Toca no Calleri que é gol: uma paixão instantânea

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Caíque Toledo

Gazeta Press
Ôoooooooo…

 

O jogo era bem tenso. O São Paulo perdia para o Cesar Vallejo, do Peru, por 1 a 0, pela Pré-Libertadores. Era o primeiro jogo, o time pressionava, tomou um gol improvável e não conseguia marcar. Depois de um ano completamente instável, tudo que o time não precisava era começar 2016 mal.

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Eram 11 minutos do segundo tempo quando o técnico Edgardo Bauza promoveu a estreia de Jonathan Calleri, no lugar de Alan Kardec. O jogo, que seguia nervoso, ganhou ares de tranquilidade oito minutos depois: lançamento de Ganso e o atacante argentino fez o que se esperava dele. Manteve a velocidade, se colocou na frente do zagueiro, usou a mão pra não deixar o defensor chegar e, com um toque sutil, por cima, matou o goleiro e empatou o jogo. Em um lance, o torcedor são-paulino teve a certeza de que teria um baita centroavante pelos seis meses seguintes.

 

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Raça do argentino foi determinante para conquistar a torcida

 

Jonathan Calleri é um caso raro no futebol. Atacante firme, forte e trombador, mas com uma técnica para fazer gols que impressiona. Não basta ser um excelente finalizador e um cabeceador melhor ainda: também vem buscar a bola no meio-campo quando precisa, cai pelos lados quando necessário, segura dois zagueiros dentro da área, provoca os adversários, inferniza as defesas e não desiste de nenhuma jogada. É claro que raça não bastaria se ele não marcasse gols, mas as características do argentino o fizeram se tornar um ídolo quase que instantâneo no São Paulo.

 

Nesta quinta (14), um dia depois da eliminação da Copa Libertadores, o Tricolor confirmou que Jonny se despediu da equipe. O destino ainda é incerto, mas, desde o começo, sabiamos que teríamos apenas alguns meses para apreciar o camisa 12. O futebol de Calleri é muito alto para o Brasil, e certamente o artilheiro dará certo na Europa. Se antes a Internazionale era o destino provável, depois foi o Tottenham que mostrou interesse, e, hoje, parece que West Ham e Sevilla (dupla com Ganso?) surgem na frente.

 

Depois do jogo contra o Cesar Vallejo, Calleri marcou dois no Água Santa e ficou 11 jogos sem balançar as redes. Foi aquela fase horrível do time entre Paulista e Libertadores, mas, quando precisamos dele, esteve lá: marcou quatro contra o Trujillanos, dois contra o River, garantiu a classificação contra o The Strongest e foi fundamental na boa campanha que fizemos no torneio continental. O atacante se despede com 16 gols e três assistências em 31 jogos. E, tão importante quanto: honrou a camisa em todos os minutos que esteve em campo.

 

É verdade que muitas vezes ele pareceu estar já com a cabeça na Europa, em outras abusou dos cartões por não ter tido tempo de se acostumar com a arbitragem daqui, mas fato é que deixará muitas saudades no São Paulo. Bem como as passagens curtas de Amoroso, as duas de Ricardo Oliveira, a de Adriano e a volta de Kaká, o atacante argentino precisou de apenas um semestre para conquistar o torcedor. Jonny chegou ao clube em uma situação complicada, com muitos problemas e pouco para se motivar. Foi o bastante: se era adorado pela torcida do Boca Juniors, aqui Calleri foi amado. Uma paixão quase instantânea.

 

O São Paulo vai sofrer para repor Calleri. Alan Kardec está readquirindo confiança, Gilberto e Ytalo são peças de elenco. Não vai ser fácil ter alguém no lugar do atacante top class que tivemos nos últimos seis meses. O argentino não é insubstituível, mas com certeza são poucos que vão manter o nível no ataque são-paulino. No Brasil, ninguém.

 

Vá, hermano. Brilhe nos Jogos Olímpicos e depois faça seu lugar na Europa. Vai ser fácil conquistar qualquer torcida com seu estilo, sua garra, sua dedicação e seus gols. O sucesso pra ti é inevitável, Calleri, e as portas do Morumbi estarão sempre abertas. Quando quiser, sua camisa estará guardada.

 

Ah, e que as bandas e cantores brasileiros sigam brigando pelo segundo lugar nas paradas de sucesso, porque não há dúvida de que “toca no Calleri que é gol” é o maior hit do ano por aqui. Obrigado, Jonny. Boa sorte por lá e vê se volta.

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