Para evitar corrupção, Conmebol esquece dinheiro vivo e passa a gravar reuniões

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Depois de descobrir desvios no valor de US$ 129 milhões, entidade adota práticas “modernas” de administração

Para tentar sair do buraco em que se meteu por causa da corrupção – uma investigação interna mostrou que US$ 129 milhões foram desviados – a Conmebol abandonou práticas adotadas por décadas e se obrigou a adotar algumas novas. Um exemplo está na página 65 do seu relatório de atividades de 2016, divulgado ontem no Chile:

– Acompanhamento da área de auditoria interna para eliminação da manipulação de dinheiro em espécie, procedendo a realização de operações através de contas bancárias para efetivação de pagamentos […] e limite de fundos para a compra de insumos logísticos.

Congresso da Conmebol teve a participação de presidente da FIFA (Foto: Martin Fernandez)

Congresso da Conmebol teve a participação de presidente da FIFA (Foto: Martin Fernandez)

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Ou seja: a Conmebol trocou dinheiro vivo por conta bancária. Na mesma página do relatório, a entidade informa que criou “normativas para a entrega de adiantamentos para clubes e associações”. Portanto…

Segundo o balanço de 2016 da entidade, o primeiro de sua história a ser publicado, a Conmebol gastou US$ 10 milhões com “restruturação” em 2016. Na prática, isso quer dizer gastos com advogados que a defendem no processo em curso nos EUA e que atuaram na investigação interna que mediu o tamanho do rombo causado pelos desvios.

Outra providência tomada pela confederação sul-americana a partir de 2016 é a gravação dos áudios de todas as reuniões realizadas a portas fechadas, algo que não acontecia nas gestões de Nicolas Leoz (1986-2013), Eugenio Figueredo (2013-2014) e Juan Angel Napout (2014-2015).

Alejandro Domínguez e Gianni Infantino se encontraram em Congresso no Chile (Foto: Divulgação/Conmebol)

– Quando assumi, encontrei uma entidade que tinha o dinheiro como fim e o futebol como meio – repetiu várias vezes ao longo desta semana o atual presidente, Alejandro Domínguez, que foi eleito em janeiro de 2016.

A Conmebol agora direciona seus esforços para tentar recuperar o dinheiro que foi desviado entre 2000 e 2015.