LANCE
Após vitória sem empolgar contra o Avaí, técnico diz que fica mais feliz quando joga bem do que quando vence e diz que tentará fazer frente ao Palmeiras ‘no suor e no coração’
Rogério Ceni deixou o Morumbi aliviado nesta segunda-feira, após a vitória do São Paulo sobre o Avaí por 2 a 0. É assim que ele define o sentimento quando o time vence, mas não joga bem. Neste contexto, Ceni disse na entrevista coletiva após o jogo que sente mais satisfação quando seu time apresenta um bom futebol do que propriamente quando ganha.
– Jogando bem (fica mais feliz). Quando eu jogo bem, vou muito feliz para casa. Quando venço, vou aliviado. Quando jogo bem, fico feliz, e digo: meu trabalho da semana surtiu efeito. Se eu jogar bem muitas vezes, vou feliz para casa. Estou sempre mais feliz quando domino o jogo, tenho o controle, mais chances que o adversário. Como foi hoje, ele não me dá tanto prazer assim. Mas, no futebol brasileiro, para sobreviver o resultado é importante – avaliou o treinador.
Ceni estava mais tranquilo do que nas últimas entrevistas, após resultados negativos. Chegou a brincar com repórteres, e até sobre sua vestimenta, se auto chamando de “largado”. E falou sobre diversos assim. Projetou, por exemplo, o clássico do próximo sábado contra o Palmeiras. Para Ceni, o rival é superior e será preciso igualar de outras maneiras. E pediu até compreensão do torcedor citando a superioridade.
– Eu não trabalho só como treinador do São Paulo, trabalho como apaixonado por esse clube. Se o torcedor vai chateado embora para casa quando perde no Morumbi, imagina eu que morei aqui, que vivi aqui debaixo, que passei mais de 60% da minha vida. Eu espero que o torcedor entenda a diferença entre os clubes, a diferença financeira, poder aquisitivo, mas vamos tentar na alma, no coração, equiparar essa diferença – afirmou o treinador são-paulino.
Ceni também comentou sobre a má atuação de Cueva, a ausência de Maicon do time e a busca por reforços. Confira os principais trechos da entrevista do comandante, que decretou: não apresentará mais números nas coletivas.
Análise da partida
Foi um jogo bem disputado, um primeiro tempo com bastante domínio nosso. Tivemos chances, poderíamos ter feito o segundo já no primeiro tempo. E no segundo foi bastante equilibrado. Nos postamos bem na defesa, ponto destacável, mas não tivemos a mesma posse de bola, o mesmo jogo ofensivo que vínhamos tendo. Choveu muito, o gramado estava muito pesado. O jogador dificulta, o Morumbi não é assim. Campo muito encharcado, não deu para jogar de outra forma. Bom jogo, achei a equipe do Avaí bem organizada. Me surpreendeu, porque achei que viessem com três volantes, Marquinhos e dois de velocidade. Um dia me preparei com um atacante, e ontem com esse sistema. Fui surpreendido na escalação, com eles jogando com três homens. Aí com uma hora corrigimos, quando tem a escalação. Voltamos com o treinamento de sábado e não de domingo.
Confiança com a vitória
Confiança é sempre importante. Talvez poderíamos estar com pontuação melhor, se tivéssemos um ponto contra o Cruzeiro. Mas sempre peço que joguem soltos, tranquilos, sempre prefiro que venha na minha conta. Mas se dedicaram muito. Eles tiveram posse de bola, cruzamentos, mas o Renan não fez grandes defesas. Não conseguimos jogar como antes, mas em contrapartida não sofremos gols, fomos melhor defensivamente.
Atacantes que fizeram gols
O Luiz Araújo geralmente quando pega jogadores mais cansados, ele se dá melhor. Não entendam ele como jogador de segundo tempo, pois já entrou diversas vezes no primeiro e foi bem. A gente tenta moldar o time de acordo com as circunstâncias do jogo. Mas o Araújo entrou muito bem, Pratto participativo. Camisa 9 deixa sua marca, é sempre assim. Estamos tranquilos com essa posição, com o Gilberto também. Só temos dois jogadores de velocidade no momento, que são Marcinho e Luiz Araújo. Neilton e Cueva jogam mais pelo meio, o Morato só volta ano que vem. Não posso colocar os dois de velocidade de uma vez, porque se algo der errado… Então espero contar com o Wellington Nem, que me dá mais uma opção.
Situação de Cueva
Ele trabalhou segunda, terça e quarta em dois períodos. Tentamos dar uma ênfase maior a ele e Maicon para evoluírem. Jogador importantíssimo, nosso principal armador. Eu não escutei nada da torcida, talvez por estar concentrado. Ele saiu pelo cansaço. Mas é um jogador importantíssimo. Ele estando motivado, e bem fisicamente, talvez seja um dos melhores meias do país.
Preparado para críticas de torcedores? Teve manifestação quando tirou Cueva e pôs João Schmidt
Temos que respeitar qualquer manifestação do torcedor, é um lugar que vem para extravasar, lugar de emoção. E a saída do Cueva, a entrada do Schmidt, foi de recompor, o cansaço do Cueva. Acho que no fundo o torcedor saiu feliz, porque o jogador que eu coloquei fez o gol, o outro conseguiu combater o lateral (João). O torcedor é impulsivo, a gente que não pode ser. Eu acho muito legal essas diferenças, afinal se a gente não souber conviver com essas diferenças, não é legal. João teve papel importante e Cueva saiu pelo cansaço. Então não era vaia para o Cueva, era para o treinador (risos). Já isentamos o Cueva de qualquer coisa, é o mais importante, porque hoje ele é mais importante do que eu para o São Paulo.
Números
Se você vence, eu aprendi assim… São número mais importantes, até porque eu não vou falar mais de números com vocês (jornalistas), porque vocês não gostam. Vou guardar para mim. Contra um time que investiu tanto, trouxe tantos jogadores, um novo técnico agora, seria fundamental para a gente uma vitória.
Ausência de Maicon
Foi uma opção minha escalar o Lugano, até pensei que eles viriam de formação diferente. Achei que o Simião jogaria, coloquei o Lugano na sobra, onde ele já jogou e também pela sua liderança. Sua figura dentro de campo. Falei que eu não poderia colocar ele sempre, mas sempre que eu colocasse, eu respeitaria sua história, e ele seria capitão do meu time. Respeito muito aqueles que construíram essa história. Por isso coloquei ele, para passar para os mais jovens. Quem saiba o Maicon já possa voltar no próximo jogo, se recuperando.
Busca por reforços
Dentro das dificuldades do São Paulo, o poder aquisitivo, não é vergonha nenhuma, o São Paulo sempre trabalhou com as próprias pernas, seus patrocinadores, as pessoas que o dirigem, vamos tentar fazer o possível. Tenho certeza de que o Vinicius, e todos estão pensando em uma equação para reforçar o elenco. Vamos torcer para que o Thiago não tenha machucado, e se por acaso tiver, torcer para a recuperação seja rápida, e que tenha outros jogadores rápidos.