Atrás das linhas inimigas: Dorival e SP declaram guerra contra retrancas

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UOL

Bruno Grossi

  • Érico Leonan/saopaulofc.net

    Com Dorival Júnior, São Paulo marcou dez gols em em sete partidasCom Dorival Júnior, São Paulo marcou dez gols em em sete partidas

O São Paulo desfrutava de futebol vistoso no início da trajetória de Rogério Ceni como técnico. O ataque funcionava tão bem que os gols sofridos em excesso passavam quase desapercebidos. Os adversários, porém, começaram a encontrar antídotos para a intensa movimentação ofensiva do Tricolor, que começou a ter cada vez mais dificuldades para ir às redes. Foram 18 gols marcados em fevereiro, 16 em março, até chegar a apenas nove em abril e seis em junho – em maio, o time jogou apenas quatro vezes e fez cinco gols.

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Ceni foi demitido, a briga contra o rebaixamento tornou-se uma realidade dolorosa para o clube, mas a intenção de ter um estilo de jogo ofensivo foi mantida pela diretoria ao apostar em Dorival Júnior. Com o novo técnico, o time marcou dez vezes em sete partidas, mas chegar à meta adversária tornou-se um martírio. Há poucas tabelas e infiltrações e muitos passes errados, facilitando o trabalho dos adversários que já haviam entendido como minar a estratégia são-paulina desde os tempos de Ceni: recuar, povoar a área e esperar tranquilo pelos insistentes e equivocados cruzamentos.

“Isso é geral. Os times brasileiros estão aprendendo a marcar forte, com atenção especial a posicionamentos e jogos definidos nas transições. Isso nos assusta. Sempre gostamos de futebol brasileiro com troca de passes, criação de jogadas, e vemos prevalecer defesas sobre ataques. É preocupante e chama atenção. A partir deste momento tão evidente, preciso ter uma preocupação de maneira mais direta”, avisou Dorival.

Érico Leonan/saopaulofc.net

Buffarini voltará a ser titular com missões ofensivas diferentes do comum

Essa preocupação mais direta citada pelo técnico ficou evidente durante os treinos desta semana no CT da Barra Funda. De terça até sexta-feira, exercícios voltados para furar ou desmontar linhas de defesa prevaleceram. Inversão de posições, tabelas, ultrapassagens e marcação adiantada. Tudo com um só alvo a se derrotar. Além disso, o treinador tentou otimizar a recomposição defensiva do time, que tem sofrido muitos gols em contra-ataques.

Na terça, por exemplo, Dorival dividiu o elenco em diversos grupos de quatro atletas. Os quartetos mais ofensivos saíam com a bola e precisavam encontrar alternativas de vencer as duas linhas de quatro defensivas que encontravam pela frente, sendo uma com marcação mais agressiva e outra plantada à frente de um gol formado por cones. Ao concluírem ou perderem a jogada, os mais ofensivos precisavam se reorganizar em uma linha própria para impedir um contragolpe de quem estava marcando no lance anterior.

Na quarta, pela primeira vez com um esboço de time para encarar o Cruzeiro às 11h deste domingo, no Morumbi, Dorival mostrou que mudaria o esquema tático. O 4-2-3-1 foi preterido pelo 4-1-4-1, Jucilei foi para o time reserva para que um meio de campo mais móvel fosse formado e uma marcação mais adiantada e agressiva foi trabalhada. Como forma de desfazer as linhas da equipe suplente, Hernanes desgarrava de seu quarteto e encostava em Pratto. Os demais meias ganhavam espaço para forçar passes ou arrancar pelos lados.

O terceiro trabalho, com campo reduzido, foi mais uma prova para os titulares. O Cruzeiro se destaca pela compactação e deve obrigar o São Paulo a ter paciência para tocar a bola. Era essa a principal orientação da comissão técnica. Mas para não cair no vício de outros jogos, quando o Tricolor apenas ronda a área rival, sem levar perigo aos goleiros, a ordem era para que os passes fossem mais fortes e rápidos. A cada intervalo de tempo, o número de toques permitidos era reduzido e a exigência de concentração aumentava. Os jogadores entraram na pilha e se cobravam por mais aproximação.

Por fim, no último treino aberto da semana – neste sábado, a equipe trabalha com portões fechados no CT -, a intensidade dos primeiros dias deu lugar a exercícios mais posicionais. Dorival separou somente os titulares para treino fantasma e mais uma vez externou preocupação com a chance de encontrar outro rival retraído. Por isso, deixou Marcinho bem aberto pela direita, usou Buffarini como elemento surpresa para fechar pelo meio, grudou Hernanes com Pratto e deixou Petros pronto para brigar pela segunda bola. Na esquerda, Marcos Guilherme fazia o facão e Edimar, raras vezes, era acionado na linha de fundo. Para acelerar a transição da defesa, a saída de bola de Arboleda, Rodrigo Caio e Militão era sempre com passes mais esticados e firmes.

Ideias e estratégias traçadas por Dorival Júnior serão colocados à prova na 20ª rodada do Brasileirão, quando o Tricolor pode sair novamente da zona de rebaixamento em caso de vitória. É provável que o time entre em campo com Renan Ribeiro, Buffarini, Arboleda, Rodrigo Caio e Edimar; Militão; Marcinho, Petros, Hernanes e Marcos Guilherme; Pratto. Já o Cruzeiro, focado na semifinal da Copa do Brasil contra o Grêmio na próxima semana, tende a ser escalado com formação alternativa pelo técnico Mano Menezes.