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Caíque Toledo
A festa feita pela torcida do São Paulo nesta quarta-feira (12), antes, durante e depois do confronto diante do Atlético-MG, certamente foi uma das mais belas apresentações dos últimos tempos no futebol brasileiro. O clima de Libertadores, a vibração pela boa fase, a beleza dos sinalizadores e o canto da torcida transformaram o Morumbi em um verdadeiro inferno.
Na vitória por 1 a 0, tudo seguia bem até pouco tempo depois do gol tricolor, marcado por Michel Bastos. Na euforia, o susto: parte da grade do setor inferior azul cedeu com a pressão, e 20 torcedores caíram de uma altura de 2,5 metros. O atendimento médico foi rápido, mas as imagens foram chocantes. Mulheres e crianças feridas.
Foram realizados 16 atendimentos no ambulatório do estádio, sendo que sete pessoas foram levadas de ambulância para hospitais próximos. Destes, três seguiam internadas até as 14h05 desta quinta, com fraturas, e seriam submetidas a procedimentos cirúrgicos. O clube tem representantes acompanhando os feridos e vai custear as despesas hospitalares.
De acordo com o São Palo, uma equipe técnica especializada será contratada para investigar as causas do acidente. O clube está 100% correto em se preocupar primeiro com a situação dos feridos de ontem e, depois, buscar soluções. Pós-trauma, a responsabilidade precisa ser atribuida e, o quanto antes, o problema precisa ser resolvido, para que não haja qualquer outro risco para o torcedor são-paulino.
O estádio passou por uma vistoria de engenharia completa no último mês de outubro e foi liberado com algumas ressalvas a serem sanadas. O laudo não cita a grade que caiu no jogo de ontem, mas aponta situação crítica em sete outros itens, incluindo muitos ‘Guarda Corpos’ (nome dado às juntas das grades) nos anéis superior e intermediário.
Há, portanto, um risco. Seja do tamanho que for, é um risco. Se a grade que caiu estava fragilizada por corrosão e não foi nem citada no último laudo, é necessário rever todos os outros – dos mostrados no relatório aos que, teoricamente, estão em bom estado. Nas arquibancadas, torcedores ficam pendurados na grade, às vezes protegidos por nada, mesmo que elas sejam mais fortes.
Não é questão de discutir modernidade do estádio ou necessidade de uma arena, como aproveitadores e ‘piadistas de mal gosto’ de outros times estão insistindo. Trata-se de segurança. Em um país onde a cada dia temos mais dificuldades para ir ao estádio – medo, transporte, horário, distância, pode escolher -, avaliar a estrutura da arquibancada não pode ser uma preocupação do torcedor.
É verdade que o São Paulo sempre foi prudente ao diminuir a capacidade do estádio para evitar qualquer problema, mas os tempos são outros. Foi-se a época em que os camarotes eram área de quem só via o jogo sentado. Em Libertadores, o clima e a euforia deixam os nervos à flor da pele: as grades, feitas para suportar cargas apenas de apoio, são forçadas pelo êxtase dos torcedores. É preciso imaginar que isso vai acontecer.
Que o São Paulo, time grande que é, resolva as pendências o quanto antes. Se haverá alguma sanção da Conmebol, é o de menos. Nosso estádio é nosso grande trunfo e com certeza continuará sendo daqui até a final da competição. Mas, não esqueçamos, a segurança do torcedor é sempre a prioridade. Precisamos estar tranquilos em nossa própria casa.