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Alexandre Lozetti e Marcelo Prado
Técnico tricolor espera que jogadores tenham grau máximo de comprometimento e diz que ser honesto é a melhor maneira de trabalhar com um grupo tão numeroso.
Como profissional, uma das características marcantes de Rogério Ceni foi exigir o máximo de comprometimento dos companheiros. Dentro de campo, ele funcionava como uma extensão do treinador. Fora das quatro linhas, nas preleções, tentava sempre motivar os atletas. E, em sua primeira entrevista coletiva como técnico do São Paulo, ele deixou claro que isso vai permanecer. Mesmo que isso desagrade aos jogadores.
Ceni, aliás, usou como exemplo Mário Sérgio, morto na semana passada no avião que levava a Chapecoense para Medellín. O ex-comentarista da Fox Sports, além de jogador brilhante, foi técnico de futebol e comandou o São Paulo em 1998, quando proibiu Rogério Ceni de bater faltas.
– A melhor maneira de trabalhar com os atletas é com lealdade, objetividade, falar olho no olho, como sempre gostei que fizessem comigo. Te dou um exemplo aqui do Mário Sérgio, que veio a falecer agora (no acidente com o avião da Chapecoense). Em 1998, ele falou que não gostaria que eu batesse faltas. Ele me chamou e disse: tenho você como goleiro, quero que organize a defesa, confio em você, mas bater falta não é função para você. Respeitei, não bati nenhuma falta, mas ele foi sincero – disse Ceni.
– Eu sempre fui muito exigente comigo mesmo antes de ser com qualquer companheiro meu. O coração, a alma, é algo que já está inserido em quem decide ser jogador, não precisa que eu faça. Não tenha dúvida que gostaria que eles entendessem o futebol, pensassem o futebol como eu pensei. Acredito que um dos motivos da minha chegada seja o perfil de atleta que eu fui. Se for necessário trabalharemos juntos com a psicóloga. Espero que seja assim – completou o novo treinador do São Paulo.
Rogério sabe que, mesmo sendo transparente, alguns atletas ficarão insatisfeitos, já que nem todos terão espaço.
– Nem sempre você vai conseguir agradar a todos os atletas, mas acredito no senso de justiça pela meritocracia. Espero lidar com todos, para todos estarem à disposição. Que a gente faça um grupo bom de atletas e saiba lidar com homens, olhando diretamente para cada atleta, tratando de forma verdadeira. Acho que é o jeito mais simples – ressaltou.