Por Érico Leonan / saopaulofc.net
Aos 44 minutos do segundo tempo no confronto com a Ponte Preta (2 x 0), no último final de semana, o técnico Ricardo Gomes mexeu na equipe e promoveu o retorno de Wellington, que voltara após quase um ano longe dos gramados depois da suspensão por doping e da cirurgia no joelho. Em um gesto nobre, como forma de reconhecimento por toda a dedicação do volante neste período, o capitão Rodrigo Caio colocou a faixa de capitão no braço do meio-campista, que não escondeu a sua emoção.
O emocionante gesto foi mais um capítulo na longa amizade da dupla, que começou nos tempos do CFA – revelados nas categorias de base do clube, os dois se conheceram em Cotia, em 2006. “Nossa amizade vem desde a base. Cheguei em Cotia aos 12 anos de idade, em 2006, e o Wellington já era da categoria infantil (15 anos). O Wellington sempre se destacou na base e era observado por todos. Eu era da categoria 1993, e ele da 1991. Começamos a nossa amizade naquela época, e depois nos reencontramos no profissional”, recorda Rodrigo Caio.
“Quem sobe da base fica ainda mais feliz quando reencontra os amigos do CFA. Passamos por dificuldades ao longo da vida, e por isso damos o valor necessário. A carreira dele tem muitas coisas que são parecidas com a minha, como a superação após a lesão no joelho”, acrescenta o camisa 3, que formou a parceria com o volante para fugir dos trotes na base. “A minha categoria era tranquila, mas os mais velhos aprontavam algumas, como o pessoal do Breno (1989). A gente se unia para pegar eles (risos)”, revela o meio-campista, que reencontrou o amigo em um novo momento na carreira.
Quando Wellington foi emprestado ao Internacional, no início de 2014, Rodrigo Caio ainda lutava para conquistar o seu espaço entre os titulares. Agora, em 2016, o zagueiro é dono da posição e tem a confiança da torcida, dos companheiros e dos membros da comissão técnica. “Em 2012, comemoramos juntos o título da Sul-Americana. Eu estava no profissional há pouco tempo, enquanto o Wellington vivia o seu auge na carreira. E depois que ele saiu, recebi mais oportunidades entre os titulares, porque na época eu ainda jogava no meio de campo (risos). Agora que ele voltou, a emoção ficou clara dentro de campo”, afirma o defensor, que acrescenta.
“Cotia foi tudo para nós dois. Não só como jogador, mas como homem. Aprendemos bastante e crescemos. Desde garotos temos que deixar a nossa família para trás e focar no trabalho, sem muita diversão. Mas isso faz parte do aprendizado, e hoje posso dizer que tivemos uma grande formação para chegar até aqui”, avalia Rodrigo, que emocionou Wellington ao entregar a faixa de capitão. “Foi uma honra receber a braçadeira. Fiquei surpreso mesmo. Nossa amizade é antiga, mas nem sempre isso é dito no dia a dia. Gosto muito dele, e aquele gesto valeu mais do que mil palavras”, acrescenta o volante.
“Voltar ao São Paulo é uma honra, porque sou torcedor declarado. E participei de um grande ciclo: me formei na base do clube, subi e fui campeão. Isso é significativo e rendeu um aprendizado enorme. O que aprendemos em Cotia é importante para chegar até aqui. Fico feliz também pelos garotos que subiram recentemente, e parabenizo o Ricardo Gomes pela coragem. Poucos treinadores têm uma atitude como esta. Que venham mais garotos do CFA para reforçar o São Paulo no futuro”, finaliza.