Onde estava Ceni? Quem perdeu o pênalti? Quanto custava o ingresso? No dia do aniversário de 25 anos da primeira conquista do Tricolor no torneio sul-americano, recorde fatos curiosos
Dezessete de junho de 1992. Há 25 anos, o São Paulo faturou seu primeiro título da Libertadores e deu o pontapé inicial de uma relação de amor com a competição sul-americana. Aquela conquista mudou o patamar do Tricolor no futebol brasileiro (e mundial). Há quem diga que as outras equipes voltaram a dar importância ao torneio depois que o capitão Raí levantou o caneco.
Para relembrar detalhes da saga tricolor, nessa comemoração de bodas de prata, o GloboEsporte.com lista 25 coisas de que (talvez) você não se lembre. Divirta-se!
1 – Dá pra acreditar?
O São Paulo perdeu de 3 a 0 do Criciúma na estreia da Libertadores de 1992. Sabe por quê? Telê Santana resolveu poupar os titulares por conta de um clássico contra o Palmeiras, dois dias depois, pelo Brasileirão. A estratégia não deu certo. O Choque-Rei foi perdido por 4 a 0. Agora, você imagina nos dias de hoje um treinador poupando jogadores na Libertadores por causa do Brasileiro?
2 – Ele não tinha papas na língua
Telê Santana fazia duras críticas à Conmebol por não haver controle antidoping nos jogos. Esse era um dos motivos que fazia o treinador querer priorizar o Brasileirão. As reclamações de Telê, aliás, o fizeram ser chamado por dirigentes da entidade para explicar suas afirmações. Coincidência ou não, depois da derrota para o Criciúma, todas as partidas do Tricolor tiveram antidoping.
3 – Parece mentira…
Galvão Bueno narrou a final entre São Paulo e Newell’s Old Boys com toda a emoção que lhe é peculiar. Mas preste atenção ao detalhe: não foi pela Rede Globo. Estranho, né? A emissora não tinha os direitos de transmissão do torneio, e o narrador havia sido contratado pela Rede OM, responsável por exibir a decisão, que teve pico de 53 pontos de audiência.
4 – São Paulo sem Ceni?
Rogério Ceni, São Paulo e títulos. Esse tripé fez muito sucesso na história do clube. Mas, em 1992, o ex-goleiro e agora técnico estava bem longe de ser o Mito que todos conhecem hoje. Ele já estava no Tricolor (chegou em 1990). À época da Libertadores de 92, aliás, Ceni ainda vivia no alojamento que ficava dentro do estádio do Morumbi. Zetti, Alexandre e Marcos eram os goleiros da equipe.
5 – Nota triste
Reserva direto de Zetti naquele São Paulo, o goleiro Alexandre morreu em acidente de carro um mês depois de conquistar a Taça Libertadores pelo Tricolor (ele atuou na vitória por 2 a 0 sobre o Nacional, do Uruguai, nas oitavas de final). O jogador tinha apenas 20 anos e era considerado uma das principais promessas da posição.
6 – Hermanos ilustres
Três treinadores famosos do futebol argentino atualmente participaram da decisão de 1992 defendendo o Newell’s. Marcelo Bielsa era o técnico, Tata Martino, que comandou Neymar no Barcelona, atuava no meio-campo, enquanto Berizzo, hoje no Sevilla, era zagueiro. Ele marcou o gol da vitória por 1 a 0 em Rosario, na primeira final, e errou sua cobrança nos pênaltis, no Morumbi.
7 – Cara, crachá
Suélio, Menta, Claudio Mora, Mona, Eraldo, Rinaldo… Todos eles estavam na lista de inscritos do São Paulo na Libertadores de 1992. Embora coadjuvantes das principais estrelas do time, eles tiveram participação na caminhada do título. A maioria deles foi usada por Telê Santana quando o técnico poupou os titulares na partida contra o Criciúma.
8 – Atitude na altitude (rá!)
Contratado do América-MG, Palhinha encaixou perfeitamente no São Paulo. Titular de Telê, ele foi o artilheiro do Tricolor naquela Libertadores, com sete gols. A destacar, sua atuação na vitória por 3 a 0 sobre o San Jose, em Oruro, na Bolívia, a mais de 3700 metros do nível do mar.
9 – Artilharia pesada
Veja quem foram os autores dos gols do São Paulo na Libertadores de 1992:
- Palhinha – 7 gols
- Raí – 3 gols
- Antônio Carlos – 2 gols
- Macedo – 2 gols
- Muller – 2 gols
- Elivélton – 2 gols
- Rinaldo – 1 gol
- Ronaldão – 1 gol
10 – Dinheiro no bolso
Cada jogador campeão daquela Libertadores ganhou um prêmio de US$ 10 mil. Como comparação, o elenco dividiu uma premiação de R$ 1,5 milhão na conquista de 2005.
11 – Velho conhecido
Auxiliar técnico de Rogério Ceni no atual São Paulo, Pintado era um dos jogadores de confiança de Telê Santana em 1992. Era o carregador de piano do time. Enquanto Muller, Raí e companhia brilhavam no ataque, ele infernizava os rivais com seu estilo brigador no meio de campo.
12 – Questão política
Durante a disputa da Libertadores, o elenco sofreu uma baixa importante: o lateral-esquerdo Nelsinho foi afastado. O caso não foi bem explicado à época, mas uma das teorias diz que o atleta apoiou a oposição na eleição presidencial do clube.
13 – Ainda bem que foi campeão
Telê Santana estava na mira da equipes da Europa em 1992. Mas a conquista da Libertadores fez o técnico seguir no São Paulo. O resultado todos conhecem: campeão mundial!
14 – Da arquibancada
O torcedor do São Paulo gosta da Libertadores. Quantas vezes essa frase foi dita para justificar os grandes públicos no Morumbi em jogos da competição. Mas nem sempre foi assim. Dá uma olhada no números de torcedores ao longo da edição de 1992. Só bombou na final!
15 – Bronca merecida
O técnico Telê Santana não gostou da postura do time no empate por 1 a 1 com o San José, da Bolívia, em partida válida pela primeira fase. “Fizemos pouco do adversário”, reclamou o Mestre na ocasião. A equipe acordou depois dessa bronca e melhorou durante a competição.
16 – O dedo do técnico
Na decisão contra o Newell’s, Telê Santana mostrou que o fato de o atleta ser famoso não garantia lugar na equipe. No segundo tempo, ele sacou Muller e colocou o garoto Macedo que, em seu primeiro lance, sofreu pênalti. Raí marcou, garantiu o 1 a 0 e levou a decisão para as penalidades.
17 – É loteria?
Veja abaixo como foi o desempenho dos dois times na vitória por 3 a 2 do São Paulo nos pênaltis:
São Paulo
- Raí – GOL
- Ivan – GOL
- Ronaldão – ERROU
- Cafu – GOL
Newell’s Old Boys
- Berizzo – ERROU
- Zamora – GOL
- Llop – GOL
- Mendoza – ERROU
- Gamboa – ERROU
18 – Assunto proibido
Gamboa, que cometeu o pênalti sobre Macedo no tempo normal e errou a cobrança decisiva na disputa de pênaltis, não gosta de falar sobre a final daquela Taça Libertadores. Contatado pela produção do Esporte Espetacular, o atual técnico do Gimnasia de Jujuy, da Segunda Divisão argentina, não quis comentar o tema:
– Não me interessa.
Mas faz 25 anos agora, Gamboa…
– Eu sei.
Fim de papo.
19 – Bola, campo, dois pontos…
As vitórias na edição de 1992 ainda valiam dois pontos. A Libertadores adotou os três pontos para cada triunfo somente a partir de 1995. O Tricolor, então, se classificou com oito pontos, em segundo lugar no Grupo 2. Foram três vitórias, dois empates e uma derrota. Naquela ocasião, o torneio foi disputado por 21 times, contra os 47 da atual edição, a mais inchada da história.
CLASSIFICAÇÃO FINAL DO GRUPO 2
EQUIPE | PONTOS | JOGOS | VITÓRIAS | EMPATES | DERROTAS | GOLS PRÓ | GOLS CONTRA | SALDO |
1º – Criciúma | 9 | 6 | 4 | 1 | 1 | 13 | 7 | +6 |
2º – São Paulo | 8 | 6 | 3 | 2 | 1 | 11 | 5 | +6 |
3º – Bolívar | 6 | 6 | 2 | 2 | 2 | 9 | 9 | 0 |
4º – San José | 1 | 6 | 0 | 1 | 5 | 5 | 17 | -12 |
20 – Obsessão
Fazia nove anos que um time brasileiro não conquistava a Libertadores – o último título tinha sido do Grêmio, em 1983. Curiosamente, o país voltou a vencer mais a competição depois que o São Paulo conquistou o sexto título para o Brasil: foram 11 títulos posteriores.
21 – Nem era real
Em 1992, a moeda corrente no Brasil era o cruzeiro. O ingresso de numerada térrea para a final entre São Paulo e Newell’s Old Boys, por exemplo, custava Cr$ 15.000,00.
22 – Mar de gente
Assim que Zetti defendeu o pênalti de Gamboa, e o São Paulo se sagrou campeão da Libertadores de 92, os torcedores invadiram o gramado do Morumbi. Os torcedores foram para cima dos atletas e tentaram de todas as formas levar lembraças para casa, como calções, chuteiras, camisas, meiões… Até mesmo a rede foi levada como souvenir, assim como pedaços da grama.
23 – Gerações de tricolores
Kaká e Lucas foram, nos últimos anos, as maiores revelações recentes do São Paulo. O primeiro estava perto de completar 10 anos quando o Tricolor comemorou a Libertadores. E o segundo nem sequer havia nascido (ele nasceria no dia 13 de agosto de 1992).
24 – A festa
A torcida do São Paulo comemorou o título da Libertadores na Avenida Paulista, tradicional palco de manifestações populares na capital paulista. O elenco, por sua vez, foi fazer a festa em uma boate das mais renomadas da época, na mesma região.
25 – O caminho do título
OS JOGOS DO TRICOLOR NA LIBERTADORES DE 1992
Primeira fase | Criciúma 3 x 0 São Paulo |
Primeira fase | San Jose-BOL 0 x 3 São Paulo |
Primeira fase | Bolívar 1 x 1 São Paulo |
Primeira fase | São Paulo 4 x 0 Criciúma |
Primeira fase | São Paulo 1 x 1 San Jose-BOL |
Primeira fase | São Paulo 2 x 0 Bolívar-BOL |
Oitavas de final | Nacional-URU 0 x 1 São Paulo |
Oitavas de final | São Paulo 2 x 0 Nacional-URU |
Quartas de final | São Paulo 1 x 0 Criciúma |
Quartas de final | Criciúma 1 x 1 São Paulo |
Semifinal | São Paulo 3 x 0 Barcelona-EQU |
Semifinal | Barcelona-EQU 2 x 0 São Paulo |
Final | Newell’s Old Boys 1 x 0 São Paulo |
Final | São Paulo 1 (3) x (2) 0 Newell’s Old Boys |
E, neste domingo, o Esporte Espetacular mostra uma reportagem especial sobre o primeiro título do São Paulo na Libertadores da América.