Quando a tabela da Libertadores apontou o confronto entre São Paulo e Atlético-MG nas quartas de final, os tricolores tentaram, mas foi impossível afastar da mente as recentes eliminações para rivais brasileiros no torneio: Internacional (2006 e 2010), Grêmio (2007), Fluminense (2008), Cruzeiro (2009 e 2015) e Atlético-MG (2013) derrubaram o Tricolor de sua competição predileta.
A dois dias da decisão no Independência, a equipe paulista pode recorrer a lembranças melhores. Na próxima quarta-feira, o São Paulo poderá empatar ou perder por um gol de diferença, desde que faça pelo menos um, para se classificar à semifinal da Libertadores. Isso porque, na semana passada, venceu o Galo por 1 a 0 no Morumbi.
Houve um tempo, não tão distante assim, em que era o contrário. O São Paulo passava por cima dos compatriotas. Foi assim com Criciúma, Flamengo, Atlético-PR, e três vezes o Palmeiras. Com personagens como Palhinha, Muller, Zetti, Euller, Cicinho, Amoroso, Rogério Ceni e Hernanes como protagonistas, relembre as seis classificações desde 1992, ano do primeiro título:
1992 – Quartas de final
13/5 – São Paulo 1×0 Criciúma
20/5 – Criciúma 1×1 São Paulo
Uma rivalidade entre São Paulo e Criciúma na Libertadores, quem diria. Rolou. Em 1992, o duelo marcou a estreia das equipes no torneio. Os catarinenses destruíram os reservas de Telê Santana: 3 a 0. No returno do grupo, o troco veio com bônus: 4 a 0 para o Tricolor. Os únicos representantes do Brasil naquela edição se reencontraram nas quartas de final. E que sufoco! O São Paulo venceu por 1 a 0 no Morumbi, gol do atacante Macedo e segurou o 1 a 1 no Heriberto Hülse. Palhinha conseguiu o empate no segundo tempo, com o pé esquerdo.
1993 – Quartas de final
21/4 – Flamengo 1×1 São Paulo
28/4 – São Paulo 2×0 Flamengo
Em 1993, por ter sido campeão no ano anterior, o São Paulo entrou na Libertadores direto no mata-mata. Naquela época era assim… Após derrotar o Newell’s Old Boys, rival da final de 92, nas oitavas de final, o Flamengo de Júnior, Gilmar Rinaldi, Marcelinho Carioca e companhia surgiu como adversário nas quartas. No Maracanã, Palhinha abriu o placar com um golaço por cobertura, mas Nélio empatou. No Morumbi, uma grande exibição dos campeões mundiais. Muller e Cafu, cada um num tempo, marcaram os gols da vitória
1994 – Oitavas de final
27/4 – Palmeiras 0x0 São Paulo
24/7 – São Paulo 2×1 Palmeiras
Não estranhe a diferença de três meses entre o primeiro e o segundo jogo. Ou melhor, não pense que está errado. A Copa do Mundo de 1994, o tetracampeonato da seleção brasileira, foi disputada entre as oitavas de final da Libertadores. São Paulo, bicampeão da América e do mundo, e Palmeiras, então bicampeão paulista e campeão brasileiro, eram os melhores times do país, com larga vantagem sobre os demais. Mas o Tricolor em queda, o rival em ascensão.
No Pacaembu, o goleiro Zetti teve a melhor atuação de sua vida e parou o Palmeiras com grandes defesas. Na volta, o Palmeiras, depois da polêmica excursão para a China, que teria prejudicado a preparação para o confronto, assistiu a um show de Euller no Morumbi. O atacante, apelidado de “Filho do Vento”, fez os dois gols da vitória. Evair descontou de falta, mas o São Paulo conseguiu a classificação para a fase seguinte.
2005 – Oitavas de final
18/5 – Palmeiras 0x1 São Paulo
25/5 – São Paulo 2×0 Palmeiras
O duelo de Cicinho. 11 anos depois, São Paulo e Palmeiras voltaram a se encontrar nas oitavas de final da Libertadores. O lateral-direito brilhou intensamente. No Palestra Itália, acertou um chutaço de pé esquerdo no ângulo de Marcos, e garantiu a vitória. No Morumbi, mais de 60 mil torcedores sofreram quando o time ficou com a menos, após a expulsão do volante Josué, mas Rogério Ceni, de pênalti, e novamente Cicinho, de falta, asseguraram a vaga.
2005 – Final
6/7 – Atlético-PR 1×1 São Paulo
14/7 – São Paulo 4×0 Atlético-PR
Na primeira final brasileira da história da Libertadores, o bicampeão São Paulo enfrentou o Atlético-PR, que jamais havia decidido o torneio. O primeiro jogo foi no Beira-Rio, estádio do Internacional, em Porto Alegre, porque a capacidade da Arena da Baixada não cumpria a exigência mínima do regulamento do torneio para receber um dos jogos da decisão.
No Sul, Aloísio (ele mesmo, o Chulapa) abriu o placar para o Furacão, mas um gol contra de Durval deu o empate ao Tricolor, que fez uma enorme festa no “Morumtri”. Amoroso, Fabão, Luizão e Diego Tardelli marcaram na goleada por 4 a 0 que levou a equipe paulista, comandada por Paulo Autuori, a ser dona do continente outra vez, depois de 12 anos.
2006 – Oitavas de final
26/4 – Palmeiras 1×1 São Paulo
3/5 – São Paulo 2×1 Palmeiras
Ô, destino! De novo, os dois rivais vizinhos de centro de treinamento se enfrentaram nas oitavas de final da Libertadores. E pela terceira vez, deu São Paulo. A primeira partida foi no Palestra Itália. Aloísio abriu o placar, mas Edmundo empatou de pênalti. Na semana seguinte, o Morumbi presenciou mais uma grande partida. Como no jogo anterior, o Chulapa fez 1 a 0, e Washington empatou para o Palmeiras. Quando o jogo se encaminhava para a decisão por pênaltis, um pênalti decidiu a vaga. Cristian derrubou Júnior. Rogério Ceni precisou cobrar duas vezes, já que o árbitro marcou invasão de Lugano na primeira, para decretar a vitória são-paulina.
2010 – Quartas de final
12/5 – Cruzeiro 0x2 São Paulo
29/5 – São Paulo 2×0 Cruzeiro
O São Paulo já sofria com brasileiros. Havia sido eliminado em 2006, 2007, 2008 e 2009. Mas teve, em 2010, a chance da revanche contra o Cruzeiro, que era o último algoz. O jogo no Mineirão marcou a estreia de Fernandão, que deitou e rolou. Foi o melhor em campo e coroou sua atuação com um passe de calcanhar para Hernanes fazer o segundo gol – Dagoberto havia aberto o placar – da vitória por 2 a 0. O placar se repetiu no Morumbi, na semana seguinte. Os autores dos gols também. Só que, dessa vez, Hernanes abriu e Dagoberto fechou. Foi a última vez que o Tricolor eliminou um time brasileiro na Taça Libertadores.