Análise: bola parada e atitude salvam o São Paulo em jogo de muitas falhas

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GloboEsporte.com

Alexandre Lozetti

Qualidade de Hernanes e ímpeto de Gilberto evitam derrota para o Cruzeiro, em partida que se transformou na sequência dos testes de Dorival Júnior: correções são necessárias.

Em agosto, o São Paulo entrou em campo com seis jogadores – Arboleda, Edimar, Militão, Petros, Hernanes e Marcos Guilherme – que ainda não tinham 10 jogos pela equipe no ano. É repetitiva, mas sempre válida a ressalva de que a construção/destruição/reconstrução da equipe em meio ao Campeonato Brasileiro interfere diretamente no desempenho em campo.

Número de jogos pelo São Paulo em 2017:

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  • Petros: 10
  • Arboleda: 9
  • Militão: 9
  • Edimar: 6
  • Hernanes: 4
  • Marcos Guilherme: 4

Diante disso, a vitória por 3 a 2 sobre o Cruzeiro foi uma espécie de extensão dos testes que Dorival Júnior fez durante a semana passada. Ao longo dos 90 minutos, por exemplo, três jogadores diferentes exerceram a função de primeiro volante, de iniciar as jogadas: Militão, garoto titular que sentiu nervosismo excessivo; Rodrigo Caio, zagueiro que trocou de posição com o parceiro durante alguns minutos; e Jucilei, que entrou no intervalo.

Militão participa da troca de passes no ataque, mas jogada não dá em nada

Militão participa da troca de passes no ataque, mas jogada não dá em nada

A ideia do técnico era que o responsável por essa posição tivesse mais participação ofensiva. Militão até tentou, encostou nos meias para ser mais um na troca de passes perto da área rival, mas errou bastante, e a cada erro ficava mais retraído. Jucilei entrou no intervalo e tentou acelerar o jogo, até o São Paulo levar a virada e entrar em parafuso por instantes.

Jucilei acelera transição defesa-ataque para tentar recuperar vaga no time

Jucilei acelera transição defesa-ataque para tentar recuperar vaga no time

Fato é que o Tricolor mostrou pouquíssimo, novamente. Salvo pela qualidade de Hernanes na bola parada, ganhou três pontos e alívio para trabalhar por mais uma semana em busca de correções. Elas serão importantíssimas contra o Avaí, no próximo domingo, fora de casa.

Repare, no vídeo abaixo, como Robinho avança com liberdade total antes de fazer o lançamento que terminaria em gol – com falha que um zagueiro como Rodrigo Caio, às portas da Copa do Mundo, não pode mais cometer. No mesmo lance, erro individual do principal defensor, e coletivo de uma equipe retraída, preocupada, mas pouco agressiva na marcação.

Robinho tem liberdade total para criar jogada do gol de Sassá

Robinho tem liberdade total para criar jogada do gol de Sassá

Outra questão é a movimentação que envolve laterais fechando pelo meio e abrindo um corredor para a passagem dos pontas. Buffarini e Edimar não são dos mais rápidos e têm pouca aptidão ofensiva. Não são laterais com qualidade para participar da criação pelo meio. Marcos Guilherme, e principalmente Marcinho, não têm conseguido usar bem a velocidade.

Petros e Hernanes precisam se aproximar mais dessas jogadas para que o São Paulo possa triangular pelos lados.

Aspectos táticos à parte, atitude e personalidade ainda são importantíssimas no futebol. Gilberto entrou no segundo tempo, abriu espaços que não existiam com seu ímpeto – inclusive no pênalti que sofreu para decidir a vitória –, se aproximou de Pratto. Enfim, jogou. Falta de confiança é um problema real, então é preciso valorizar jogadores como o centroavante.