medianas, deixaram a torcida ainda mais impaciente.

Quando o São Paulo precisou ser cascudo, porém, foi com sucesso. Encarou o River Plate de igual na Argentina, soube se defender contra o The Strongest e garantir a classificação, mas, principalmente, foi gigante contra o Atlético-MG fora de casa.

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O São Paulo cresceu na Libertadores justamente quando entendeu que precisava se impor contra os adversários, sejam eles fracos ou fortes. A partir desse instante, o time ganhou em malícia, irritando os adversários. Cavou expulsões contra River Plate e Galo.

 

Rubens Chiri / São Paulo FC

Rubens Chiri / São Paulo FC
Hudson, um dos símbolos deste Tricolor guerreiro

 

Lembram da apatia? Ela sumiu. O Tricolor deixou de se abater a cada gol sofrido, voltou a buscar resultado, abraçou a torcida e ganhou um novo ânimo na competição continental. Maicon, Hudson e Calleri viraram peças fundamentais no elenco, principalmente pela garra mostrada em campo. A filosofia de Patón Bauza com certeza tem feito a diferença neste momento.

Os estádios não estão mais afetando o São Paulo. Contra o Galo, em 2013, o time tremeu todo quando viu a torcida rival. Três anos depois, não se abateu, foi paciente ao sofrer os dois gols e buscou o resultado que precisava. No segundo tempo, ainda conseguiu administrar bem o jogo e pouco foi pressionado por um Atlético muito pilhado.

Os rojões fazem barulho, mas não marcam gols. Além disso, só devem ser usados quando o time ganha. A torcida do time mineiro ainda não aprendeu isso. O São Paulo não se intimidou, apenas viu o patético showzinho dos atleticanos e tirou lições disso para colocar em campo. Assim chegou na semifinal depois de muito tempo e começa a iludir a torcida.

Enquanto eles acreditam, nós nos classificamos. Assim é a vida.