UOL
Marinho Saldanha
Hoje no SP, Jardine foi técnico interino e auxiliar do Grêmio
Técnico interino do São Paulo, André Jardine estreou com vitória contra o Santa Cruz por 2 a 0, neste domingo. E sua chegada ao time paulista, em fevereiro de 2015 aconteceu muito por força de um personagem: Felipão. O treinador campeão do mundo com a seleção não aprovou a presença dele na comissão técnica formada no Grêmio em 2014. Tanto que chegou a dar bronca no auxiliar durante um treinamento naquele ano.
Jardine foi interino do Grêmio por uma semana. Nela tratou de reformar o time montado por Enderson Moreira, que havia acabado de perder a final do Gauchão ao ser goleado pelo Internacional e caído fora da Libertadores nos pênaltis contra o San Lorenzo. Trocou duas peças para o jogo contra o Vitória, no qual comandou o time derrotado por 2 a 1.
E seguiu na comissão técnica junto a dois auxiliares trazidos pelo comandante depois disso. Era o terceiro na relação que tinha Ivo Wortmann e Flávio Murtosa. Mas a imposição do clube de manter um profissional de sua confiança ali sempre desagradou Scolari.
E ele não escondia isso. Tanto que durante um treinamento de bola parada no CT Presidente Luiz Carvalho, André Jardine teve a atenção chamada publicamente. Ignorando a presença de jornalistas na atividade – como fazia repetidamente com jogadores – Felipão não foi nada delicado ao reclamar da atuação do profissional.
Enquanto ele queria cruzamentos fechados, buscando a primeira trave, Jardine orientava batidas mais abertas, em curva. E durante orientações – aos berros, como de costume – ocorriam dentro da área, Jardine falava em tom baixo com os atletas. Até que, percebendo a divisão de foco, Felipão foi até o lado do campo e explicou, irritado, a batida que queria, ainda dizendo em tom imperativo para ‘pararem as conversas’.
Não demorou para Jardine ser demitido. Sem espaço, ainda mais com ida de Júnior Chávare para o São Paulo, que havia ocorrido meses antes, o profissional foi desligado para Scolari deixar apenas seus ‘homens de confiança’ no grupo. Até mesmo nas categorias de base os contratados em seguida partiram de indicações de Felipão. Quadro que veio a mudar apenas depois da queda dele, no ano seguinte.
Chávare – que voltou ao Grêmio em dezembro do ano passado – foi quem levou Jardine ao São Paulo. E agora o treinador recebe a chance de comandar outro grande clube brasileiro de forma interina, esperando não encontrar algo semelhante.