De Vitor Birner
São Paulo 4×0 Corinthians
Vareio, baile, atropelo e goleada são algumas das palavras do dialeto do futebol que podem explicar o que houve no Morumbi.
A torcida adquiriu mais de 53 mil ingressos e comemorou o baile coordenado por Cueva, autor do gol de pênalti e assistências nos de David Neres, Chaves e Luiz Araújo.
O peruano desmontou o esburacado meio de campo do Alvinegro. Ao lado de Thiago Mendes, tomou conta do setor. Chavez sobrou contra Vilson. Com mais capricho nas finalizações o centroavante ‘hermano’ teria comemorado outras duas vezes.
O único momento em que o Alvinegro conseguiu algo foi nos dez últimos minutos do primeiro tempo.
Teve uma oportunidade com Romero, de cabeça, e mais nada. Depois dos times descansarem e escutarem a orientação dos treinadores, o atual campeão do torneio foi anulado pela agremiação de de Ricardo Gomes e poderia ter sido humilhado com mais gols.
Transição e velocidade
O São Paulo impediu o Alvinegro de frequentar o campo de frente. O treinador posicionou o sistema de marcação quase na área de Cássio e o oponente fez vã tentativa de ultrapassar o bloqueio.
David Neres com atuação consistente e elogiável na direita, Kelvin do outro lado, Cueva por dentro e o centroavante Chavez, que sempre mostra muita raça, iniciaram essas tentativas de retomarem a bola e foram fundamentais para o time se impor com facilidade.
Thiago Mendes, na dupla de volantes com João Schmidt, participou mais que o colega da proposta de impedir a transição do Alvinegro. Apoiou constantemente e fortaleceu o sistema de criação ao obrigar o Corinthians a dividir atenção em vez de se concentrar na tentativa de brecar o peruano.
O São Paulo anulou a transição do Corinthians à frente e foi veloz ao chegar na área pelo meio com Cueva e Thiago Mendes e nos lados onde Buffarini e Mena apoiaram.
Corinthians inoperante e com problemas
Apesar de mais bem classificado, o elenco do Alvinegro é tecnicamente menos capaz que o da agremiação do Morumbi
A goleada foi desproporcional ao que ambos podem produzir, e merecida pela força coletiva e empenho que mostraram no gramado. Alguns atletas do Corinthians tinham que ser mais intensos.
Deram impressão que era apenas outro jogo rotineiro de uma agremiação que nada ambiciona, ao invés do que valia pontos para tentarem a classificação à Libertadores e o clássico capaz de alterar o humor dos torcedores. Além disso, Oswaldo de Oliveira se equivocou na escolha do time.
O 4-1-4-1.foi uma peneira.
Willian, em frente ao quarteto dos zagueiros e laterais, contraproducente na saída de bola, em nenhum momento achou o Cueva no gramado.
Ficou sobrecarregado porque Rodriguinho e Giovanni Augusto, por dentro do quarteto no meio de campo, foram incapazes de marcar o peruano e Thiago Mendes como necessário. Deveriam resolver ou minimizar o problema no toque para o time conseguir a transição ao campo de ataque e nada produziram.
O treinador tentou solucionar trazendo Guilherme para o meio do quarteto, abrindo Giovanni Augusto e adiantando Romero como centroavante, depois trocou Marquinhos Gabriel por Rildo, tudo ineficaz, pois foi mantida a dinâmica de jogo muito favorável à agremiação do Morumbi.
Apenas quando o Camacho entrou e Guilherme saiu o sistema de marcação deixou menos brechas.
O placar era 3×0 naquele momento.
O São Paulo fez o quarto no contra-ataque com cinco atletas diante do três oponentes, e fechou a goleada muito comemorada pelos torcedores. Deve aumentar a crise no Corinthians, que somou a metade dos pontos ganhos pelo Botafogo no returno do torneio.
Grande e abrupta queda de rendimento
O Alvinegro tomou 23 gols gols, fez 16, ganhou quatro jogos, empatou a mesma quantidade e perdeu 7 nesse turno. Apenas Santa Cruz, Figueirense, América e Vitória têm campanhas inferiores. Os mineiros e os soteropolitanos atuam hoje e podem ‘ultrapassar’ a agremiação com orçamento gigante e habituada a frequentar os postos mais altos na tabela de classificação.
Lance polêmico e cartão no bolso
Kelvin aguardou o toque de Fagner para cair dentro da área. Foi o pênalti nacional. Deveria ser considerado lance normal e mandar seguir, mas o critério no país determina que seja marcado.
A permanência do Rodriguinho no gramado foi caricata. Chutou Cueva, merecia a exclusão e tomou o amarelo.
Em seguida acertou o Wesley, de propósito, com a bola fora do gramado, e o responsável pelo cumprimento das regras preferiu contemporizar.
Os realistas e a festa
Assim que encerrado o jogo, o elenco do São Paulo comemorou no gramado. A felicidade dos atletas com a atuação do time foi nítida, pois exatamente no clássico com estádio quase pleno fizeram o maior placar da agremiação nessa edição do torneio de pontos corridos.
No Alvinegro, Cássio e Fagner, remanescentes do time ganhador, afirmaram que o resultado explicou o que houve no gramado. Devem ter ficado tão aliviados quanto incomodados com o término, pois tomaram a goleada e sabem que poderia ter sido maior.
Ficha do jogo
São Paulo – Denis; Buffarini, Maicon, Rodrigo Caio e Mena; João Schmidt e Thiago Mendes; David Neres (Wesley), Cueva e Kelvin (Luiz Araújo); Chávez (Pedro)
Treinador: Ricardo Gomes
Corinthians – Cássio, Fagner, Vilson, Balbuena e Uendel (Guilherme Arana); Willians; Romero, Rodriguinho, Giovanni Augusto e Marquinhos Gabriel (Rildo); Guilherme (Camacho)
Treinador: Oswaldo de Oliveira
Árbitro: Claudio Francisco Lima e Silva – Assistentes: Guilherme Dias Camilo e Nadine Schramm Camara Bastos