Me desculpe, Atlético Nacional

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Caíque Toledo

Eu odiei vocês. Muito, muito mesmo. A doída eliminação do São Paulo na Libertadores me fez procurar culpados. Canalizei toda a raiva pelos problemas do time, pelos erros de arbitragem e pelo vandalismo cometido na semana anterior em quem menos tinha culpa: o adversário.

 

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Torci contra na final. Mesmo com o melhor futebol das Américas, não queria que fossem campeões. Oras, por que um time assim precisa de ajuda da arbitragem para eliminar o meu, que capengou pra passar da primeira fase? Mas, ok, ganharam. Mereceram, mas não achem que estou contente com isso.

 

O Mundial está vindo. Vou assistir e já não tenho mais aquela raiva, mas também não vou torcer. Assim, se quiserem ganhar do Real Madrid, eu acharia legal. Mas também não me importaria nada se fossem eliminados pra algum time da África ou da Oceania.

 

Antes, tem a final da Sul-Americana. Ah, esse eu vou torcer contra. Não contra vocês, por favor. Vai ser a favor da Chapecoense. A nova namoradinha do Brasil merece minha torcida. A Condá, quer dizer, o Couto Pereira, vai pulsar em busca do primeiro título internacional deles. Merecem, muito.

 

Eu odiei você, Atlético Nacional. Por um tempo, não queria saber de você. Tinha raiva por me tirar, de maneira tão agressiva, um sonho que alimentei por alguns meses. Eliminar o São Paulo da Libertadores, nossa competição favorita, depois de tudo aquilo que passamos? Ok, vocês são melhores e mereceram, mas precisava daquela expulsão do Maicon? Precisava do gol impedido? Precisava do pênalti no Hudson?

 

O tempo passou e, aos poucos, passei de raiva para indiferença. Pouco me importava se vocês ganhariam ou perderiam algo. Mas, depois de hoje, eu me recolhi à minha insignificância e percebi que estava errado. O ódio, na verdade, era um misto de birra e inveja.

 

LUIS ACOSTA/AFP

LUIS ACOSTA/AFP
Gratidão acho que é a palavra certa

 

Você, agora, me conquistou. O que você fez nesta quarta-feira, 30 de novembro de 2016, será tão lembrado quanto o trágico acidente. O que você e sua torcida fizeram foi a maior aula de união e heroísmo da história. O que você fez não tem nome. É puro amor.

 

Sabem, eu queria abraçar, um a um, quem esteve hoje do lado de dentro ou do lado de fora do Atanasio Girardot. Obrigado por tudo isso aí que vocês fizeram hoje à noite. Obrigado por resgatarem minha fé na humanidade. Obrigado, simplesmente, por serem humanos.

 

Saiba que, mesmo longe, você, Atletico, ganhou mais um torcedor. Aliás, muito mais de um. São milhões de novos verdolagas espalhados por Chapecó, pelo Brasil, pelo mundo. Os acontecimentos de hoje serão lembrados para sempre, e essa é a maior taça que alguém poderia erguer. Títulos? Torcida? Estrutura? Grandeza se mede por atitudes. E você soube agir como ninguém.

 

No fundo, acho que te devo um pedido de perdão. Pode até soar hipócrita, vindo de quem até pouco tempo atrás achava ter raiva de você. Mas eu juro que é sincero. O que você e sua torcida fizeram aqueceu meu coração. No fundo, sei que lhe devo minhas sinceras desculpas. Saiba, Atlético Nacional, que eu estou completamente apaixonado por você. Obrigado por tudo.