Ceni nega vexame, se apega a números no São Paulo e tem embate em coletiva

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Técnico não enxerga como vexatória eliminação para Defensa y Justicia, estreante em competições internacionais, cita campanha à frente do time e questiona repórter

Rogério Ceni deu a mais tensa entrevista coletiva em seus cinco meses como técnico do São Paulo. O treinador não enxergou como vexatória a eliminação na primeira fase da Sul-Americana diante do estreante em jogos internacionais Defensa y Justicia, da Argentina, após empate em 1 a 1 no Morumbi. O clube foi fundado em 1935, mas iniciou no futebol em 1978.

– Não acho que foi vexame, mas quem quer que fosse o adversário, a gente vem aqui sempre para vencer jogos. De 12 partidas aqui, perdemos duas já. Não perdemos hoje, mas não conseguimos a classificação. O adversário é um time bem armado taticamente. Já tinha visto, revisto. Conseguimos sair na frente. Numa desatenção, com a linha totalmente posicionada… A bola sem querer sobra para o jogador vindo de trás, ele acerta um belo chute – avaliou.

Bancado pelo diretor executivo de futebol, Vinicius Pinotti, Ceni se apegou aos números da campanha na temporada para dizer que mantém suas convicções, mesmo após três quedas seguidas – no Paulistão, na Copa do Brasil e agora na Sul-Americana.

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– São 11 vitórias, 9 empates, 4 derrotas. Nós jogamos para frente, não temos medo de perder nenhum jogo. Jogamos sempre em busca do gol. Nunca jogamos para trás. Sempre tivemos intenção do gol, nunca recuamos. É um propósito de jogo que eu tenho convicção e espero que dê certo no Campeonato Brasileiro.

Rogério Ceni abraça o técnico adversário, Sebastián Beccacece, antes da partida (Foto: Marcos Ribolli)

Rogério Ceni abraça o técnico adversário, Sebastián Beccacece, antes da partida (Foto: Marcos Ribolli)

Durante a entrevista coletiva, Ceni teve um embate com um repórter. Ele foi questionado sobre se os movimentos dos atletas em campo são corretos, pois a imprensa não tem como avaliar por conta das atividades com portas fechadas. O técnico pediu exemplos, e o repórter citou o posicionamento de Cueva, dizendo que ele flutua em campo.

– Se ele flutua, pode jogar em qualquer posição – respondeu Ceni, para, em seguida, demonstrar mais irritação com as perguntas, interromper e questionar os jornalistas.

O treinador reconheceu que o time argentino criou mais chances claras de gol e condenou o fato de o Tricolor ceder gols de maneira simples. Ceni disse ter tentado de tudo para melhorar a criação da equipe, usando Thomaz, Luiz Araújo e Gilberto, atletas ofensivos, para mudar o panorama do jogo. Não foi possível.

Na sua avaliação, a pior das três eliminações foi contra o Corinthians, no Paulistão, por conta do primeiro tempo no Morumbi. O Tricolor também caiu para o Cruzeiro, na Copa do Brasil. Agora, resta o Brasileirão: estreia contra o mesmo Cruzeiro, no domingo, no Mineirão – veja aqui a tabela. O contrato de Rogério Ceni vale até o fim de 2018.

Veja os principais trechos da entrevista:

Eliminação em si
“Fomos eliminados em três competições. Quando se tem fases decisivas em fase sequencial, você está sujeito. Um passa, o outro fica. Conseguimos vencer o Cruzeiro fora de casa, mas o gol a mais acabou eliminando a gente da Copa do Brasil. Você vê duelos bem desequilibrados, enquanto tivemos duelo com uma equipe do nosso tamanho. Na semifinal do Paulista, um primeiro tempo mal feito, três de igual para igual com o Corinthians, e saímos da competição. Quando um trabalho é bem feito, as pessoas sabem da sua dedicação, tem que ser reconhecido pelo seu trabalho diário.”

“Não é um aproveitamento ruim. Temos que reagir de forma rápida. Temos que considerar lesões. Cícero, Wesley, Morato, mais alguns jogadores no departamento médico. A gente perde peças do meio para frente, onde você fica com menos alternativas para tentar mudar o jogo. Hoje, os três mais ofensivos que tínhamos, colocamos. Tentamos fazer o gol, mas não foi um dos melhores jogos. Não foi um jogo no nível de alguns outros que fizemos aqui. O Defensa marcou bem nossa saída de bola e dificultou nossa chegada, tem bastante mérito pela classificação. Vamos continuar trabalhando para tentar começar bem o Brasileiro.”

Qualidade do elenco
“Não tenho nada para reclamar dos meus jogadores, não. São extremamente dedicados, trabalham firme todos os dias. Entendem o que a gente quer, jogam com dedicação. A gente faz o máximo pelas vitórias. Infelizmente, batemos na trave, na semifinal do Paulista. Contra o Cruzeiro, faltou um gol. E hoje empatamos os dois jogos contra um time que vem crescendo no Campeonato Argentino, nos últimos seis jogos teve boas vitórias. Fizeram um jogo contra o Boca na Bombonera.”

“A gente consegue fazer o gol, sair na frente, criar as oportunidades, mas a gente acaba cedendo gol de maneira boba, que os outros times não cedem. Temos que evoluir nisso. Mas o time batalhou, lutou. Não tenho absolutamente nada para reclamar de nenhum jogador. Qualquer culpa que se tenha, é minha. Quem escolhe esse grupo, quem aceitou trabalhar com esse grupo, fui eu. Quando vierem as vitórias, os atletas colherão os frutos e terão seus nomes gritados pelo torcedor. Enquanto as vitórias não vêm, a responsabilidade é toda minha.”

Tempo sem jogos
“Eu preferia ter jogado domingo e domingo do que neste espaçamento. Teria sido muito mais produtivo ter conseguido estar na final do Paulista. Independentemente de vitória ou derrota, teríamos mais ritmo.”

Treinos fechados à imprensa
“De vez em quando, nem quando é aberto vocês (jornalistas) têm a percepção. Aí quando se trabalha a parte tática, prefiro fechar o treino. Dou imagens por 15 minutos, aquecimento. É suficiente para terem as imagens para as matérias que precisam. Segunda-feira foi aberto na totalidade. Na terça e quarta, trabalhamos taticamente, vocês só tiveram os primeiros minutos e as entrevistas de cada atleta. Depois, eu prefiro trabalhar de maneira fechada. Não é deixado de trabalhar, ninguém fica de folga.”

Compreensão do elenco
“Totalmente. Nós ganhamos 11 vezes, empatamos 9. Tomamos gols nos minutos finais dos jogos. Poderíamos ter 13, 14, 15 vitórias. Cedemos muitos empates no final de cada jogo no Campeonato Paulista. O esquema de jogo é extremamente ofensivo. Enquanto esteve jogando, o São Paulo foi a equipe que mais fez gols. Agora, tem que se dar logicamente o equilíbrio. Baixamos o número de gols marcados e os sofridos, mas não conseguimos os resultados. Agora temos exclusivamente o Brasileiro para tentar um bom trabalho.”

Pior partida do ano?
“Jamais. Não foi a pior. Não vencemos, mas nosso pior jogo foi contra o Ituano, depois de uma viagem para jogar contra o ABC. Merecíamos ter perdido o jogo naquela oportunidade. Não apresentamos nada fisicamente, foi disparado o pior. O de hoje não posso considerar entre os melhores, mas não está entre os piores.”

Convicções
“Pressão sempre existe, é natural. Vocês estão aqui justamente para tirar o máximo de respostas. Nos resta o Brasileiro e temos que focar. As convicções são de um time que ataca bem, que vai tentar se recompor mais rápido. O que mais importa são as eliminações. A campanha em si não é das piores. As eliminações, sim, são preocupantes no sentido de que não conseguimos chegar. Saímos na semifinal do Campeonato Paulista, como acontece há 10 anos. Na Copa do Brasil, não conseguimos vencer, como não conseguimos ao longo de toda a história. Hoje, saímos precocemente, assim como Cruzeiro saiu ontem. Agora, no Brasileiro, campeonato de pontos corridos, vamos identificar o que precisamos. Se for preciso, buscar um ou outro jogador. O Palmeiras foi eliminado no Paulista, o Cruzeiro foi eliminado, mas tem equipe para ser campeã brasileira também.”

Por que Lugano não foi relacionado? Vê Douglas à frente dele?
“O Lugano foi relacionado em todos os jogos comigo. Hoje, as características dos jogadores do Defensa não combinavam tão bem para o jogo dele. Se fosse um time com centroavante de área, de referência, com certeza ele estaria no banco. Tentei levar jogadores de mais velocidade, só poderia relacionar 18 jogadores.”

Falta de agressividade do São Paulo e chances mais claras do adversário
“Nós jogamos com três atacantes, trocamos os meias. Todas as alternativas que tínhamos no banco. O máximo que eu pude colocar o time para frente, fui colocado. Também tenho que pensar na bola área. É um time bem fechado. Eles jogaram no campo de defesa, marcaram bem, encurtaram espaço. Aí fica difícil entrar no campo de defesa. Precisa vencer, se expõe um pouco mais, é natural que tenha contra-ataque. Se tivéssemos mantido a vantagem, talvez nós tivéssemos as melhores chances.”

Neilton
“Neilton foi peça para jogar lado a lado com o Cueva, para enfrentar três zagueiros, junto com Pratto. Já que eles desciam com os dois alas, a gente tentar bloquear o lado e tentar deixar um 3 contra 3. O Neilton não jogou aberto pela ponta, jogou como um falso 10, os dois com liberdade de movimentação, com o Pratto mais à frente. Infelizmente, não conseguimos ter sucesso. Estava entre Thomaz e Neilton, optei por Neilton por ter mais posse de bola, drible curto. Não conseguiu desempenhar como eu esperava, e pus o Gilberto para poder enfrentar mais fortemente os jogadores argentinos.”

3 COMENTÁRIOS

  1. O discurso do RC não bate.
    Jogamos para frente ? Não houveram 03 chances claras de gol no jogo todo, o goleiro adversário não fez uma defesa.
    Fez as alterações ? Colocou 02 centroavantes e ninguém para triangular e fazer o cruzamento.
    Neilton falso 10 onde ? Ela mal que mal sabe ir pro um contra um.
    Time com 03 volantes, sendo 1 puramente de contenção, time ofensivo ?
    Pra mim o atestado de incompetência do RC esta assinado.