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Desde que aderiu ao programa de refinanciamento das dívidas com o governo federal (Profut), o São Paulo tem como pendência a atualização de seu estatuto social. O clube diz já ter formado uma comissão para tratar do tema. A ideia é adequar o texto ao que a lei exige, mas também aproveitar para modernizar o documento, propondo mais regras de transparência à gestão, além de uma mudança que tornará o time tricolor mais velho.
Já está certo que o novo estatuto assumirá o ano de 1930 como o da fundação do São Paulo, algo que tem aprovação dos conselheiros, mas que até hoje não foi incluído no documento oficial. O estatuto atual diz que o clube foi fundado em 16 de dezembro de 1935 como continuidade da equipe nascida em 25 de janeiro de 1930.
A questão já gerou muita polêmica dentro do Morumbi, especialmente com a rejeição dos conselheiros mais antigos a reconhecer a fundação em 1930 – a primeira equipe tricolor deixou de existir no início de 1935 e fundiu-se com o Clube de Regatas Tietê.
Em março daquele ano, sócios inconformados com o fim da agremiação criaram o Clube Atlético São Paulo, que nem sequer chegou a entrar em campo. Sem sucesso, se reuniram novamente e, em dezembro, nasceu o São Paulo Futebol Clube.
Em 2013, já com a polêmica bastante esfriada dentro do Morumbi, foi aprovado pelos conselheiros a mudança do ano de fundação, que deixará o São Paulo com 86 anos e não mais 80 assim que passar a constar no estatuto do clube.
Além dessa mudança, será discutido também a autorização de forma definitiva para que o São Paulo possa ter um terceiro uniforme, algo que o texto atual proíbe – as camisas especiais utilizadas até hoje foram exceções aprovadas em votação pelo conselho.
O passo mais longo que o clube deu em relação a essa questão foi a utilização da camisa grená confeccionada pela Under Armour no ano passado. Ainda assim isso só foi possível após uma votação em reunião extraordinária no conselho.
Já as outras mudanças devem ter impacto na gestão.
Para aderir ao Profut o clube assumiu algumas contrapartidas, entre as quais a restrição de quatro anos de mandato para o presidente, apenas uma reeleição permitida, proibição de de antecipação de receitas posteriores ao mandato da atual administração, entre outras.
“O objetivo da comissão é modernizar o estatuto e não a gestão. A gestão é um dos itens a serem modernizados, como os controles internos, transparência, desenvolvimento de regras”, explicou o presidente do conselho, Marcelo Puppo, à ESPN.
“Entendo que um novo estatuto é ferramenta fundamental para a definição de normas, que além de traçar os rumos a serem seguidos pelo clube, ajudarão a prevenir e combater situações de descontrole administrativo, financeiro e ético. O novo texto, no meu entender, deve conter regras de compliance e governança corporativa, que contribuirão com a profissionalização da gestão, a busca pela transparência e, principalmente, com a adequação da estrutura do São Paulo a um mundo corporativo moderno”, completou.
A comissão formada para propor mudanças no estatuto tricolor vai analisar as exigências do Profut, ideias já discutidas no conselho e também ouvirá os sócios do São Paulo – prática vista como novidade dentro do clube tricolor.
Após a conclusão do trabalho do órgão, o texto passará pela Comissão Legislativa do Conselho para análise. Em seguida, seguirá para a aprovação do Conselho Deliberativo e, por fim, para a aprovação final da Assembleia dos Associados.