O clima esquentou na reunião do Conselho Deliberativo do São Paulo nesta segunda-feira. Logo após a divulgação de reportagem da ESPN que cita polêmica envolvendo o vice de comunicação marketing do clube, José Francisco Manssur, e o ex-vice social e de esportes amadores, Antônio Donizeti, o Dedé, os dois discutiram asperamente nos microfones do Morumbi.
Dedé acusa Manssur de ter enviado informações pessoais dele para a torcida organizada Independente e afirmou que vai fazer um boletim de ocorrência, procurar o Ministério Público e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
O atual vice tricolor, por sua vez, se diz inocente, nega ter feito qualquer coisa, colocou seu celular à disposição para esclarecer os fatos e prometeu ir à Justiça.
A ESPN teve acesso ao teor do bate-boca ocorrido na noite desta segunda, com Dedé bastante alterado, e Manssur negando veemente ter feito algo contra o conselheiro. O presidente do órgão, Marcelo Pupo, é quem estava intermediando o debate que ficou acalorado.
Confira, abaixo, como aconteceu a discussão entre os dois, que participavam da reunião do Conselho Deliberativo:
Manssur – “Dedé, eu jamais faria isso com a sua família, jamais faria isso com o senhor. Agora, só quero te dizer, conselheiro, que a minha família também está se sentindo ameaçada. O que eu queria dizer, presidente, era que estou à disposição para fazer aquela conversa de intermediação que o senhor queria fazer. Cada agressão a mim deveria virar uma representação. Chamarem de estelionatário, dizerem que alguém lesou o São Paulo diariamente, também deveria virar representação. Eu nunca agredi nenhum associado nas dependências do clube. E aqui nós expulsamos um conselheiro (Ataíde) por ter agredido outro (Aidar)”.
Conselheiro grita – “Não, foi por corrupção!”
Manssur – “Expulsamos um conselheiro por ter agredido outro e…”
Conselheiro grita – “Foi por corrupção!”
Pupo – “Senhores…”
Manssur – “…E o relatório da comissão de ética é claríssimo! O conselheiro agredido não representou o conselheiro agredido. E é fato público e notório que eu nunca agredi nenhum conselheiro. Agora, Dedé, se você quisesse conversasse comigo, eu nunca me furtei a isso. Civilizadamente, como duas pessoas civilizadas. Eu não fiz isso que você está imputando”.
Dedé – “Pode esperar”.
Manssur – “Estou à sua disposição, Dedé”.
Dedé – “Pois eu vou conversar com você!”.
Manssur – “Isso é uma ameaça?”
Pupo – “Conselheiro Antônio Donizeti…”
Manssur – “…Porque no Whatsapp dos conselheiros você disse que ia me dar um corretivo (veja imagem ao final do diálogo), e isso também demanda um boletim de ocorrência. E ofendeu a figura do meu pai, que nunca pisou aqui. ‘Só poderia vir de alguém que vem de família de curintianos’ [sic]. Que é o meu pai, que não teve a fortuna e felicidade de torcer pelo São Paulo como eu. Agora, conselheiro Dedé…”
Dedé interrompe – “Onde está a ofensa aí?”
Manssur – “Em ‘só poderia vir de uma família de ‘curintiano’, com cê, u, erre aí e tal”.
Dedé – “Só quero saber o seguinte, Manssur. É verdade ou mentira?
Manssur – “Jamais!…”
Dedé – “Só quero saber isso, mais nada!”
Manssur – “Jamais!”
Dedé – “Então é mentira?..”
Manssur – “Jamais solicitei, determinei, insinuei, pedi que qualquer pessoa que seja…”
Dedé interrompe – “É mentira, então?”
Pupo – “Conselheiros Antônio Donizeti e Manssur, vou ser obrigado a cortar o microfone de vocês”.
Dedé – “Eu quero saber! Só isso!”
Manssur – “Isso o que? Que eu mandei te agredir? Eu mandei? Como é que eu tenho condição, se desde 2013 a torcida uniformizada me hostiliza e…”
Dedé interrompe – “Ohhhhhhhh…”.
Manssur – “Como é que eu posso pedir para a torcida uniformizada, como é que eu tenho condição de pedir para quem quer que seja?”
Dedé – “Aí que eu não sei!”
Manssur – “Poder eu não tenho! Quem tem poder para mandar na uniformizada é a pessoa que você…”
Dedé interrompe – “…Você fala baixo que eu não sou surdo!”
Manssur – “…Quem tem poder…”
Dedé interrompe – “Fala baixo!”
Manssur – “Conselheiro Antônio Donizeti, outra intervenção e vou pedir para desligar o microfone do senhor e quem coordena a reunião sou eu, então sou eu quem fala se a altura do som do microfone está alta ou baixa”.
Dedé – “A altura do que ele falar!”
Manssur – “…Quem tem poder para pedir algo para a torcida uniformizada é aquele que você apresenta na matéria das 19h58 da ESPN, com aspas suas, como doutor Edgar, que é seu amigo, não meu. Eu não tenho poder para pedir para a uniformizada falar com ninguém, tanto que ele te levou para falar com as lideranças das organizadas. Eu não tenho essa relação, não tenho esse poder. Então não fiz”.
(Dedé se irrita e resmunga algo)
Manssur – “Me solidarizo com a sua família, se sofreu esse constrangimento, saiba que a minha família também está muito constrangida, que na minha casa ninguém mais atende o telefone, pois funcionário do marketing foi ameaçado aqui dentro, dizendo que iam acabar comigo, todos nós estamos sob muita violência, e se isso aconteceu com você eu me solidarizo com você, mas eu jamais, em tempo algum, fiz esses atos aos quais você vinculou a mim”.
Dedé – “Manssur, você que gosta tanto de se fazer, vai para o seu escritório ganhar o seu dinheiro e…”
Pupo interrompe – “Conselheiro Antônio Donizeti, encerra a sua participação e…”
(Dedé deixa o microfone resmugando contra Manssur)
Nota da redação: A reportagem recebeu prints de mensagens trocadas em um grupo de conselheiros do São Paulo, no qual o conselheiro Antônio Donizeti, o Dedé, diz que vai “dar um corretivo bem dado” em alguém do clube. Na conversa não aparece o nome de Manssur, mas é a esse trecho que o vice-presidente de comunicação e marketing do São Paulo se refere quando questiona Dedé sobre a ameaça, o ‘corretivo’ e a provocação ao pai corintiano.