ESPN.F.C
Pedro Cuenca
Ricardo Gomes finalmente comandou outra vitória pelo São Paulo e conseguiu adiar sua demissão. Talvez fique até 2017, é verdade, mas outros treinadores já começam a pintar no Morumbi. Na última semana, foi a vez do nome de Rogério Ceni começar a ser ventilado pelos corredores do clube. Por sua idolatria e conhecida liderança, a ideia parece boa, apesar da falta de experiência. Os interesses por trás, porém, fazem com que nada seja tão belo assim.
Primeiro, não sei se é boa a ideia de trazer Rogério Ceni para treinador logo em 2017. Apesar dos muitos cursos que está fazendo na Europa, o ex-goleiro ainda não teve experiência treinando um clube. Por que não começar em uma equipe menor do futebol brasileiro, talvez na base tricolor ou mesmo como auxiliar-técnico de algum técnico mais experiente no clube paulista?
Sendo assim, ele teria a oportunidade de colocar em prática as coisas que aprendeu fora do país, ver o que funciona e o que precisa ser modificado, criando assim o seu padrão de jogo. O time profissional do São Paulo não pode ser laboratório para técnicos aventureiros, mesmo que esses sejam os grandes ídolos do clube.
Além disso, a chance de criar uma mancha na história de Ceni no Tricolor é enorme, principalmente com o elenco fraco e a diretoria bagunçada que temos. Em outros clubes, alguns ídolos já se queimaram mais de uma vez se arriscando como técnico. Um grande exemplo é o de Falcão, no Internacional.
O grande problema das especulações em torno de Rogério Ceni, no entanto, é a política do clube. Em abril de 2017, o São Paulo terá eleições para definir seu novo presidente. Leco estará concorrendo para o seu segundo e último mandato (por enquanto, pelo jeito). Ameaçado pela péssima campanha do clube, problemas financeiros e bagunça nos bastidores após várias saídas de dirigentes, ele precisava lançar uma cartada.
O que começou como um boato virou uma possibilidade real porque Leco enxergou nisso uma possibilidade de atrair votos e fazer sua reeleição virar realidade. Nos corredores do clube, ele não é tão bem visto assim, uma mistura de Juvenal com Aidar, atrapalhado em vários sentidos. Cogitar Rogério Ceni como técnico em ano eleitoral é a grande sacada de Leco e pode dar muito certo, principalmente porque todos sabem do amor do ex-capitão pelo clube e de seu grande ego, que não o faria rejeitar essa enorme possibilidade.
É, no entanto, triste que o São Paulo esteja baseando seu planejamento em apostas políticas e, principalmente, usando um de seus grandes ídolos dessa forma. Vou torcer para que tudo der certo, mas digo que se isso acontecer será por muita sorte.