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Renan Cacioli
Após o Tricolor ser encurralado pelo Grêmio no primeiro tempo e trocar muitos passes sem objetividade, Edimar resolveu fazer o mais básico do futebol e criou o lance do empate no Morumbi.
No empate em 1 a 1 com o Grêmio, na última segunda-feira, no Morumbi, o São Paulo acertou um drible em todo o confronto. Você não leu errado: um só. Foram 13 jogadores – esperar por um lance de habilidade de Renan Ribeiro contra um atacante gremista seria exigir demais do goleiro e do coração dos mais de 51 mil presentes. Apenas Edimar não saiu zerado de campo pelo lado tricolor nesse fundamento.
Em um primeiro momento, pode parecer uma informação irrelevante no universo de uma partida de futebol, com tantas variáveis. Pois acredite, não é. Ao menos, não foi no confronto de uma equipe que joga sem confiança contra o vice-líder do Campeonato Brasileiro.
Para superar a quase perfeição do time de Renato Gaúcho, apenas um lance de improvisação funcionou. Quase todo o resto tentado pelos comandados de Dorival Júnior deu errado. Não à toa, o treinador admitiu, após a partida, ter se tratado de um resultado alcançado muito mais no coração do que na técnica.
Pode-se dizer que o Grêmio amassou o São Paulo durante o primeiro tempo, apesar de ter tido menos posse de bola (40%, contra 60% dos donos da casa). Jogou apostando na tal “marcação alta”, termo da moda entre os treinadores. Não à toa, com apenas 15 minutos de bola rolando, o cenário em campo era este visto na imagem abaixo: nem sequer Lucas Pratto jogava da linha do meio-campo para frente. Eram 11 são-paulinos correndo atrás de 11 gremistas.
“Ah, mas se o São Paulo ficou mais com a bola, como isso é possível?”, você pode estar se perguntando. Bem, ter a bola por mais tempo não é sempre significado de domínio das ações objetivas de uma partida. O Tricolor trocou passes, sim (362 ao todo, contra 214 do rival), mas quase sempre horizontais, em seu campo, virando a redonda de um lado a outro. Quando precisava ser incisivo, acontecia o que se vê abaixo: cadê as opções, né, Petros?
É bom destacar que, quando perdia a posse, o Grêmio também se recompunha de forma a ter quase sempre a equipe toda atrás da linha de meio-campo. A diferença era que, na transição, o Tricolor gaúcho mostrava por que é o visitante mais letal deste campeonato. No bote errado de Arboleda, Pedro Rocha não perdoou e abriu o placar.
Faltava, pois, ao São Paulo, deixar o pragmatismo de lado e se arriscar um pouco mais. Dorival mexeu logo no intervalo. Trocou Jucilei – que não vinha bem – e Jonatan Gomez – que ainda não disse a que veio – por Cícero e Lucas Fernandes. Com a alteração, ele empurrou Cueva para a esquerda e centralizou o garoto da base.
Os mandantes foram para cima. Tanto que, no lance do gol de Lucas Fernandes, apenas Renan Ribeiro, Arboleda e Rodrigo Caio estavam no campo de defesa (veja no campinho abaixo). Foi a vez de o São Paulo empurrar o Grêmio contra a linha de fundo.
Tá, mas tudo isso poderia não dar em nada, certo? Afinal, aguentar a pressão do adversário não chega a ser um problema para os comandados de Renato Gaúcho. É aí que entra aquela estatística do Edimar, o lobo solitário do Tricolor. O Grêmio estava fechadinho. O São Paulo já havia tentado cruzar, chutar de longa distância, entrar pelo meio… Ele driblou Ramiro e desmontou a defesa gaúcha. O resto, o torcedor já sabe. Para um grupo sem confiança, o exemplo do lateral-esquerdo pode ser bastante útil: às vezes, arriscar é mais sensato do que parece.