UOL
Thiago Arantes
Nelson Almeida/AFP
Juan Carlos Osorio, técnico do México, que estará na Copa das Confederações
Juan Carlos Osorio deixou o São Paulo há mais de um ano, mas seu nome e suas ideias ainda fazem parte do dia a dia no clube do Morumbi. Prova disso é a escolha de Rogério Ceni, assumido discípulo do colombiano, para substituí-lo, em 2017.
A opção pelo ex-goleiro agradou ao agora treinador da seleção do México. Em Kazan, sede do sorteio da Copa das Confederações, no sábado, Osorio falou ao UOL Esporte.
O “profe” comentou com empolgação o bom momento da seleção brasileira, ainda invicta sob o comando de Tite, dando destaque ao novo perfil de Neymar, agora mais participativo na defesa.
Osorio também falou sobre seu pior momento como técnico, a derrota por 7 a 0 para o Chile, na Copa América Centenário. Metódico, ele diz já ter assistido pelo menos 15 vezes àquela partida, sua única derrota no comando da seleção azteca, e afirma querer enfrentar os chilenos novamente o quanto antes.
Rogério Ceni treinador
Bem, não me surpreende. Eu e todas as pessoas que já trabalhamos com o Rogério sabemos que ele é um homem do futebol, que tem todas as condições para ser um técnico muito bom. A experiência dele como jogador, tudo o que ele fez, os títulos que ganhou no São Paulo, todas essas coisas o credenciam a ser o técnico do time. Também acho que, por sua experiência e pelo líder natural que ele é, ele terá um bom controle do vestiário.
No lado pessoal, pelos cinco meses em que trabalhamos juntos, pela atenção aos deles que ele tinha, em todos os treinos, pelas perguntas que me fazia, acho que será um grande estrategista, um homem que entende de tática e que seguramente como treinador saberá o que fazer para que o São Paulo se coloque entre os melhores times do Brasil.
Ontem eu falei com ele. Aproveitei a chance para desejar-lhe tudo de bom. O que falamos foram assuntos pessoais, isso fica entre nós dois. Mas quero publicamente desejar tudo de bom pra ele, e espero que o São Paulo esteja entre os melhores times do Brasil.
Futebol brasileiro
É a verdade é que agora estou mais concentrado nos rivais de seleções que temos. Eu vejo muito futebol, assisto a vários jogos das ligas europeias onde há jogadores mexicanos, e onde também atuam vários jogadores que atuam em outras seleções.
A passagem pelo Brasil
Eu valorizo muito a experiência que tive no São Paulo. Conheci muito do futebol brasileiro, aprendi muito com ele. Tive a honra de trabalhar com jogadores muito bons, de conhecer mais de perto a cultura brasileira, a comida, a música, o futebol… Tudo isso foi muito bom para mim.
A seleção de Tite
Desde quando eu enfrentava o Corinthians, sempre vi essa tendência de defender-se em um 4-2 [quatro defensores e dois volantes] muito definido, e de usar os outros quatro jogadores – dois meias abertos, um meia-atacante e um centroavante – para atacar. Mas não é só isso: no último jogo [contra o Peru] deu pra ver como esses jogadores abertos, tanto Coutinho como Neymar, fizeram também funções defensivas. Isso mostra como Tite pediu, e conseguiu, que esses jogadores ofensivos por natureza também se preocupassem com a defesa. Além disso, os atacantes como Gabriel Jesus e Firmino já mostraram em seus clubes que são jogadores de elite. Se juntamos isso com a chegada de Renato Augusto, o Brasil tem um time muito perigoso no ataque e que defende muito bem. Então eu não me surpreendo. A estrutura de jogo de Tite já era conhecida, acho que é grande treinador e vai levar a seleção brasileira muito longe.
A goleada por 7 a 0 na Copa América
Eu aprendi muito no amistoso em que vencemos o Chile por 1 a 0. Mas aprendi muito mais naquela derrota. Vi aquele jogo 15 vezes. Para nós, jogar contra o Chile de novo será a chance de jogar contra o campeão da América, uma das grandes seleções do mundo. Mas há muito tempo já entendi que o futebol não é um jogo de revanches. Depende do seu time, dos rivais, de várias coisas, algumas delas aleatórias, que influenciam no resultado final. Seria uma grande honra poder jogar novamente contra o Chile.
Copa das Confederações
Para nós, seria bom jogar com os melhores. Jogar contra a Alemanha será extraordinário, é a atual campeão do mundo. Enfrentar Portugal também seria muito bom para o crescimento de nossos jogadores. As competições são o momento mais importante pra desenvolver um jogador. Normalmente nós jogamos contra times da América Central, então poder jogar contra europeus ou sul-americanos é uma grande oportunidade, que não podemos deixar passar.