Cunha mira o mercado do exterior para reforçar São Paulo de Rogério Ceni

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José Eduardo Martins

  • Érico Leonan/saopaulofc.net

Com o fim do Brasileirão e a chegada do técnico Rogério Ceni, o São Paulo acelera o planejamento de 2017. Fora de campo, uma das principais peças do time tricolor é o diretor executivo do clube, Marco Aurélio Cunha.

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Nas últimas semanas, ele se reuniu com o ex-goleiro e outros integrantes da comissão técnica para discutir quais as necessidades do Tricolor e analisar o mercado.

Pelo diagnóstico, a equipe precisa de um centroavante, de um meia e de um volante, além de outras peças para dar mais qualidade ao elenco. Sem muitas opções no mercado nacional, o caminho mais provável é de buscar jogadores no exterior.

O centroavante paraguaio Cristian Colmán, por exemplo, está muito próximo de fechar com o clube do Morumbi. O jogador, de 22 anos, estava no Nacional do Paraguai.

“A gente quer [trazer três protagonistas], mas difícil é encontrá-los junto com a oportunidade de negócio”, lamentou Cunha, que faz uma análise do mercado atual.

“Não quer dizer que aqui não tenhamos bons jogadores, mas muito rapidamente eles se vão. Então, não dá tempo de você tê-los aqui, ver uma evolução agradável do jogador, durar três ou quatro anos em um time brasileiro. Já foram embora Gabriel Jesus e Gabigol. A gente vai perdendo esses jogadores para o mercado europeu e repor fica cada vez mais difícil. Porque a nossa produção não é assim tão ágil, para trazer jogadores com maturidade. Você tem revelações aí. Se pegar o Campeonato Brasileiro, eu vi uma porção, mas é jogador ainda imaturo, que você vai contratar, pagar caro e fazer um contrato de dois anos e no terceiro ele está indo embora. Quando você o preparou, ele vai para a Europa”, ponderou Cunha.

O clube já apresentou o atacante Wellington Nem, que estava no Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, e deve confirmar o goleiro Sidão, do Botafogo, que realiza exames médicos nesta quarta-feira, nesta semana.

Futuro na diretoria

Após cinco temporadas, Marco Aurélio voltou a trabalhar no clube em setembro deste ano, quando o Tricolor vivia período de crise no Brasileirão. Com ele no cargo, a equipe não teve um aproveitamento de campeão, pois obteve 56,25% dos pontos disputados em 16 partidas (oito vitórias, cinco derrotas e três empates), porém conseguiu acabar com qualquer possibilidade de rebaixamento para a Série B e ganhou moral com uma goleada de 4 a 0 sobre o Corinthians.

Cunha, no entanto, ainda não definiu qual será o seu futuro, pois ele estava licenciado do posto de coordenador de futebol feminino da CBF.

“Tenho uma relação muito próxima ao Rogério Ceni. Ele me perguntou [sobre 2017]. Falei que ainda não sei porque tenho um compromisso com a CBF, que é importante para mim. O São Paulo também é importante para mim. Só que neste momento, eu tenho de acompanhar a seleção feminina em Manaus para estar pela primeira vez junto com a nova treinadora [Emily Lima]. Em janeiro, devo pegar férias na CBF e participar da Florida Cup. Vamos tentar ajudar bastante nesta pré-temporada, inclusive neste começo com o Rogério. A partir daí, vou tomar uma decisão. Tem eleição [presidencial no São Paulo em abril] e uma porção de coisas que são fatores de desconforto”, disse Cunha.

Confira abaixo os principais pontos da entrevista exclusiva com o diretor executivo do São Paulo ao UOL Esporte.

Chegada de Rogério Ceni

“Muda tudo no São Paulo. Primeiro, porque ele conhece aqui como ninguém. Mas é outra figura, o treinador. Porém, ele conhece bem [o clube], sabe o que quer e já fez uma análise nestas duas semanas. O Rogério já está trabalhando sob este ponto de vista e estamos analisando muita coisa. Acho que isso ajudou para a gente programar o ano que vem: a relação com a base, com os jogadores que estão por voltar, que poderão ser emprestados. Isso ele já está adiantando bastante.”

Saída de Ricardo Gomes

“Não houve nenhum desrespeito, pelo contrário, teve excesso de respeito. Nós estávamos planejando uma mudança para o próximo ano e não ficaria bem mudar com o Ricardo estando aqui até hoje, por exemplo. Ainda com a tragédia de Chapecó, nós, do futebol, retardamos em uma semana o Brasileiro. Então, seriam três semanas para a gente ficar sem jeito para fazer uma mudança com o treinador trabalhando aqui, sabendo que haveria uma mudança.”

Quem pediu Wellington Nem? 

“Primeiro, a gente tem dois tipos de abordagem. Uma é o que o clube acredita. Então, vamos imaginar que a gente pensa trazer um importante atacante do futebol brasileiro. Ele é incontestável, com Rogério, Ricardo ou qualquer outro treinador. Ele não recusaria esse jogador. Então, a gente trabalha com essa linha. O Wellington Nem foi quase isso, mas o Ricardo sabia e aprovou. Nós tínhamos convicção que seria útil. Então, existem alguns jogadores que você não precisa perguntar. Se para trazer, vamos imaginar, um Ricardo Oliveira, que a gente gostaria de ter aqui e não pôde, ou um jogador importante do mercado internacional, não precisa do treinador nem perguntar. Aquele jogador intermediário, que é uma aposta, que teve uma boa campanha, caiu de produção ou está esquecido em um clube do exterior e não está sendo aproveitado, esse a gente discute, porque são circunstâncias, momento.”

Qual jogador é protagonista

“Pode ser que o protagonista que eu imagine não seja o que você imagina. A torcida, às vezes, enaltece um jogador que a gente, de repente, acha que não é protagonista. E a gente às vezes vê um pelo espírito profissional, pelas suas qualidades, que para mim é protagonista e para o torcedor não seria.”

Quantos jogadores devem ser contratados

“Três jogadores de alto nível. Vamos chamar assim, e depois os reforços normais de apostas, de jogadores em ascensão, jovens. É mais ou menos isso”.

Jogador para completar elenco

“Completar o elenco é uma expressão que eu não uso. Porque para completar o elenco eu tenho a base, que é extremamente promissora. Então, seriam jogadores importantes, úteis, de média performance, um nota seis para sete, que o tempo todo joga bem. É um volante que não perde tempo, que joga bem e ajuda, auxilia. Um atacante que pode entrar no segundo tempo e resolver. Então, tem muita gente que não é um protagonista, mas é extremamente útil.”

Felipe Melo

“É quase impossível. Um jogador que tem um valor de mercado importante, de representatividade importante e um custo elevado. Mas se fosse possível gostaria de tê-lo aqui, sim.”

Calleri

“Tem a ambição de jogar na Europa e um fundo que organiza a sua vida. Ele está na Inglaterra, como reserva e não tem jogado, atuou no sub-23… Eu falo com ele volta e meia por whatsapp. Ele adoraria vir, mas este não é o momento. Ele não poderia sair de lá agora, com o contrato terminando para maio. Outro jogador que o problema é relação contratual.”

Rafael Marques

“Não está no nosso plano, não. Esteve no ano passado, antes de eu chegar, inclusive, mas não está mais.”

Lucas Pratto

“Ele vale milhões de euros, certamente vai ser negociado para a Europa.”