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No São Paulo desde 2014, Michel Bastos não à toa é um dos líderes do elenco tricolor. Nesta fase de reformulação da equipe, em meio a chegada e partida de jogadores, o meia já se antecipou com os pedidos de paciência para que o time se encontre novamente, mas evitou dramatizar a situação do clube, que está focando seus investimentos em jogadores estrangeiros.
Apesar da saída do centroavante argentino Jonathan Calleri, seu conterrâneo Ricardo Centurión permanece no Tricolor, assim como o uruguaio Diego Lugano e o chileno Eugenio Mena. O peruano Christian Cueva reforçou o grupo dos sul-americanos recentemente e ainda terá a companhia de Andrés Chávez, novo atacante oriundo da Argentina. O lateral Julio Buffarini, também argentino, aguarda uma definição da Fifa para ser confirmado.
Quando perguntando se o espanhol estava em dia, Michel Bastos foi da firmeza na resposta à gargalhada. “Estoy muy bien, obrigado”, disse, antes de se corrigir. “Obrigado, não. Gracias”, consertou, enquanto toda a sala de imprensa do CCT da Barra Funda ria ao perceber o jogador em uma saia justa.
Bem humorado, Michel Bastos garantiu que não há problema na comunicação com os jogadores ou com a comissão técnica, formada em maior parte por argentinos. “O espanhol não é uma língua tão difícil de ser compreendida. Hoje, muitos da comissão falam. Eu já morei fora. Sei como é. O fator essencial é não ter medo de errar, porque com certeza os erros serão muitos. Eu sou um que falo bastante, por já saber um pouco. Eu arranho. Mas o ideal é falar e português”, explicou, antes de eleger aquele que trazia maior dificuldade de compreensão nas resenhas. “O mais embolado era o Calleri, pô. Era difícil, ele falava muito rápido”, contou, causando mais risadas.
O meia de 32 anos já vive seus últimos anos no futebol, mas construiu uma carreira fora do país e sabe o que é ser estrangeiro. Michel bastos jogou a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, pela Seleção Brasileira. Atuou por um ano na Holanda (Feyenoord e Excelsior), jogou seis temporadas e meia na França (Lille e Lyon) e dividiu uma temporada entre Alemanha (Schalke 04), Emirados Árabes Unidos (Al Ain) e Itália (Roma). Para o camisa 7, no entanto, o gringo que chega para jogar no Brasil encontra menos obstáculos do que se estivesse a caminho de outra parte do mundo.
“Quando um estrangeiro vem aqui para o Brasil, a adaptação é mais fácil, porque o brasileiro sabe receber um estrangeiro. Lá fora é mais difícil, as pessoas são mais fechadas, não se abrem tanto. Aqui no Brasil é muito mais fácil. Eu, por exemplo, quando chega um novato, eu tento mostrar para eles que eles vão ser bem recebidos. Aqui no Brasil é mais fácil de se adaptar do que lá fora”, opinou, ignorando o fato da preferência do treinador Edgardo Bauza por reforços conterrâneos.
“Eu entendo, pelo fato dele conhecer esses jogadores. Está trazendo jogadores que ele conhece. Trabalhou na Argentina, então, com certeza vai conhecer mais jogadores argentinos. Para mim e para o grupo não tem problema nenhum, desde que sejam jogadores de qualidade. É normal. A gente já é acostumado a isso”.
Mas, apesar da união notória do atual elenco são-paulino e o bom relacionamento dos atletas, Michel Bastos deixa claro que a velha rivalidade entre brasileiros e argentinos nunca vai deixar de existir. “Sempre tem uma brincadeira, um sarro, aquela famosa de quem é melhor: Pelé ou Maradona. Mas sempre sem algo a mais. Eu sempre brinco que, dentro de campo, no futebol, minha rivalidade é sempre com argentino. Sempre rola uma brincadeira”, disse ‘poliglota’ e carismático jogador do São Paulo.