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Apesar da derrota para o Atlético-MG, nesta quinta-feira, o semblante de Edgardo Bauza em sua despedida do São Paulo, na sala de imprensa do Morumbi, era de satisfação. Claramente não pelos últimos resultados, mas pelo que conseguiu agregar ao grupo e ao clube de uma forma geral. Ao fazer uma auto-análise, Patón, que a partir desta sexta assumirá o maior desafio de sua carreira na seleção argentina, disse ter recuperado a identidade tricolor e tirado o time do ostracismo de temporadas passadas.
“Quando chegamos aqui ao São Paulo, a equipe tinha de tomar uma identidade. Falamos antes do acordo por três dias e me contavam como a equipe estava, que fazia mais de três anos que não ganhava título, e a primeira missão era encontrar a equipe e dar uma identidade. E quando cheguei, começamos a trabalhar”, comentou Bauza, antes de resumir sua passagem tão curta quanto marcante pelo clube.
“Começamos a Libertadores assim, parecia que era um caos e eu disse à diretoria que estávamos no caminho de encontrar a equipe, e fui encontrando. E, com o tempo, nós encontramos e encontramos a sua identidade. Colocamos a equipe entre as quatro melhores da América, o que não é pouca coisa, e sofremos no ultimo mês cinco baixas. Na verdade, sete, porque cinco se foram e dois, Ytalo e Lucas Fernandes, se machucaram. Com isso, nós fomos sentindo”.
Edgardo Bauza se despede com 49 partidas, 18 vitórias, 13 empates, 18 derrotas. Foram 59 gols marcados e 52 sofridos. Um aproveitamento muito ruim, se forem analisados apenas as estatísticas. Mas futebol vai além de números, na visão do comandante, orgulhoso com seu trabalho.
“Em parte, saio satisfeito por dar identidade, uma base para poder trabalhar. Isso que me deixa tranquilo. E estou seguro que, com o próximo treinador e mais dois ou três atletas que faltam chegar, dá para recuperar o time”, garantiu.
Quando questionado sobre o seu substituto, Patón preferiu não opinar sobre a preferência por um profissional brasileiro ou um novo treinador estrangeiro e apenas revelou que vai passar tudo o que foi feito até agora pessoalmente a quem o clube definir como novo técnico.
“Não participo da decisão. Sei que a diretoria está trabalhando muito para encontrar o técnico. É muito difícil dizer se tem de ser estrangeiro ou daqui. O que acho é que tem que chegar um técnico que aproveite o trabalho. O mais importante é isso. Aproveite a identidade para agregar coisas e continuar crescendo”, opinou, antes de completar.
“Seguramente eu vou conversar com o técnico que a diretoria contratar e vou contar o trabalho desses seis meses. Falar o que é importante para mim. Vou dar minha opinião individualmente de cada atleta, para que ele (novo técnico) tenha uma base para começar a trabalhar”.
Por fim, Edgardo Bauza aproveitou para fazer seus agradecimentos e dizer suas últimas palavras antes de deixar definitivamente o São Paulo. Se dirigiu à torcida, aos jornalistas e projetou seu próximo desafio.
“Aproveito essa entrevista, primeiro, para agradecer toda torcida, porque desde o começo me apoiaram, acreditaram na equipe. A vocês (jornalistas), que sempre tiveram respeito comigo e também me empurraram para que hoje eu tenha a tremenda responsabilidade de dirigir a seleção de meu país”, reconheceu, antes de ‘virar a chave’ e passar a pensar na Argentina.
“Há muito o que fazer. Amanhã eu vou para a apresentação oficial. A ideia é, pela história, hierarquia de jogadores, tratar de armar uma equipe protagonista, que em cada partida terá de assumir o protagonismo e ganhar as partidas, pela história, pelos jogadores. Para isso, tem muito trabalho e em pouco tempo a ser feito. Vamos ver amanhã”, encerrou Bauza, para em seguida receber um afago de Diego Lugano e Julio Buffarini, já rumo a um carro que o levou, talvez, para o aeroporto.