Menon: Lugano se torna cada vez mais um herói solitário. Dibradoras no Picadinho

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Vivemos no país em que um presidente exercendo o cargo é denunciado por corrupção. No país em que aviões e helicópteros com centenas de quilos de cocaína tem uma ligação estreita com paramentares. No país em que o futebol, paixão popular, é dirigido por bandidos há décadas. No país em que tudo pode, a renovação do contrato de Diego Lugano tem um quê de dignidade, de lição a ficar aos jovens.

Diego Lugano aceitou a humilhação que Leco lhe propôs e ficará no São Paulo até o final do ano Vai ganhar menos e, no final do ano, se quiser, terá uma festa de despedida, com renda dividida com o clube.

Essa é a minha visão. Para a torcida, isto não conta. O que fica é a certeza que seu capitão não abandonou a batalha. Não deixou o clube na mão em seu momento tão ruim. A narrativa do mito se constroi assim. O jogador tosco, que veio do Uruguai sem nenhum currículo no futebol profissional, um autêntico beque de fazenda.

Chegou sem falar a língua – até hoje, fala mal – e sofreu em silêncio. Deixava a mulher no quarto e ia chorar na sala. Melhorou, ganhou espaço, tornou-se imprescindível e ídolo. Por causa do São Paulo, virou capitão da seleção uruguaia, mudou a relação de subserviência e quase escravidão do futebol uruguaio com o empresário Paco Casal. Construiu uma associação que incentiva, com construção de campos e quadras, o desenvolvimento do futebol uruguaio fora de Montevidéu.

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Voltou ao São Paulo, já veterano e sai dois anos depois, aceitando ganhar menos para não deixar o clube na pior. Isso é o que se dirá. Isso é o que ficará. Não interessa se a realidade é tão bela como a ficção.

No caso, está próxima. Lugano merecia ter jogado mais vezes. Tem errado pouco. E quando erra, tem sorte. Foi assim, contra o Furacão, com uma bola recuada de maneira terrível para Renan Ribeiro. Foi assim, contra o Fluminense, quando se posicionou mal, permitiu a jogada de Henrique Ceifador e foi salvo por defesas impressionante do goleiro.

ENQUANTO ISSO, LUCAS FONSECA JOGA MAIS UMA PÁ DE CAL NO FUTEBOL BRASILEIRO

O lateral Lucas Fonseca não tem vergonha de fazer uma palhaçada dessas, fingindo, de maneira grotesca, uma agressão de Paolo Guerrero? Não vou nem falar sobre respeito à profissão, ao companheiro de trabalho e aos colegas do time. Não vou falar da fama do futebol brasileiro e seus jogadores piscineiros, aumentada por ele. E nem do prejuízo que deu ao clube, sendo expulso por uma atitude tão grosseira e grotesca.

Fico pensando nos filhos de Luciano. O que eles sentem ao ver o pai dando um exemplo desses em campo? Caindo como um dublê mal treinado, fingindo uma falta que não houve. Os filhos dele sofrerão bulling na escola, terão de ouvir que o pai é um desonesto. É quase tão constrangedor como o Michelzinho se sentirá ao saber o que o papai aprontou no ano da graça de 2017.

Se Deus não existe, tudo é permitido, disse Fiodor Dostoieviski em Os Irmãos Karamazov.

Vivemos no país do tudo pode. Só o Marco Polo não pode viajar.

Com exemplos assim, tudo é permitido. Mas o Lucas Fonseca exagerou na dose.

Seu filho nunca terá o orgulho que tem o filho de Diego Lugano

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