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Alexandre Lozetti
Travado pela compactação do Sport no campo defensivo, Tricolor sente falta de qualidade no ataque. Calleri e as triangulações da Libertadores não apareceram
O São Paulo, semifinalista da Libertadores, ficou no empate por 0 a 0 com o Sport, que está na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, dentro do Morumbi. Por que?
1) Por causa do Sport
Os pernambucanos foram exemplares no sistema de marcação. O início equivocado, em que tentaram apertar a saída de bola tricolor e, com isso, deram espaço, foi logo corrigido e deu lugar à compactação de 11 jogadores no sistema defensivo.
Do goleiro a Diego Souza, que ainda se aproveitou de erros de Maicon para criar perigo no primeiro tempo.
O São Paulo não encontrou espaço entre as linhas e, quando tentou sair em velocidade, as opções eram Centurión, que continua com seu apreço por perder bolas atrás de bolas, e Luiz Araújo, mais impetuoso e objetivo do que o argentino, mas sem o entrosamento necessário para entender quais eram os melhores espaços a serem explorados.
2) Por causa de Calleri
O argentino tinha mesmo que ser expulso contra o Flamengo? Sua presença faz diferença enorme no ataque do São Paulo, frágil em qualidade e quantidade. Ytalo, seu substituto, até demonstrou inteligência para sair da área e fazer tabelas, tentando criar espaços de infiltração dos homens de meio-campo, mas não teve peso, dentro da área, para assustar o Sport.
Em seu lugar entrou Alan Kardec, que ainda se parece com um irmão gêmeo daquele talentoso centroavante que tem presença de área e costuma ganhar a maioria das jogadas de corpo. Na última quinta-feira, era como se ele estivesse desaparecido, facilmente entregue à marcação.
Isso sem falar em Centurión. O argentino entrou bem, deu um chute perigoso, teve movimentos inteligentes, mas logo voltou ao normal: perdas de bola na tentativa de dribles impossíveis e passes errados. A melhor alternativa foi Luiz Araújo, jovem de 20 anos que mostrou personalidade e boa leitura de jogo, mas pecou nas finalizações.
3) Por causa do meio-campo
Se o São Paulo chegou à semifinal da Libertadores, um dos motivos é a participação decisiva dos volantes, especialmente nos jogos no Morumbi. João Schmidt fez gol contra o Trujillanos, Thiago Mendes sobre o Toluca, Hudson teve boa participação ofensiva… Mas diante do Sport, Schmidt e Mendes erraram demais quando se aproximaram de Paulo Henrique Ganso.
Travados, obrigaram o meia a recuar demais, afastar-se da zona onde é mais perigos. Para complicar, Ganso tentou dar sempre o último passe, mesmo quando ainda era hora de mais uma tabela para abrir espaço. Só conseguiu, efetivamente, deixar um companheiro na cara do gol, no primeiro tempo, em lindo passe para Michel Bastos (veja no vídeo acima).
4) por causa de Mena
Como faz falta o lateral-esquerdo ao São Paulo. Não há mais aproximação pelos lados do campo como havia na Libertadores. Michel Bastos recebeu boa bola de Maicon no primeiro tempo, mas teve de encarar a marcação sozinho.
O lançamento era longo, o lateral e os volantes tinham tempo de sobra para se aproximarem. as triangulações entre Michel e Mena, e ora Ganso, ora Hudson ou João Schmidt, abriram caminho para muitos gols no torneio sul-americano.
Sem aproximação, o São Paulo dependeu de jogadas individuais, sendo que o único jogador com essas características, Kelvin, teve quase sempre um marcador e alguém na sobra, em razão da compactação do Sport na defesa.
5) por causa do azar
Kelvin, como dizíamos acima, teve quase sempre marcação dupla. Quando não teve, arrancou pelo meio em direção ao gol, em ótima condição para finalizar com o pé bom, o canhoto. Mas quando se aproximava da área, uma fisgada na coxa esquerda o tirou do jogo e, possivelmente, das semifinais da Libertadores, nos dias 6 e 13 de julho, contra o Atlético Nacional, da Colômbia.