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Algumas figuras marcantes do São Paulo Futebol Clube compareceram nesta terça-feira ao velório de Waldir Peres, no Cemitério Gethsêmani, na zona sul da capital paulista. Nomes como Muricy Ramalho, Milton Cruz, além do ex-presidente do Tricolor, Carlos Miguel Aidar, fizeram questão de se despedir e dar apoio à família do ex-goleiro, que aos 66 anos não resistiu a um infarto no último domingo.
Muricy Ramalho foi um grande amigo de Waldir Peres. Juntos vestiram a camisa do São Paulo por seis anos, entre 1973 e 1979. O ex-goleiro ainda permaneceu no Morumbi até 1984, se tornando o segundo jogador que mais defendeu o clube na história, com 617 aparições – fica atrás apenas de Rogério Ceni, que vestiu a camisa tricolor em 1237 oportunidades.
“O Waldir foi um companheiro de muitos anos, primeiro no São Paulo. Jogamos muito tempo juntos, tínhamos amizade, antigamente o futebol era um pouco diferente, mais romântico. A gente ficava muito tempo no clube. Ele ficou 11 e eu fiquei seis anos como profissional do São Paulo. Depois nos separamos, fui para o México, e na volta, quando estava acabando minha carreira, fui para o América-RJ, e a gente encerrou a carreira juntos”, disse Muricy Ramalho nesta terça-feira.
Sentido com a morte do grande amigo, Muricy revelou que a amizade entre os dois ia muito além das quatro linhas. O ex-treinador e agora comentarista relembrou a época em que, mais velhos, passaram a ter uma relação familiar.
“No América-RJ foi a melhor época nossa, porque nós já éramos casados, tínhamos filhos e a gente vivia em família mesmo. Foi quando comecei a conhecer bem o Waldir e sua família”, lembrou Muricy antes de ressaltar os feitos do ex-goleiro. “Não é fácil você ver um jogador que jogou 11 anos em um clube como o São Paulo, que é gigante. Ele é o segundo jogador que mais jogou pelo São Paulo, três Copas do Mundo… não é para qualquer um. Acho que ele não foi tão valorizado. No Brasil as pessoas não valorizam muito os ídolos, né?! Um cara que disputou três copas do mundo, não é para qualquer um, tem que ser mais valorizado. Mas infelizmente o futebol brasileiro tem memória muito curta”.
AIDAR – Quem também marcou presença no velório de Waldir Peres foi Carlos Miguel Aidar. O polêmico ex-presidente do São Paulo, que renunciou ao cargo em 2015 após ser acusado de desviar dinheiro do clube, deixou para trás os imbróglios em que se envolveu e também recordou algumas memórias que possui do ex-goleiro.
Filho de Henri Couri Aidar, que também presidiu o São Paulo, entre 1972 e 1978, período em que Waldir Peres atuou no clube, Carlos Miguel Aidar lembrou da grande partida do ex-goleiro na final do Campeonato Brasileiro de 1977, quando conseguiu desconcentrar os cobradores de pênalti do Atlético-MG e ajudou o Tricolor a conquistar seu primeiro título nacional.
“Eu tenho uma lembrança muito grata dele, foi no dia 05/03/1978, quando o São Paulo foi pela primeira vez campeão brasileiro. Meu pai era presidente do São Paulo naquele memorável jogo no Mineirão, e o Waldir foi o protagonista daquele título na medida que ele conseguiu desestabilizar os batedores do Atlético-MG. O Waldir sempre foi uma pessoa muito querida, estava falando com a viúva dele agora há pouco, lembrou-se dos bons momentos que ele conviveu com o meu pai e a nossa família”, disse o ex-dirigente.
“Eu conheci o Waldir muito mais como pessoa do que como profissional. Na época eu era apenas filho de um presidente do São Paulo, embora já fosse conselheiro do clube. Então sinto muito pela pessoa, mas a gente vê que o mundo do esporte sente muito pelo profissional. Não é porque ele veio a falecer que ele se tornou uma pessoa boa, o Waldir sempre foi uma pessoa boa, querido, amigo, sempre teve uma palavra agradável pra dizer”, completou.
Além da grande trajetória no São Paulo, Waldir Peres também teve uma longa carreira na Seleção Brasileira. Reserva nas Copas do Mundo de 1974 e 1978, o ídolo tricolor foi o goleiro titular em 1982, compondo o memorável time comandado por Telê Santana. Revelado pela Ponte Preta, ele ainda teve passagens por Guarani, Corinthians, Portuguesa e Santa Cruz.