Salve, salve, Nação Tricolor!
E o dia 29/11/2016 ficará marcado na história de nosso país como o dia mais triste de nossa história moderna. Difícil comparar com o que foi a perda do nosso Ayrton Senna em 1/5/1994, outra data que chocou o Brasil, já que em 1994 não tínhamos ainda a Internet e mais ainda as redes sociais. Besteira também tentar fazer qualquer analogia como alguns tem tentado fazer. Tragédia é tragédia. Perda e perda.
E a vida tem dessas. Nos surpreende com uma proposta de emprego pra ganhar o dobro, um diagnóstico de cancer, uma promoção inesperada, uma queda de avião, uma sonhada gravidez, um longo período de desemprego, uma viagem dos sonhos, a morte de um ente querido… e por aí vai. C’est la vie!
E o futebol não fica fora disso. Jogadores morrem em campo, arquibancadas se rompem, aviões com delegações caem, brigas estúpidas de grupos organizados com mortes, jogadores se vão para outros times deixando uma multidão triste, etc.
A vida e a morte também ditam suas surpresas no Planeta Bola!
Mas ontem ficou claro o quanto o futebol faz parte da minha vida e é importante pra mim. Não só o meu amado SPFC, mas o futebol! O esporte!
O jornalista Milton Neves diz que “o futebol é coisa mais importante dentre as menos importantes”. E é verdade! É claro que antes pra mim vem Deus, família, amigos, trabalho, igreja… mas o futebol tem uma participação em minha vida que ontem ficou clara.
Além da comoção natural por uma morte trágica e chocante, onde dezenas de vidas são ceifadas de uma só vez, sem direito a reação ou tentativa de se salvar, o sentimento foi de ter perdido gente próxima a mim. Gente que muito provavelmente nunca ouviu falar do Artur Couto, mas que eu não só ouvia falar deles, como os deixava entrar em minha casa pela TV, pelo celular, pelo computador…
Quantas e quantas vezes não assisti programação da FOX, até mesmo twitando discordando de besteiras que estivessem falando? Quantas vezes não leio notícias do GloboEsporte.com, inclusive de rivais? E quantas vezes me permiti a assistir no Premier jogos sem importância de um modesto mas emergente Chapecoense? E a minha torcida na quarta-feira passada pela Chape contra o San Lorenzo, culminando com a salvadora defesa do jovem e promissor Danilo? E o que não dizer do Dener, que fez gol na gente e estava cotado pra vir pro SPFC? E Ananias e Kemp, os quais já tinha visto in loco jogar pela Lusa ao lado de meu fanático amigo português Guto da SODESP? E o Thiaguinho, que meteu um balaço que rendeu críticas e mais críticas ao nosso goleiro Denis? E o Bruno Rangel, que todo programa de esporte tinha um golzinho dele feito pela Chape? E o Caio Jr. que era um promissor e equilibrado treinador? E por fim, Cleber Santana, talentoso jogador com passagem modesta mas honrada pelo SPFC… Caramelo, promissor lateral que ainda não tinha vingado com nossa camisa, mas que estava emprestado e indo muito bem pela Chape… e o glorioso “pistoleiro” e craque Mario Sérgio Pontes de Paiva, quem eu me lembro vagamente por volta dos meus 5, 6 anos vestindo a camisa do Tricolor em minhas primeiras idas ao Morumbi…
Tudo isso que escrevi, senhores, é coisa de minha cabeça… não “googlei” nada. Quer prova maior que esse mundo e esse universo faz parte da minha / nossa vida?
Não morreram estranhos. Não morreram só jogadores, comissão, jornalistas e tripulantes. Foram pessoas que faziam parte da minha vida e eu nem percebia. E se você chegou até aqui nesse texto, muito provavelmente o mesmo se passa com você.
Por isso que hoje, mais do que nunca, faz sentido aquela frase – não é só futebol! Pra mim, pra você, pra nós brasileiros, o futebol é sim parte incrível de nossa vida.
Meus sentimentos às famílias enlutadas. Peço que todos priorizem amparar as famílias, pra depois amparar a Chape. Muito legal as ações de apoio, de emprestar jogadores, de dar uma carência de 3 anos pra não cairem. Mas a Chape vai continuar, sem dúvida! Talvez até se torne um gigante do futebol Brasileiro não só porque já vinha trabalhando direito, mas catalisado pelo reconhecimento mundial que a tragédia infelizmente lhe trouxe. As famílias, pessoal… cuidem das famílias!
E que Deus conforte a todos. As famílias, os amigos, próximos ou distantes, que se viam pessoalmente ou pela TV, mas que certamente todos estão sofrendo.
É isso.
Salve o Tricolor Paulista, meu amor hoje e sempre!
Artur Couto é engenheiro, sócio-torcedor e sócio do SPFC, e é administrador da SPNet. Escreve nesse espaço todas as quartas-feiras.
Fale com o Artur no [email protected] ou Twitter @arturcouto
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