ESPN.com.br
Pedro Cuenca
A cada ano que passa, chega uma nova Copa São Paulo de Futebol Júnior. Novos jogadores entram nos campos espalhados pelo estado em gramados que parecem pastos. Chuvas caem, iluminações também. A gente assiste porque é a única coisa decente que tem na TV até a chegadas dos “maravilhosos e salvadores” estaduais. E também porque ali podem estar os futuros craques do futebol brasileiro, claro. Os campeões sempre fazem a festa no dia 25 de janeiro, mas no futuro outras talvez acabem fazendo ainda mais festa.
O São Paulo é um grande exemplo disso. O clube venceu apenas três edições da Copinha (1993, 2000 e 2010). Apesar disso, está sempre entre os favoritos ao título. Nos últimos anos, venceu quase tudo nas categorias inferiores, exceto a Copinha. Mesmo sem o título mais reconhecido, conseguiu fazer com que diversos jogadores fossem reconhecidos pela torcida e muitos deles já foram alçados para o time principal.
Hoje, os torcedores sabem e reconhecem David Neres, Lyanco, Luiz Araújo, Lucas Fernandes, entre outros jogadores. Além disso, sabem quais promessas da base podem ou não vingar pelo futuro, principalmente porque temos acesso a imagens de tudo isso, na televisão ou na internet. Os técnicos também. Até por isso, Rogério Ceni chamou diversos meninos do sub-20 para a Florida Cup, como Shaylon, Junior Tavares, Foguete, Lucas Kal, Felipe Araruna, entre outros. No passado, sem essas imagens, nos iludimos bem com Sergio Motta ou Lucas Gaúcho. Hoje, sabemos que Matheus Frizzo pode render e que Marquinhos Cipriano vai dar trabalho quando sair do sub-17.
Depois de muito tempo, o Tricolor aprendeu que vencer a Copinha é bacana para o moral dos meninos, mas não é a coisa mais importante do mundo. Bom mesmo é a formação dos atletas, para que eles recompensem o esforço no futuro, seja através de vendas que rendam lucros ou de conquistas no time profissional, rendendo troféus nas estantes. Na última conquista da Copinha, por exemplo, o time revelou Lucas e Casemiro, que subiram e conquistaram uma taça no profissional, a nossa última. Foram vendidos, renderam dinheiro, mas poderiam ter ficado mais. Outros, como Willian Arão, rodaram o mundo até se acertarem.
Estamos há seis edições da Copinha sem ganhar e, hoje, não nos faz falta alguma. Ano após ano, os meninos da base conquistam outros títulos, fazem bonito e agora sobem com mais frequência ao profissional. Parabéns também ao trabalho de André Jardine, que está no comando do time há dois anos. Sabemos agora que Cotia pode, e deve, ser usada com mais frequência porque temos talentos brotando por lá. Isso, claro, se a nossa diretoria não inventar de caçar medalhões duvidosos no mercado. A mudança está dentro do nosso próprio clube, basta enxergar com calma.
Podemos provar que ganhar não é tão importante se buscarmos os elencos do São Paulo campeões da Copinha. Ou mesmo se voltarmos bem no tempo. Silas, Muller e Sidney formavam, ao lado de Pita e Careca, os Menudos do Morumbi e subiram ao profissional sem nunca terem vencido a Copa São Paulo. Alguns saíram, foram para outros times, mas antes deixaram o nome no Tricolor. Muller, por exemplo, ficou até ser bicampeão da Libertadores e do mundo em 1992 e 1993.
Na década de 90, quando saiu o primeiro título tricolor na Copinha, o time teve Rogério Ceni como grande nome quando subiu para o profissional, mas depois de um bom tempo como reserva. O lateral-esquerdo André até teve seu brilho, antes de sair para o rival. Outros como Mona, Catê e Sergio Baresi (mais lembrado como treinador da base) pouco deixaram saudades. Em 2000, por exemplo, Kaká era apenas o reserva daquele time e foi o que mais ganhou oportunidades no clube, virando ídolo alguns anos depois.
Mesmo se olharmos os rivais que ganharam a Copinha nos últimos anos, veremos que a situação é assim. O Corinthians eliminou o São Paulo em 2015, na semifinal. O Flamengo, em 2016, nos venceu nas quartas. Quantos jogadores desses times você vê nas equipes profissionais? E os eliminados tricolores, quantos estão no time de Rogério Ceni? Pois é….
Uma lição que, felizmente, o São Paulo aprendeu. Porque, sim, é possível aprender muito nas derrotas.