Política do São Paulo rachada na situação e na oposição; bastidores fervem

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De Vitor Birner

Ainda na gestão

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Roberto Natel, ontem quando chequei, ainda era vice-presidente. Talvez continue enquanto o time do Morumbi puder ser rebaixado no torneio de pontos corridos.

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Saia agora ou depois, o conselheiro quer ser o candidato ao principal cargo da agremiação do Morumbi. Teria, se a eleição fosse hoje, maior possibilidade que Leco de ganhar a eleição.

Obviamente, apesar de ambos se respeitarem e terem consideração recíproca, a situação está rachada.

Concorriam, sobraram e se incomodaram

Quando Juvenal Juvêncio escolheu Carlos Miguel Aidar para a sucessão, o fez porque os resultados dentro dos gramados eram insuficientes para garantirem que outro situacionista teria êxito no pleito.

Leco, naquele momento, era o candidato natural pela sequência do que houve na gestão, e Roberto Natel, provavelmente, o mais forte.

Os dois sonhavam com a presidência e ficaram incomodados porque o então ‘dono’ da política no clube escolheu quem, posteriormente, o traiu. Foi avisado de tudo assim que confirmou a preferência pelo idealizador do terceiro mandato.

Desde aquela época havia a concorrência saudável dos que pretendiam ser indicados.

O sócio que tem mais votos

Roberto Natel carrega consigo cerca de quatro dezenas de conselheiros. É, hoje, o integrante do órgão que puxa mais votos.

No eleitorado de 240 tal número é considerável, pois nunca há pleno comparecimento, e insuficiente para garantir êxito no pleito que deve acontecer em abril.

A rejeição do sobrinho de Laudo Natel é pequena. José Roberto Opice Blum, Dorival Decusseau e mais alguns, provavelmente menos que dez, votam sempre contra o sobrinho do presidente que ocupou o cargo em grande parte do período da construção do Morumbi.

Leco viu a quantidade dos narizes tortos aumentar durante a gestão.

A possibilidade de ser candidato diminuirá consideravelmente, se o colega de clube e situação confirmar que tentará concorrer na eleição.

A política na agremiação

No São Paulo, todos os conselheiros podem ser candidatos. Em regra são lançadas duas chapas porque se um dos lados preferir se fragmentar, o outro tende a ganhar.

Por isso, ou ambos se acertam, ou provavelmente os oposicionistas que ficaram com Aidar terão o poder no clube.

Esses últimos têm que saber como articular a campanha. Deveriam, antes de tudo, se unir em prol da agremiação, mas têm dificuldades para a concretização da estratégia política necessária e simples.

Indefinições na oposição

Júlio Casares quer concorrer. José Roberto Opice Blum, Nilton do Chapéu e Eduardo Alfano, o nome mais forte nesse momento, são outros que têm tal sonho.

Enquanto isso, os oposicionistas mais antigos e conhecedores da instituição, como Kalef João Francisco, um dos diretores de futebol na era Telê Santana, tentam convencer Fernando Casal de Rey e José Eduardo Mesquita Pimenta a serem candidatos. Ambos, por enquanto, recusam a empreitada.

Nessa eleição, haverá o que pode ser chamado ‘fator Abílio Diniz’. O empresário, especialista em articulação de poder, é oposicionista e quer definir o candidato.

Casares, por exemplo, tenta se aproximar do empresário para ser o escolhido.

Mas nem todos os conselheiros de oposição aprovam que a influência de Abílio Diniz tenha tal extensão.

Então, obviamente, há o racha nos que se posicionam contrários ao Leco.

A escolha feita no verbo

Nenhuma prévia, em regra, é realizada no São Paulo para a escolha de candidatos. Isso acontece após conversas e a avaliação dos conselheiros de quem poderá ganhar.

A única que houve, salvo engano, nas três últimas décadas foi feita por José Augusto Basto Neto, quanto era presidente.

Paulo Amaral ganhou e por isso o colega sequer tentou a reeleição. Leco, então oposicionista, foi quem perdeu do cartola que pode ser colocado na lista dos piores gestores da instituição.

Quase conseguiu a proeza de fazer Rogério Ceni ir embora.

As conquistas da Libertadores e do Mundial em 2005, e o tri nacional em seguida foram consequências da saída do então presidente. Marcelo Portugal Gouvêa com o menor resultado possível ganhou o pleito após a campanha articulada pelo na época oposicionista Juvenal Juvêncio.

Mais barganha

O novo estatuto é prioridade dos atuais gestores. Querem que seja redigido e votado nesse ano.

Isso interferirá no obsoleto e pesado período de campanha. Além da oferta de diretorias em troca de apoio, algumas cláusulas para manutenção de poder dos conselheiros podem ser colocadas.

Tirar muita força do órgão é comprar mais rejeição. Acho improvável que a maioria se disponha a fazer isso para o clube ser menos obsoleto e mais democrático .

A estratégia que Leco necessita

Hoje, se houvesse união e as vaidades fossem suprimidas pela praticidade, a oposição provavelmente seria favorita, o que é raro na eleição.

Leco, que deu vareio em Newton do Chapéu (138×36) no pleito em outubro, tem a carta na manga do poder. Se montar em janeiro o elenco capaz de encantar torcida e conselheiros, pode alterar ganhar força.

Nem todos os integrantes do órgão torcem pelo São Paulo. Há quem gosta mais de política que de futebol e prefere ganhar nas urnas mais que nos gramados.  .Mesmo assim, a montagem de elenco forte ainda interfere nas eleições.

Resta saber se há grana no cofre, planejamento para investir com acerto. e Leco sairá candidato.

Pela saúde da agremiação

A dinâmica da campanha, de ambos os lados, é mais relevante que o próprio escolhido. Ética e propostas técnicas acertadas e possíveis de serem implementadas são imprescindíveis para o São Paulo sair fortalecido da disputa pelo maior cargo da instituição.

Tenho plena convicção que, se o padrão atual for mantido. cedo ou tarde essa gente colocará o time na segundona.

Aos maniqueístas, relembro que, alguns desses, em especial os mais antigos, noutros tempos contribuíram muito para o clube ser gigante.

Tiveram grandes momentos na instituição.

Por isso, que sejam respeitados, inclusive se cometerem equívocos de competência na gestão ou se, hoje, deixaram de ser gestores competentes tais quais outrora foram no futebol.

Conclusão

Em regra, os políticos se entendem. Alguns terão que digerir a opção por colegas e os preteridos ficarão muito incomodados. No final tendem a se dividir em dois blocos, e haverá a minoria de votos em branco.

O que chama atenção é o ambiente politico mais explosivo e indefinido dentro do clube neste século. Na eleição de Marcelo Portugal Gouvêa, disputada no limite, havia mais disputa e menos agressividade. Ambas existiam em proporções distintas das que atualmente ditam o ritmo dos bastidores no Morumbi.