UOL
Juliana Alencar
“Você ainda vai me ligar para perguntar do Breno por outro motivo. Ele ainda vai chegar na seleção”, desafia Renata Borges, mulher do zagueiro do São Paulo. O tom de certeza que ela impõe à afirmação, repetida ao menos duas vezes em cerca de 45 minutos de entrevista ao UOL Esporte, indica a esperança que o próprio jogador, atualmente afastado dos gramados, tem: voltar a jogar em alto nível.
Desde que foi repatriado pelo clube paulista, após cumprir pena de três anos por atear fogo em sua própria casa, na Alemanha, o ex-Bayern de Munique não conseguiu recuperar ritmo de jogo. Foram apenas oito jogos desde que foi integrado ao grupo, no início da temporada 2015. Dores causadas por um derrame articular no joelho direito – o mesmo que havia sido submetido a uma operação após o rompimento do ligamento cruzado, em 2010 – o forçaram a passar por uma nova intervenção cirúrgica, há quase sete semanas.
Renata acompanhou o processo todo de perto. No procedimento, o tecido muscular que havia sido colocado na região foi retirado. O derrame na região, segundo avaliou a equipe médica que o atendeu, era um sintoma da rejeição do corpo ao ligamento usado a cirurgia, retirado de um cadáver.
“Breno sempre jogou com dores no joelho e nunca entendeu o motivo. No São Paulo, descobriram que a causa era o ligamento que colocaram nele”, explica Renata. “Ele foi vítima de uma imperícia médica na Alemanha. Usaram ligamento de cadáver, algo que é normalmente indicado para um jogador em fim de carreira, mais velho, cujo corpo já não é capaz de se recuperar sozinho. Mas não para um atleta de 20 anos. Isso afetou demais o desempenho esportivo dele”.
Hoje, aos 27 anos, Breno tenta não olhar muito para o passado. E conta com Renata para manter um olhar otimista sobre o seu futuro profissional. Formado na base do São Paulo e vendido por 12 milhões de euros ao Bayern, na época, ele crê que o passado como promessa não o pressiona. “Nenhum jogador é contratado por um time como o Bayern se não tem talento. O que prejudicava o Breno foi resolvido. Agora é se recuperar da cirurgia para voltar a jogar bola. Estamos certos de que ele ainda vai dar muitas alegrias para o São Paulo”.
Breno só deve voltar a jogar em 2017. Mas o atleta já cogita antecipar o retorno para novembro, de acordo com a mulher. A previsão otimista se deve ao programa de recuperação intensivo a que vem se submetendo desde a cirurgia. Seguindo recomendação do clube, aceitou ficar morando no Centro de Treinamento por cinco semanas. “Ele ficava de segunda a sexta lá, só o buscava nos fins de semana”, conta Renata. “Agora, que já está podendo dirigir, vai pro CT todos os dias. É tratamento em período integral. Breno está muito tranquilo e otimista. Todos estamos.”
“Éramos ingênuos e imaturos”
Esportivamente, Renata conta que Breno não é visto como carta fora do baralho pelo clube. Diz que ele já teve conversas com o técnico Edgardo Bauza sobre o seu futuro. Mas espera que ele se recupere para provar que vale uma vaga no elenco são-paulino. “A época de contratos altos já passou. Agora é continuar trabalhando para ser útil ao clube. Breno é muito querido lá e, mesmo com as mudanças na diretoria, isso não mudou”, encerra.