Rogério Ceni, finalmente, vai poder escalar Cícero no São Paulo. A contratação do meia foi confirmada na tarde de quinta-feira, e vai reuni-lo novamente com o ex-goleiro. Há pouco mais de quatro anos, eles protagonizaram um episódio curioso, que terminou numa discussão pública entre Ceni e o treinador da equipe naquela época, Ney Franco.
O São Paulo empatava por 0 a 0 com a LDU de Loja, do Equador, no Morumbi, mas sofria pressão e só estava conseguindo a classificação para as quartas de final da Copa Sul-Americana de 2012 porque havia empatado por 1 a 1 com o modestíssimo rival fora de casa.
Preocupado com o volume de jogo dos equatorianos, Ceni balançava insistentemente os braços em direção ao banco de reservas, pedindo uma substituição. Minutos depois, Ney Franco chamou o centroavante Willian José, e o goleiro foi quase ao centro do campo para sinalizar que não era aquela a mudança ideal. Ele queria Cícero em campo, para preencher o meio e ajudar a equipe na bola aérea. Ney se irritou e fez gestos fortes para seu capitão.
– Ele pediu para colocar o Cícero de referência, e eu preferi colocar o Willian José. Foi isso que aconteceu. Não gostei das duas coisas. Do pedido dele e do jeito que falou. Eu sou o treinador, quem decide sou eu. Amanhã teremos a conversa com o grupo, que ocorre após todas as partidas, e vamos falar sobre isso – disse o treinador depois daquele jogo.
A partida terminou 0 a 0, o São Paulo se classificou, ganhou o título da Sul-Americana meses depois, inclusive com elogios entre Ceni e Ney, mas a relação deles nunca mais foi saudável.
Em 2013, depois de péssima campanha na Libertadores e no início do Brasileirão, Ney Franco foi demitido e disse em entrevista ao “O Globo” que Ceni boicotava Paulo Henrique Ganso. Em resposta, o capitão afirmou que, se tivesse tanto poder, Ney já teria caído muito antes.
De lá até o fim da carreira do goleiro, o clima se amenizou.
Se naquela ocasião específica Ceni gostaria de ter Cícero como referência no ataque, agora a ideia do treinador é aproveitar sua versatilidade no meio-campo, seja como volante – talvez até o primeiro –, seja como jogador de criação.
Porém, com a dificuldade da diretoria em contratar um centroavante, é possível que Rogério Ceni utilize Cícero, de 32 anos, na frente em algumas circunstâncias. Agora, só depende dele.