Diferenças de postura marcam desempenho das equipes do São Paulo e Corinthians no Paulistão

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Rogério Ceni, técnico do São Paulo

Blog Completando a Jogada

Foi totalmente discrepante a postura mostrada em campo por São Paulo e Corinthians na última rodada do Campeonato Paulista. As duas equipes estão em fase de aprimoramento tático com treinadores que não possuem experiências anteriores nesta função, mas que possuem uma grande empatia e conhecimento do clube que comandam. O São Paulo que teve um adversário mais qualificado conseguiu apresentar boa produtividade enquanto que o Corinthians que era favorito teve uma atuação decepcionante.

É logico que é perigoso comparar o desempenho das duas equipes, pois vários fatores podem ter influenciado no desempenho dentro e fora de campo. Mas, mesmo jogando em casa, o que ficou mais latente foi o comportamento das duas equipes frente ao adversário. O São Paulo procurou jogar e não se intimidou com a proposta defensiva da Ponte Preta, usando as laterais como opção de jogo. Já, a equipe corintiana não conseguiu fazer a correta leitura do esquema tático do Santo André e desta forma não foi capaz de neutraliza-lo.

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O que tento traçar é uma comparação entre os resultados mostrados dentro de campo, pois não cabe efetuar comparações entre Rogério Ceni e Fábio Carille, mesmo porque demonstram ter estilos diferentes na forma de conduzir seus atletas, vivem momentos diferentes dentro de seus clubes e o trabalho ainda está no início. O São Paulo vive clima de euforia, uma espécie de “lua de mel” com seu ídolo e o Corinthians efetivou seu auxiliar técnico, pois quis manter o estilo 4-1-4-1 que deu certo com a equipe na gestão de Tite.

Já o São Paulo começa a desenhar uma linha crescente em rendimento. Não só pelo resultado no placar de 5 gols a 2 contra a Ponte Preta, mas, principalmente, porque a equipe demostra que está adquirindo padrão tático.  Manteve a produtividade e marcou dois gols ainda no primeiro tempo, que facilitaram seu desempenho. O Tricolor está procurando aliar velocidade com posse de bola e poder de reação, da mesma forma que contra ao Audax, na partida anterior, não se abateu quando tomou o primeiro gol.

No futebol, um dos fatores que contribuem para o sucesso do esquema tático implantado pelo treinador é a aceitação pelos atletas. O próximo passo é o entendimento da função que cada jogador tem. Os resultados são a consequência. E no São Paulo tudo parece correr bem, até o momento.

No Corinthians, tenho a impressão de que Carille não está conseguindo extrair o melhor de cada jogador. Apesar de o Santo André ser tecnicamente inferior, o Timão foi totalmente inofensivo, pois não conseguiu se impor. Cedeu espaços ao adversário e cometeu muitas falhas defensivas que foram capitais para definir a derrota e manter o desempenho abaixo da expectativa.

O elenco do Timão tem jogadores de qualidade, mas parece que está faltando o combustível principal que é a conexão com o esquema. A equipe corintiana demonstrou novamente apatia, que está se tornando crônica. Parece um time sem vontade de entrar nas divididas: irregular defensiva e ofensivamente.

O momento político no Corinthians também é instável e acaba influenciando mesmo que indiretamente o desempenho da equipe em campo. Nesta linha motivacional também podemos apontar o temperamento mais comedido de Carille trabalhar, que aparentemente prefere deixar para o vestiário as observações da partida.

Os campeonatos regionais são importantes para testar a qualidade e produtividade do trabalho das comissões técnicas. Isto depende, é claro, dos resultados obtidos em campo, pois apesar da competição não apresentar alto nível de exigência, é neste início de temporada que deve ser delineada a formatação tática da equipe.