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Caíque Toledo
A conquista do ouro olímpico da Seleção Brasileira de futebol nos jogos do Rio de Janeiro acabou repercutindo de manira incomum no São Paulo. Na noite desta quarta-feira, antes de da apática derrota para o Juventude pela Copa do Brasil, surgiu a notícia de que o conselheiro José Alfredo Madeira irá sugerir a ideia de inserir mais uma estrela dourada ao escudo do Tricolor. Isso porque o zagueiro Rodrigo Caio, uma das maiores crias das categorias de base são-paulina, esteve presente na conquista e foi um dos principais jogadores do título inédito. Isso seria uma forma de homenagear também o tão aclamado CT de Cotia, menina dos olhos da diretoria tricolor, já que nosso camisa 3 foi o primeiro atleta de lá a subir e ter sucesso no time profissional.
A princípio a ideia é teoricamente válida, uma vez que as duas estrelas douradas no escudo e na bandeira são homenagens aos recordes mundiais do saltador Adhemar Ferreira da Silva, atleta do clube na época das marcas – registradas nos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952, e nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México, em 1955.
A proposta, no entanto, não deveria nem passar pelo crivo do conselho são-paulino, uma vez que vai contra o próprio estatuto do clube. Na seção III, que dispõe sobre os símbolos do São Paulo Futebol Clube (bandeira, emblema, hino e uniformes), deixa claro que pode haver a inclusão de uma nova estrela dourada caso algum atleta do clube tenha conquistado qualquer marca, título mundial ou olímpico, em esportes considerados olímpicos, mas, depois, registra que, se o profisional integrar uma equipe coletiva, isso não será computado. O texto original é bem ambíguo, possivelmente por pura desatenção do redator, mas a negativa no trecho final do segundo parágrafo deixa a norma mais clara.
“Inicialmente, ressalto que sou contra a existência das estrelas no uniforme, mas imagino ser voto vencido numa eventual pesquisa a respeito. Já que elas existem, é necessário que os critérios adotados para elas sejam respeitados e, na minha opinião, a última frase do referido parágrafo é bastante clara em relação ao caso do Rodrigo Caio“, argumenta o historiador Alexandre Giesbrecht, do site Jogos do São Paulo e autor de três livros sobre o Tricolor Paulista.
Adhemar Ferreira da Silva era atleta são-paulino quando bateu os recordes mundiais (1952 e 1955), e competiu em um esporte individual — o Salto Triplo. Nos Jogos Olímpicos de Helsinque, bateu o recorde mundial (que já havia igualado) quatro vezes no mesmo dia, saltando 16,04m, 16,09m, 16,12m e finalmente 16,22 metros. Depois, nos Jogos Panamericanos da Cidade do México, em 1955, atingiu 16,56 metros. Já como atleta do Vasco da Gama, em 1956, conquistou mais um Ouro olímpico.
A princípio, as estrelas douradas eram restritas à bandeira oficial e aos uniformes do clube em esportes amadores, e somente em 1996 elas foram adicionadas ao futebol profissional. Em 2000, o São Paulo passou a adotar as estrelas vermelhas, referentes aos títulos mundiais de 1992 e 1993, e, posteriormente, a terceira, graças ao tricampeonato de 2005.