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Potência no futebol, maior receita da Colômbia e semifinalista da Libertadores. Definitivamente, o Atlético Nacional-COL, rival do São Paulo na próxima quarta-feira, vive um dos melhores momentos de sua história. A evolução do time passa diretamente pelas mãos – ou dinheiro – de Carlos Ardila Lülle. O bilionário, proprietário do time e de diversas empresas, é o terceiro homem mais rico do país e responsável por uma relação entre poder e esporte capaz de despertar a ira e desespero dos rivais.
Número 1121 na lista da Forbes dos mais ricos do mundo, Ardila Lülle tem uma fortuna estimada em US$ 1,97 bilhão (R$ 6,3 bilhões) e investe no time desde 1996. A gestão coloca questiona completamente a máxima de que dinheiro não traz felicidade. Em 20 anos, foram nada menos do que 14 títulos e o posto de maior campeão colombiano.
O começo, porém, não foi fácil. A equipe dava apenas prejuízo nos primeiros anos de comando do empresário. A mudança veio com o tempo, com um trabalho voltado para equilibrar as contas. Atualmente, o resultado é fora da curva e o clube se mantém sem precisar de ajuda do proprietário. A receita já bate a casa de R$ 80 milhões por ano – a maior do futebol colombiano.
Ao mesmo tempo em que o sucesso do Atlético Nacional colabora para o renome do esporte local fora do país, o poder de Ardila Lülle é polêmico na Colômbia. Em determinado momento, o empresário era dono do time e da empresa que patrocina a equipe (Postobón), negócio que também dava nome ao Campeonato Colombiano. Como se não bastasse, ele é envolvido com a mídia local, sendo proprietário e acionista dos canais RCN e WIN Sports – responsáveis pelas transmissões esportivas.
A situação gerou revolta dos rivais do clube. Em janeiro deste ano, Fernando “Pecoso” Castro, ex-técnico do Deportivo Cali questionou a imparcialidade dos veículos. A reclamação era de que ficava fácil para um treinador trabalhar na equipe de Medellín sem pressão da imprensa.
“Isso é um negócio. Por isso, o primeiro clube na Colômbia que tem um canal próprio é o Atlético Nacional. Na WIN Sports e RCN vão falar mal do time?”, questionou.
Monopólio que ‘mata’
A polêmica só aumentou nos últimos anos. O Atlético Nacional virou uma potência com recursos financeiros muito superiores aos rivais. A discrepância técnica gerada pelo dinheiro derrubou a competitividade do Campeonato Colombiano. A situação, por sua vez, diminuiu a média de público.
Sem condições de gastar, as equipes precisam apostar na categoria de base. Enquanto isso, o Atlético segue com o investimento pesado em reforços. Menos de 20% do elenco é formado por atletas revelados no clube.
A irritação dos colombianos com a situação também se estende aos direitos televisivos. Os jogos locais são transmitidos pela WIN Sports. Ter acesso ao canal, no entanto, custa caro. Logo, o número de telespectadores também caiu consideravelmente.
Todo o cenário faz com que parte das pessoas do país veja Ardila Lülle como uma espécie de vilão para o futebol local. Enquanto isso, o torcedor do Atlético Nacional não parece se importar e quer mais é curtir o momento. Na quarta-feira, a equipe de Medellín abre a semifinal contra o São Paulo no Morumbi. O clube tem apenas um título da Libertadores, conquistado em 1989. A era rica proporcionada pelo empresário já surtiu efeito na Colômbia, falta a América.