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Pedro Cuenca
A saída de Bauza no meio da temporada é dolorosa e pode causar muitos problemas no São Paulo, principalmente porque ele era um ponto fundamental da reconstrução tricolor. Falei melhor sobre isso no último texto. Assim como Osorio, ele nos abandonou para assumir uma seleção de renome e agora deixa o time sem treinador. Complicado, sim, mas não pode ser o fim do mundo.
Uma coisa positiva desses dois casos é que o São Paulo acertou muito nas contratações de Osorio e Bauza. Apostou em treinadores sul-americanos de certa expressão e que possuem propostas bem definidas de trabalho dentro e fora de campo, apesar de jeitos diferentes.
Osorio era destaque de um Atlético Nacional que crescia a cada temporada. Em 2014, por exemplo, eliminou o próprio São Paulo em uma semifinal de Copa Sul-Americana com o Morumbi lotado e pressionando o time até o fim. Um ano antes, na mesma competição, deu uma canseira absurda no time brasileiro, mas acabou eliminado de forma até injusta. Podemos dizer até mesmo que foi o grande responsável pela montagem do elenco campeão da Libertadores 2016.
Com uma proposta bem definida de equipe ofensiva, o colombiano agradou de início. Suas constantes mudanças, porém, irritaram alguns. A pressão aumentou, principalmente dentro do clube, e ele se cansou de tudo aquilo. Foi ser o treinador do México, onde faz boa campanha, apesar da humilhante eliminação na última Copa América. O estilo ousado, com rápidos toques, posse de bola e defesa alta se mantém até hoje, mostrando que não desiste de uma ideia com facilidade. Apesar de estudioso, principalmente na parte tática, foi massacrado pela imprensa e por alguns torcedores.
Bauza, por outro lado, aposta mais no setor defensivo. Chegou ao São Paulo para arrumar a bagunçada zaga do time em 2015. Apesar do início lento e das muitas derrotas nesses 8 meses, evoluiu muito os zagueiros tricolores, tanto que o São Paulo continua com uma das defesas menos vazadas do Brasileirão. Além disso, mudou o espírito do elenco, principalmente porque muitas peças estavam presentes, por exemplo, na goleada sofrida para o Corinthians em 2015. De um jeito diferente de Osorio, o argentino também se mostrou fiel a uma ideia e a um plano tático até a sua saída.
Ambos vão deixar saudade, com certeza. E provam que apostas sul-americanas podem valer a pena. O time tem muitas opções no mercado, mas ficar de olho nos países vizinhos pode ser uma boa. Colômbia e Argentina, por exemplo, possuem bons valores, apesar de alguns serem caros. O estilo dos antecessores que por aqui passaram, no entanto, seria bem parecido e pouco afetaria a filosofia de trabalho.
O que o São Paulo não pode fazer é apostar em brasileiros que pouco tem a acrescentar. Nomes como Abel Braga ou Luxemburgo não podem sequer ser especulados pelos lados do Morumbi. Seria um novo desastre, bem parecido com o que foi a passagem de Doriva pelo clube no fim de 2015. Paulo Bento, o português ex-Cruzeiro, também não deveria ser avaliado, seria um baita tiro no pé.
Nesses momentos difíceis, apostar em um treinador que já possui uma filosofia bem definida pode ser uma boa. Se der um espírito lutador para a equipe, é bom. Se melhorar a defesa e também deixar o ataque bem calibrado, é ótimo.
Se o próximo treinador do São Paulo fosse uma mistura de Bauza com Osorio, seria perfeito. Difícil, claro. Mas não custa nada sonhar, né?