GloboEsporte.com – Alexandre Lozetti
O São Paulo tem se dedicado, em 2016, a recuperar jogadores nos quais acredita. Funcionou com Michel Bastos, cujo litígio com a torcida parecia irreversível, mas agora está nos braços da galera tricolor novamente. Funcionou com outros que, em meio a uma crise no início do ano, manifestaram intenção em deixar o clube. O êxito em exemplos anteriores leva a diretoria a acreditar que sua nova missão também vai dar certo. Ela tem nome: Alan Kardec.
Em quatro meses, o centroavante que era considerado protagonista na virada do ano, em razão da saída de Luis Fabiano e de sua animadora reta final, com gols e boas atuações, se tornou coadjuvante, resultado de uma soma cruel: além da chegada de Calleri, artilheiro da Libertadores e da equipe na temporada, Kardec sofreu primeiro com uma amigdalite, depois uma virose. Ambas o tiraram de partidas importantes pela Libertadores. Na semana passada, ele perdeu a chance de ser titular na goleada por 4 a 0 sobre o Toluca. Centurión foi escalado e fez dois gols.
Edgardo Bauza Alan Kardec São Paulo (Foto: Érico Leonan/saopaulofc.net)
Em campo, até o bandeirinha jogou contra. Alan Kardec teria marcado o primeiro gol da equipe em 2016, mas o assistente não viu que sua cabeçada pingou dentro do gol do César Vallejo depois de tocar o travessão no Peru. E depois daquilo, o centroavante fez só um gol, no domingo de Páscoa, contra o Santos, na Vila Belmiro.
É fato que o atacante não aproveitou como deveria as oportunidades que teve. Não foi, neste ano, nem sombra do goleador da época de Palmeiras e também de seu primeiro ano no São Paulo, antes de sofrer grave lesão no joelho. Quando foi contratado, em dezembro, o técnico Edgardo Bauza ouviu da diretoria que Alan Kardec seria importantíssimo, uma liderança em campo e fora dele, depois da aposentadoria do capitão Rogério Ceni.
Alan Kardec perde gol no fim do jogo contra o River Plate, no Morumbi (Foto: Marcos Ribolli)
O Patón se decepcionou. Embora a relação entre ele e o centroavante seja boa, e não haja nenhuma crítica ao comportamento do jogador, há, mutuamente, necessidade de reforçar a confiança. É isso que o departamento de futebol pretende fazer. Kardec está relacionado e ficará no banco quarta-feira, no jogo de volta contra o Toluca, pelas oitavas de final da Libertadores.
Hoje, há uma satisfação interna pela maneira como problemas foram contornados. Há dois meses, Michel Bastos era perseguido por alas da torcida, o jovem João Schmidt pedia para ser emprestado ao Avaí e o experiente Ganso discutia a possibilidade de se transferir.
O trio ganhou nova vida. Outros que sofriam o ambiente pesado também. Michel está de bem com o torcedor, Schmidt ganhou a vaga de titular – embora provavelmente tenha a perdido de novo com a lesão e a recuperação de Thiago Mendes – e Ganso voltou à seleção brasileira, pelo menos na pré-convocação de 40 nomes para a Copa América Centenário.
O pensamento da diretoria: muitas equipes da Série A querem Alan Kardec, então o São Paulo, que já tem o atacante, não pode perder. Ordem é não desistir de jogadores como faziam as gestões anteriores. Arouca e Jadson são exemplos de atletas que o clube abriu mão facilmente, e brilharam em rivais
O departamento de futebol hoje conta com o diretor executivo Gustavo Vieira de Oliveira, o diretor Luiz Cunha, o coordenador Rene Weber e o auxiliar técnico Pintado, além da comissão chefiada pelo argentino Edgardo Bauza, é claro. Cada um com uma atuação mais específica, seja de cobrança ou de afagos, de conciliação, todos estão imbuídos em fazer com que Kardec volte a ser, o mais rapidamente possível, peça importante, mesmo que no banco de reservas.
O pensamento da diretoria é simples: muitos clubes da Série A do Brasileirão querem Alan Kardec. Se o São Paulo tem, não pode abrir mão facilmente, principalmente porque Calleri, o titular, tem contrato até 30 de junho e dificilmente vai permanecer depois disso.
A avaliação da cúpula diz que o Tricolor, nos últimos anos, desistiu muito facilmente de seus jogadores. Qualquer má fase ou ruído com a torcida era razão para afastá-lo, queimá-lo, entregá-lo à sorte ou a um rival. O volante Arouca e o meia Jadson são dois dos exemplos mais citados de atletas que saíram para brilhar nos principais adversários.
A ordem é impedir que isso aconteça com Alan Kardec.
Deixem para recuperar o cara no brasileiro
Muitas equipes da série A querem AK ? O q estão esperando? negociem-no logo!!