Alex Dias conta pérola de Aloísio com garçom francês e emoção com gol no SP

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Marcello De Vico e Vanderlei Lima
Do UOL, em Santos e São Paulo

Por mais que um jogador tenha que se render ao profissionalismo durante a carreira, o momento de estrear com a camisa do seu clube de coração acaba se tornando único. E melhor ainda caso esta estreia seja com vitória, assistências e diante de um dos maiores rivais. Foi o que aconteceu com Alex Dias, que em sua primeira partida com a camisa tricolor, em 2006, mostrou seu cartão de visitas diante do Palmeiras e foi decisivo a favor do time são-paulino.

O jogo, disputado em fevereiro de 2006, era válido pelo Campeonato Paulista. Alex Dias deu passes para os dois gols de Thiago Ribeiro (hoje no Bahia), outro destaque da vitória de 4 a 2. O São Paulo ainda encararia o Palmeiras em outras quatro oportunidades neste ano, duas pela Copa Libertadores e duas pelo Campeonato Brasileiro, sendo que no jogo do primeiro turno do Nacional, no Morumbi, Alex Dias deixou a sua marca na goleada de 4 a 1 (veja no vídeo acima).

Rubens Cavallari/Folhapress

Em entrevista ao UOL Esporte, Alex Dias conta sobre a sua relação com o clube de coração, recorda a primeira vez que entrou em campo com a camisa tricolor e diz que suas principais inspirações no futebol eram justamente de jogadores que tinham brilhado no São Paulo.”Sou são-paulino, desde criança, torcedor mesmo, de ver Silas, Careca, Sidney, Pita, Oscar, Dario Pereira, Nelsinho… Eu escalo o time todo da época, timaço, a máquina tricolor. O Careca é incrível para mim, um dos maiores atacantes do futebol brasileiro. Eu me inspirava no Careca e no Muller, já falei isso para eles”, diz Alex Dias, que aponta o momento da entrada no jogo de estreia, no Morumbi, como um dos mais emocionantes da sua carreira.

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“O momento que eu nunca vou esquecer foi o primeiro jogo, contra o Palmeiras, subindo as escadas do túnel que dá acesso ao gramado, e o Rogerio Ceni sempre parava para falar e olhava para mim, e eu olhava para o meu corpo e me via com a camisa do São Paulo, meião, chuteira, e eu pensei: ‘isso aqui é inacreditável’, o time que eu torcia como criança e só me deu alegria como torcedor, e hoje eu estou aqui podendo vestir essa camisa e defender esse clube… Neste jogo metemos quatro no Palmeiras, eu dei dois passes. Foi a minha estreia”, diz.

Goiás: passagem mais marcante da carreira

Apesar do amor de infância pelo São Paulo, Alex Dias reconhece que o clube mais importante de sua carreira acabou sendo o Goiás, por onde finalmente ganhou destaque para o futebol. A chance de se transferir para o time esmeraldino veio através do técnico Hélio dos Anjos, que observou o atacante em uma partida entre Náutico e Remo, pela Série B de 2006.

“O Hélio dos Anjos pediu a minha contratação. Ele era treinador do Náutico, e eu joguei contra ele. Ele pediu a minha contratação quando ele assumiu o Goiás. Eu fui do Boa Vista, de Portugal, emprestado para o Goiás, e logo no primeiro ano eu arrebentei. Foi aquele ano [1996] que nós chegamos na semifinal do Brasileiro e perdemos para o Grêmio. Aí a diretoria do Goiás foi para Portugal e compraram na época o meu passe”, conta Alex Dias,

“Foi a passagem mais marcante, a que deu destaque para mim. Eu fiquei conhecido no Brasil e no mundo pelo Goiás”, disse o atacante, que chegou ao Goiás depois de uma passagem curta por Portugal. Segundo ele, por ‘saudade do Brasil’.

“Fiz um contrato de cinco anos, mas fiquei só um ano e meio. Deu saudade e eu quis voltar, isso porque foi Portugal… Se fosse a Rússia, por exemplo, eu estava ferrado [risos]”, brincou.

‘Parça’ Aloísio

Entre os diversos companheiros de ataque que teve ao longo da carreira (incluindo até Romário), Alex Dias aponta Aloísio Chulapa como o maior deles. Especialmente pela amizade criada pelos dois fora de campo. Dentro dele, atuaram juntos tanto no Brasil como na França.

Jorge Araujo/Folha Imagem

“O Aloísio é um irmão, uma figuraça. Nós jogamos juntos três anos no Saint-Etienne e depois fomos juntos para o Paris Saint-Germain. O Aloísio foi o maior parceiro que eu tive”, garante.”Tem um episódio na França que a gente queria comer frango, e o Chulapa não sabia falar. E o meu amigo imitou um frango [risos]. Eu sei falar fluente francês, mas o Chulapa não sabia nada. Mas o frango chegou [risos]. Eu fiquei quatro anos na França, três anos no Saint-Etienne e um no PSG. Tem várias do Chulapa, ele é como um irmão. A gente sempre se encontra, eu que arrumei os dois contratos dele agora. Ele jogou no Comercial-MS e agora ele foi para o Sete de Setembro, em Dourados [MS], disputou a Série A sul mato-grossense e a Série D”, diz.

Alex Dias conta ainda que, para chegar ao clube de coração, contou com ajuda de seu parceiro. “Eu cheguei [ao São Paulo] com a ajuda do Aloísio, Rogério Ceni e Muricy [Ramalho]. Eu estava no Vasco, o São Paulo precisava de um atacante, aí eu falei: ‘eu vou realizar o meu sonho de jogar no São Paulo”, acrescenta o atacante que hoje está com 44 anos.

Carreira de empresário

Depois de pendurar as chuteiras em 2012 (seu último clube foi o Aparecidense-GO), Alex Dias passou a se dedicar exclusivamente ao mercado imobiliário. O negócio ainda vai bem, com diversos apartamentos em Goiânia, mas a ideia atual do ex-jogador é passar a construtora para frente e dar atenção especial à carreira de empresário de atletas, na qual já vem investindo.

“A gente está passando pra frente, não estou dando conta, então vou passar para um amigo meu. Não vou ser mais construtor, estou desde 1999 no ramo, então agora eu só vou mexer com o lado do futebol mesmo, como empresário”, acrescenta. “Sou sócio do empresário Roberto Faustim. Inclusive ele está fechando o Maikon Leite no México [já fechou com o Toluca]. Nós temos também o Amaral no Coritiba e o Rithelly, que está no Sport”, finaliza.