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“Quero muito ir na estreia do Kaká no Morumba ver meu Tricolor e ainda meu ídolo”.
Essa postagem no Twitter de um adolescente não teria qualquer problema, desde que o garoto não fosse um jogador das categorias de base do Corinthians. Menos de 140 caracteres que mudaram a carreira de um promissor meia canhoto dois anos atrás.
Matheus Frizzo agora pensa muitas vezes antes de escrever qualquer coisa em suas redes sociais. Sua declaração de amor ao time do Morumbi causou uma enorme confusão: além das ofensas feitas por corintianos, ele acabou afastado da equipe por dois meses e sequer foi ver o ídolo no estádio.
“Essa foi uma parte que nem gosto de contar porque passei dias muito ruins. Foi um momento que fui espontâneo, mas hoje estou muito mais maduro. Sei a grandeza das redes sociais e tenho assessoria que me orienta como mexer e aprendi muito com tudo isso”, contou o meia, em entrevista ao ESPN.com.br.
Ele voltou ao Corinthians para disputa do Campeonato Paulista sub-17, mas o time não foi até a final, e depois foi para uma competição na Boívia.
“Joguei muito bem, terminei como titular e campeão. Depois das férias no começo do ano passado me chamaram junto uns cinco meninos e fomos dispensados. Na hora eu chorei um pouco porque criei uma história lá dentro de muitos anos. Mas passei por isso e amadureci”, garantiu.
“O conselho que dou é pensar muitas vezes antes de postar qualquer coisa na rede social. Tem uma repercussão muito grande em poucos segundos. O mundo todo pode ver. Tem que tomar cuidado porque o acesso é muito fácil e grande. Tem muitas pessoas que levam isso para o mal”, lamentou.
Depois de alguns meses desempregado, veio um convite para atuar pelo clube do coração.
“O São Paulo abriu as portas para mim e vim conhecer a estrutura do clube que é maravilhosa, uma das melhores. Me encantei, era o lugar que sempre quis jogar. É muito especial estar aqui, tenho carinho muito grande. Sempre sonhei em jogar no são Paulo e aproveito tudo ao máximo”, vibrou.
O episódio vivenciado no Corinthians fez Matheus mudar a forma como encara sua profissão. “A maior lição que tirei disso foi que aprendi a ser um profissional do mercado e deixar de lado o coração e a camisa. Hoje sou um produto”, afirmou.
DESTAQUE NA BOLA E NA ESCOLA
O garoto começou no futsal em Guarulhos, sua cidade natal, antes de passar pelo Juventus e Corinthians. Desde o ano passado no São Paulo, ele comemora o crescimento dentro dos campos.
“Eu cheguei fora de forma ainda, mas fui evoluindo muito bem. Foi um ano de aprendizado e fomos campeões paulistas Sub-17 e fui titular. Depois de toda aquela situação, aos poucos conquistei meu espaço.”
Próximo de completar 18 anos, o jogador subiu de categoria e já sente o gosto de conviver com ídolos como Diego Lugano. “Estou em um momento especial porque completei um ano e três meses aqui no São Paulo. Agora tenho um novo desafio no sub 20 e fiz alguns treinos no profissional também”, relatou.
Fã de Kaká, Pirlo e Paulo Henrique Ganso, Matheus já foi atacante de beirada e até lateral esquerdo, antes de se firmar como meia. “Sou canhoto e cobro faltas e escanteios, isso no futebol hoje está muito em falta. Depois dos treinos fico cobrando muitas vezes para me aprimorar. Ganso é uma inspiração para mim”, afirmou.
Além de ser uma das promessas das categorias de base de Cotia, o jovem ainda se destaca nos estudos. Diferentemente da maioria dos companheiros que cursam educação física, ele faz faculdade de gestão financeira.
“Como ainda tenho muito tempo livre terminei o ensino médio e comecei a faculdade de ensino à distância. Nunca é demais estudar. Faço curso de gestão financeira porque no futuro se eu ganhar dinheiro não precisarei pagar ninguém para cuidar dele”, analisou.
Quem pensa que Matheus é daqueles caras viciados em fazer contas e adora números se engana. “Eu mesmo poderei administrar meu dinheiro, como investir e guardar. Não sou um cara ‘fera’ na matemática, mas vou bem me viro quando precisa e isso é importante”, finalizou.
Isso é uma grande babaquice. É a mesma coisa que, se você trabalha na Cervejaria Brahma, ser demitido por que o seu chefe te viu tomando uma Kaiser no buteco. Se o cara corre, joga com vontade e cumpre com o seu dever profissional, não deveriam se preocupar com que time ele torce, quem é o ídolo dele. O que o cara faz com o tempo dele fora do trabalho, não diz respeito ao empregador dele ou ao clube, ou a torcida, é a vida particular dele. O que determina se um jogador dá certo num clube são outros fatores… se torcer pelo time que joga fizesse alguem jogar melhor, só teríamos sãopaulinos jogando no SPFC, palmeirenses no Palmeiras e corinthianos no Curintia.