De Vitor Birner
Muito dinheiro e pouco resultado
Apesar de contarem com orçamentos muito maiores que o de quase todas as agremiações do continente, apenas dois clubes daqui continuam na Libertadores e ambos têm treinadores e centroavantes estrangeiros.
‘ Las Hazañas de los entrenadores’
Bauza e Aguirre parecem imunes à grita de imprensa e torcedores, tal qual devem fazer quando as convicções sobre o que ocorre nos gramados for maior que a prioridade de manutenção do cargo.
Tentam formar times equilibrados e montados a partir do sistema de marcação. Construíram, na Libertadoresl, currículos elogiáveis.
O argentino ganhou a Libertadores com LDU e San Lorenzo. Foi semifinalista à frente do Central, no início da carreira, quando perdeu diante do Cruz Azula possibilidade de ser campeão.
Os mexicanos tinham o melhor time naquela edição em 2001 e não ganharam do Boca Juniors porque a fraca atuação de Marcio Resende de Freitas interferiu.
Aguirre conseguiu ir à final do torneio com o limitado Peñarol, que investiu em Martinuccio como referência para criar e fazer os gols. Tirou leite de pedra. Ano passado foi à semi com o Internacional, o brasileiro com melhor campanha na competição que o River Plate ganhou.
Obviamente, noutras equipes houve tropeços, como a eliminação em fase de grupos, mas os gringos inegavelmente sabem como jogar o mata-mata e montar times competitivos.
Bauza, além dos clubes mencionados no post, foi contratado apenas por Vélez, Colón e Sporting Cristal na América do Sul. Nunca teve o melhor elenco da Libertadores.
O Peñarol de Aguirre tinha muito menos qualidade técnica que o Santos quando o Alvinegro foi campeão. Era superior na parte tática ao time então orientado por Muricy Ramalho.
O Tigres eliminou o Internacional porque contratou atletas com mais qualidade. Encerrou, vale ressaltar, na liderança do grupo que tinha o River Plate, contra quem perdeu a final, com o dobro de pontos dos ‘hermanos’.
Compatriotas têm futebol de estilos distintos
No país conhecido pela qualidade dos jogadores e vocação para futebol arte com muitos gols, raros são os centroavantes que mantêm a tradição construída durante décadas.
Atlético e São Paulo foram ao exterior contratar artilheiros. Queriam profissionais com raça e ‘Jerarquia’, como afirmam os ‘hermanos’, e optaram por Lucas Pratto e Calleri, ambos com tal perfil.
Não são atletas com características iguais. O atleticano executa maior quantidade de funções. Sabe atuar pelos lados do ataque e participa mais da marcação e do jogo. A irregularidade nas finalizações é a principal dificuldade.
O ‘hincha xeneize’ se mexe para contribuir coletivamente, tenta ser opção quando os colegas têm a bola, mas o chute e o cabeceio são as grandes virtudes. É o tipo de jogador que, na área, não se incomoda em esquecer a técnica desde que faça o gol.
Pode ser com categoria, como na estreia diante do Cesar Vallejo, na raça ou na malandragem, tal qual diante do atual campeão da Libertadores.
Estatísticas na Libertadores favorecem Calleri
Jogou 12 vezes em todas as edições do torneio, fez 11 gols e uma assistência. Foram 1 902 minutos nos gramados (media de um gol em pouco mais de 172,8 minutos).
Oito desse foram nessa Libertadores, na qual ficou 543 minutos nos gramados, o que confere a média de um a cada quase 67,875 minutos.
Pratto, durante a carreira, participou de 45 jogos na Libertadores, fez 18 gols e 7 assistências em 3623 minutos (um gol a cada 201,2 minutos).
Participou dos 8 jogos da agremiação na atual e fez 4 gols nos 720 minutos (Média de um em 180 minutos).
Obviedade sobre qualquer jogo
Não é inteligente analisar números no futebol se não levarmos em consideração questões como a qualidade dos oponentes, a exigência dos jogos, a quantidade de oportunidades, o índice de aproveitamento e as dificuldades para finalizar impostas pelos sistemas de marcação.
As estatísticas são referências de avaliação, mas o andamento das quartas-de-final pode contrariar o padrão do desempenho dos jogadores. O futebol, como todos sabem, curte ‘tirar onda’ e vira e mexe apresenta o inédito herói em jogos eliminatórios.
Para os que têm ‘jerarquia’
Ambos não fizeram gols em quatro partidas da edição vigente da Libertadores A média de êxitos do Calleri, noutros torneios, é muito menor que nessa Libertadores.
Ninguém pode afirmar com embasamento que conseguirá, ou não, manter o rendimento.
É impossível garantir qual dos ‘hermanos atuará melhor e se conseguirão protagonismo. São competitivos, gostam desse tipo de jogo, e merecem a confiança de torcida e treinadores.
As agremiações
São Paulo e Atlético têm outros jogadores acima da média no continente. Como acontece com os centroavantes, necessitam de competência na parte coletiva.
O talento em prol do time resolve as partidas. Quando é individualizado e não se encaixa no conjunto, gera instabilidade na implementação das ideais do treinador.
As agremiações ainda oscilam. A do Morumbi mostrou contra River Plate, Toluca e na altitude de La Paz, que pode ser forte e competitiva.
Necessita provar que é capaz de manter a regularidade naquele padrão.
O futebol do oponente, frente o Racing, foi melhor no ‘El Cilíndro’, quando empatou, que no jogo da classificação.
O sistema de marcação, em especial na esquerda, tem sido inconsistente.
O êxito diante do Racing havia exigido enorme esforço. Jogou a final do Estadual, teve atleta excluído, necessitou correr muito, enquanto Bauza fazia ajustes no CT da Barra Funda.
Não há favoritos. Apenas goleadas podem ser consideradas zebras.
As propostas coletivas dos treinadores são formatadas para dificultar a criação de lances de gol.