Blog do Perrone – UOL
Ao mesmo tempo em que sofre com a indefinição sobre se perderá Edgardo Bauza para a Argentina e em meio a busca por um atacante, a diretoria do São Paulo está metida em nova guerra política.
O conflito acontece porque foi marcada para o próximo dia 6 uma assembleia geral na qual a direção tentará autorização dos sócios para mudar o estatuto do clube e ratificar todas as alterações feitas nele desde 2003. Se obtiver o “sim” da maioria, a diretoria vai procurar interromper ação movida na Justiça por membros da oposição que anula todas as eleições e atos administrativos do clube desde 2004, justamente por não terem sido votadas pelos associados. Se isso ocorrer, até o mandato do atual presidente, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, pode ser anulado.
O São Paulo já perdeu no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e teve um recurso no STF (Supremo Tribunal Federal) negado, por isso o risco de ter que anular decisões tomadas no passado é grande.
Antes de ser deflagrado novo atrito, situação e oposição costuraram um acordo para a retirada do processo, mas uma parte acusa a outra de ter sido intransigente.
Leco, então, optou pela assembleia para que os sócios concordem com mudanças estatutárias feitas nos últimos 13 anos e ainda alterem o estatuto atual, assim, tentará mostrar ao STF que a ação perdeu seu objeto. Isso porque a queixa no processo é de que as alterações estatutárias foram ilegais por não serem aprovadas pelos sócios, mas agora eles dariam seu aval.
Apesar de a direção estar disposta a se adequar ao que é pedido no processo judicial, a oposição não gostou da decisão. Alega que Leco age assim para afastar a possibilidade de a Justiça nomear um interventor para ocupar seu cargo até a realização de novas eleições, caso seu mandato seja anulado. E também para sair da história como o salvador da pátria.
Por sua vez, os situacionistas dizem que os opositores agem movidos apenas por instinto político, pois se estivessem preocupados com o clube estariam satisfeitos por atingirem os objetivos da ação. Lembram ainda que promover a reforma estatutária é desejo de Leco desde a campanha eleitoral.
Logo após a marcação da assembleia, o clima eleitoral se instalou no Morumbi. A oposição criou até um slogan em sua campanha pelo “não” às mudanças na votação: pedalar é preciso, no qual chama de pedalada jurídica a manobra de Leco. Sócios passaram a ser torpedeados por mensagens de conselheiros sobre como se posicionar na votação. E a situação, em meio à administração do clube, também tem feito corpo a corpo com os associados.
“A marcação dessa assembleia é uma aberração jurídica”, disse ao blog Francisco de Assis Vasconcellos, um dos autores da ação na Justiça, sem entrar em detalhes sobre porque é contra a manobra.
Em texto para pedir que os sócios votem contra as mudanças, Newton Luiz Ferreira, o Newton do Chapéu, ex-candidato da situação à presidência, escreve que Leco quer ser “o pai da criança”, se antecipando à decisão final da Justiça, depois de seu grupo político passar anos se debatendo contra ação.
A assembleia “é um ato nulo, seu resultado não serve para nada, pois a palavra final está com o STF, se não houver acordo entre as partes”, escreveu Newton.
“Estamos fazendo o que eles pedem na ação. Eles não quiseram fazer um acordo (para encerrar o processo), então tivemos que marcar a assembleia. Mas é para atender ao que eles pedem na Justiça”, disse Paulo Eduardo Mutti diretor jurídico do São Paulo.
Abaixo, veja o edital de convocação da assembleia.