Olá amigos, só pelo título da coluna você já sabe sobre quem será a coluna de hoje, pois o único a ser chamado de MESTRE no Brasil, foi Tele Santana.
Escolhi o nome da coluna para homenagear um dos maior atores que tive a honra de ver, em um excelente filme. Sidney Poitier interpretando o papel de um engenheiro desempregado (Mark Thackeray) e que resolve dar aulas em uma escola pública, foi espetacular, assim como Tele Santana no São Paulo.
A vida imita a arte? Nesse caso, algumas semelhanças podem ir além do título da coluna, pois ambos, chegaram sobre a desconfiança e o pré-conceito habitual que nós seres humanos temos. O professor enfrentou a barreira racial e social com alunos e seus pais, Telê chegou com estatutos de pé frio, pois havia “fracassado” em duas Copas do Mundo (82 e 86).
Poucos sabem, mas Telê Santana já havia treinado o SPFC em 1973 entre janeiro e julho daquele mesmo ano, saiu após conflitos com os jogadores Paraná e Toninho Guerreiro.
Voltou ao Tricolor em 1990, um ano que parecia péssimo, pois Raí estava no banco de reservas e o time tinha feito uma péssima campanha no Campeonato Paulista.
O treinador no Paulista e no inicio do Brasileiro era o uruguaio Pablo Furlan, mas após o início nada promissor do time no nacional , a diretoria o trocou por Telê Santana.
Com uma chegada ao clube muito criticada, Tele apostou em Raí, conseguiu recuperar a moral do time que estava no meio da tabele e arrancou para a final de 1990 contra o Corinthians.
O São Paulo era tão favorito naquela final, pois estava jogando bonito envolvendo o adversário de tal modo, que ninguém apostava no Corinthians que chegou a final vencendo jogos com os gols de falta do Neto. Mas a maldição fez Telê ver o rival ser campeão nacional pela primeira vez de sua história contra o Tricolor Paulista,
Se jogassem mais dez vezes, o SPFC venceria oito e empataria as outras duas, tamanha superioridade do time, mas assim é o futebol.
Vale lembrar que Telê fez uma reformulação no time para tal recuperação, chegava ao fim a era Gilmar Rinaldi e Zé Teodoro, para iniciar a de Zetti, Raí, Cafú, Antonio Carlos, Elivélton e Leonardo (primeira passagem).
Depois da tempestade vem a bonança e no ano seguinte o tricolor se tornaria campeão brasileiro contra o Bragantino e Campeão Paulista contra o Corinthians.
Saiu de campo o pé-frio e entrou em campo o Mestre. Sim, após o título paulista contra o rival, Telê se tornou o único a vencer os quatro campeonatos estaduais mais difíceis do país (SP, RJ, MG, RS).
Cafú contou que uma vez durante o treinamento, Tele pegou alguns baldes e colocou no campo e queria que os jogadores acertassem a bola dentro, todos estavam errando Tele reclamando e de repente Tele escuta, acerta você já que é fácil, não me lembro se foi o Macedo ou o próprio Cafú, mas Tele pegou acertou na primeira tentativa, nesse momento, eles se olharam e voltaram a treinar sem questionar o que o seu treinador pedia.
Poderia escrever aqui um livro devido a quantidade de títulos e histórias de Tele Santana, que mesmo assim, não seria o suficiente. Em 1990 com 13 anos, fui sozinho até o CT da Barra Funda ver os jogadores, ao descer na Barra Funda e não saber como chegar no CT, perguntei a um taxista e ao me ver e explicar ele chamou um caminhoneiro que estava falando com outro taxista e ao confirmar que ele passaria em frente ao CT, pediu para o mesmo me deixar lá. Nunca havia ido tão longe de casa sozinho, entrei em um caminhão sem conhecer o motorista e sem a noção do perigo, pois o taxista falou comigo com tanta atenção que nem tive medo ou duvida em aceitar a carona.
Ao chegar no CT com meu álbum da placar, Telê assinou e passou a mão na minha cabeça e me deu um sorriso, Raí e outros assinaram também a revista, a missão estava cumprida e voltei a pé até o metro barra funda.
Mas ano depois se não me engano em 2004 em um evento no salão nobre do Morumbi, já debilitado pela doença Tele compareceu com seu filho para ser homenageado e aquele garoto de 13 anos reencontrou seu grande ídolo e se emocionou, parecia 1990. Na hora em que tocou o hino do SPFC, Telê sem uma perna se levantou junto aos demais e cantou o hino inteiro e com uma mão no peito, chorei naquele momento.
Chorei novamente após as homenagens no corredor ao ter a honra de contar a ele o bem que ele me fez em 1990, o orgulho que eu tinha em ter ele como treinador do time do meu coração, eu o abracei e o vi chorando também. A foto desse dia infelizmente perdi, mas os fatos estão tão vivos que levarei para sempre em minha memória.
No filme o mestre é homenageado pelos seus alunos no fim, Tele que recusou o Barcelona para continuar no SPFC, foi e ainda é homenageado pelos torcedores do SPFC, especialmente em jogos da Copa Libertadores.
Aos mestres Sidney Poitier e Tele Santana, com carinho, amor e gratidão.
Desejo uma boa semana, sem Pitacos nessa coluna, pois aonde tem tanto amor, não cabe nenhum sentimento negativo.
Títulos do Mestre pelo SPFC:
- Mundial de Clubes: 1992 e 1993
- Copa Libertadores da América: 1992 e 1993
- Supercopa Libertadores: 1993
- Recopa Sul-Americana: 1993 e 1994
- Campeonato Brasileiro: 1991
- Campeonato Paulista: 1991 e 1992