Demissão de gerente de marketing vira caso de polícia no São Paulo

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GloboEsporte.com

Marcelo Prado

Alan Cimerman interferiu em processo de venda de camarotes do Morumbi para os shows da banda irlandesa U2, marcados para o mês de outubro.

Um escândalo de corrupção dentro do departamento de marketing do São Paulo virou caso de polícia. Após investigações comandadas pelo diretor de comunicação e marketing do clube, Márcio Aith, o gerente de marketing do Tricolor, Alan Cimerman, foi demitido por justa causa por interferência no processo de venda de camarotes dos shows da banda irlandesa U2. As apresentações estão marcadas para os dias 19, 21, 22 e 25 de outubro, no Morumbi. A informação foi divulgada primeiramente pelo Yahoo.

Quando há shows no local, o São Paulo comercializa seus camarotes a interessados e cada um é vendido por aproximadamente R$ 200 mil. Alan Cimerman, segundo a investigação feita pelo clube, vendeu todos a uma mesma empresa que, por sua vez, começou a revender a terceiros. Nessa comercialização, o clube pode ter tido prejuízo de R$ 1,4 milhão.

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   Morumbi será palco de shows do U2 em outubro (Foto: Alexandre Lozetti)

Morumbi será palco de shows do U2 em outubro (Foto: Alexandre Lozetti)

Além disso, cada dono de camarote tem direito a uma quantidade de ingressos de pista e de cadeiras numeradas. Mas, desta vez, só foram fornecidos os bilhetes de pista. Os de cadeira também foram revendidos pela empresa citada acima, e o dinheiro não foi repassado ao clube.

O advogado de Alan Cimerman, Daniel Bialski, nega os fatos.

– Eu tenho contratos que mostram que os camarotes foram vendidos para mais de uma empresa. Além disso, eles são assinados por três pessoas: Carlos Augusto de Barros e Silva (presidente), Márcio Aith (diretor de comunicação e marketing) e Elias Albarelllo (diretor financeiro). Tudo foi feito com transparência. O Alan tem gravações e documentos que mostram que não houve qualquer fraude. Além do mais, todos os contratos foram feitos pelo departamento jurídico do São Paulo – explicou o advogado.

O fato de ter assinado a demissão por justa causa, no entender do advogado, não mostra que ele assumiu a culpa pelo ocorrido.

– Não muda nada. Tanto que falei ao Alan que ele poderia assinar. Ele agora vai esperar a homologação para ver o que vai receber para no futuro decidir se vai entrar com alguma ação trabalhista – continuou Bialski.

As investigações foram iniciadas pelo Conselho de Administração do Clube, que chamou Alan Cimerman para explicar também a razão de o Tricolor ter reduzido o preço do aluguel do estádio. O São Paulo normalmente cobrava R$ 1,2 milhão. Para os shows do U2, nos dois primeiros dias, o aluguel foi de R$ 750 mil. Nos dois últimos, o valor foi ainda menor (não revelado). As justificativas apresentadas não foram convincentes, dando início a uma varredura no departamento.

Após novas descobertas, Cimerman não conseguiu se explicar novamente e acabou demitido por justa causa. O caso foi levado para a polícia, e a investigação continua. Oficialmente, o São Paulo não se manifesta sobre o caso.

Vale lembrar que Alan Cimerman foi contratado no final de 2015 sob enorme polêmica no clube. Ele teve problemas administrativos em uma de suas empresas, a Team Spirit, que prestou serviços durante a Copa de 2014. No total, ela foi acionada judicialmente por 14 fornecedores por falta de pagamentos.