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A avaliação da passagem do técnico Edgardo Bauza no São Paulo muitas vezes é dúbia quando feita por torcida e imprensa. Isso porque, enquanto o argentino de 58 anos conquistou apenas 17 vitórias em 47 partidas, resgatou também a “identidade” e a garra do elenco tricolor, que, segundo análise do novo treinador da Argentina, passou a lutar mais em campo no decorrer destes oito meses de trabalho.
Contratado junto ao San Lorenzo em dezembro de 2015, o Patón detém meros 45,4% de aproveitamento à frente do clube do Morumbi, acumulando 17 triunfos, 13 empates e 17 derrotas em partidas oficiais. Fora de casa, os números são ainda piores: apenas dois resultados positivos em 24 jogos, com 11 reveses e outras 11 igualdades (23,5%).
A caminhada de Bauza no Tricolor começou instável, alternando resultados bons e ruins no Campeonato Paulista, em que apesar da irregularidade conseguiu levar a equipe à fase de mata-mata. No entanto, o time acabou sofrendo uma goleada por 4 a 1 para o Grêmio Osasco Audax e foi eliminado já nas quartas de final do Estadual, aumentando a pressão por uma boa campanha na Copa Libertadores da América.
No torneio continental, o tricampeão estreou com a vexatória derrota para o The Strongest, em pleno Pacaembu, e não saiu do empate com River Plate e Trujillanos-VEN no complemento da fase de grupos. A reação viria nos dois jogos seguintes, com vitória sobre venezuelanos e argentinos, no Morumbi, mas a “identidade” da equipe seria recuperada mesmo no empate por 1 a 1 na jornada derradeira, na altitude de La Paz, onde o zagueiro Maicon terminou o confronto como goleiro em decorrência da expulsão de Denis.
Nas oitavas de final, o São Paulo passou com certa facilidade pelo Toluca-MEX, com goleada por 4 a 0, em casa, e derrota por 3 a 1, no México. Nas quartas, o Tricolor superou o Atlético-MG em dois emocionantes duelos. No Morumbi, Michel Bastos deu a vitória nos minutos finais do segundo tempo. Na volta, no Estádio Independência, Maicon voltaria a ser herói após marcar o tento da classificação no revés por 2 a 1.
Nas semifinais, o São Paulo não foi páreo para o colombiano Atlético Nacional, que venceu os dois confrontos: 2 a 0, na capital paulista, e 2 a 1, em Medellín. Derrota considerada por Bauza como a maior frustração no período em que comandou o time do Morumbi.
“Creio que a semifinal contra o Nacional foi a maior bronca nesses meses. Estava com gana de jogar a final da Libertadores”, revelou, ressaltando as diferenças do time que iniciou a temporada com o que terminou. “A equipe que perdeu no Paulista não é a mesma de hoje, ainda estava em processo de crescimento. Agora o time está muito melhor, saio daqui satisfeito, estivemos muito próximos daquela decisão”, acrescentou.
Prestes a ser comandado por Edgardo Bauza pela última vez, o Tricolor figura na décima colocação do Campeonato Brasileiro, com 23 pontos, dez a menos que o líder Corinthians, e oito atrás do Grêmio, primeira equipe dentro do G4. De acordo com o Patón, a instabilidade na competição nacional ocorreu por conta da quantidade elevada de lesões no momento em que o time disputava a Libertadores concomitantemente à Série A, minimizando, inclusive, as saídas recentes de Paulo Henrique Ganso, Jonathan Calleri e Alan Kardec.
“A saída dos atletas foi só no final. O maior problema foi disputar os dois campeonatos ao mesmo tempo. No Brasileiro, jogamos várias partidas com times alternativos. Alguns jogadores sabíamos que iriam sair, como o Calleri. À parte disso, aconteceram lesões importantes, como em Ytalo e Lucas Fernandes. Isso é complicado para a formação da equipe, mas são coisas que acontecem, não podemos controlar”, analisou.
Edgardo Bauza se despedirá do São Paulo nesta quinta-feira, às 19h30 (de Brasília), na partida contra o Galo, pela 18ª rodada do Brasileirão, no Morumbi. Depois, o treinador arrumará as malas com destino ao seu país natal para assumir de vez a seleção argentina, pela qual estreará em 1º de setembro, contra o Uruguai, pelas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2018.
“Demos uma identidade ao time, ficamos entre os quatro melhores da América, que é um orgulho. Faz mais de três anos que o São Paulo não ganha um título. E para pensar nisso, tínhamos que armar a equipe. Com essa ideia, começamos a trabalhar e conseguimos. Talvez alguns não gostem, mas tudo bem”, concluiu o Patón.