Diretor envia carta a Leco e detalha desvio de R$ 1,5 milhão no São Paulo

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GazetaEsportiva.net

José Victor Ligero

Diretor elogiou atuação da diretoria encabeçada por Leco no caso do desvio de ingressos (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Em carta enviada ao presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, o diretor-executivo de comunicação Marcio Aith detalhou o esquema de desvio de ingressos e locação de camarotes do Morumbi para os shows da banda irlandesa U2 e do cantor norte-americano Bruno Mars, marcados para outubro e novembro, respectivamente. Segundo o dirigente, o ex-gerente de marketing, Alan Cimerman, extraviou R$ 1,5 milhão com a manobra.

“Em breve resumo, o Sr. Cimerman obteve ilegalmente, na conta pessoal de uma familiar de primeiro grau, depósitos de pelo menos cerca de R$ 1,5 milhão. Esses depósitos foram feitos por terceiros, aos quais o Sr. Cimerman prometera a ‘venda’ de ingressos e o ‘aluguel’ de camarotes para os shows da banda irlandesa U2 (nos dias 19, 21, 22 e 25 de outubro) e do músico norte-americano Bruno Mars (22 e 23 de novembro)”, escreveu o diretor na carta.

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O documento também foi distribuído aos conselheiros do clube. Nele, Aith diz que os crimes foram comprovados graças à exibição de documentos à diretoria tricolor por meio do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp.

O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) instaurou um inquérito policial para investigar o caso. De acordo com Aith, o clube do Morumbi não foi lesado pelo esquema, que prejudicou apenas terceiros.

Abaixo, veja a íntegra da carta endereçada a Leco:

“Ao Ilustríssimo Senhor Carlos Augusto de Barros e Silva, Presidente da Diretoria Executiva do São Paulo Futebol Clube

Transmito a V.S.ª os fatos abaixo descritos, apurados pela Diretoria Executiva de Comunicação e Marketing do SPFC, que levaram a direção de nosso clube a demitir, por justa causa, o Sr. Cimerman, Gerente de Marketing, bem como a solicitar a abertura de um inquérito policial no Departamento Estadual de Investigações Criminais – DEIC.

Registro, desde já, estarmos à disposição de todos os Conselheiros para prestar os esclarecimentos adicionais desejados, assim como já nos dispusemos a fazê-lo na reunião extraordinária do Conselho Deliberativo do dia 21 de Agosto de 2017.

Importante iniciar o relato salientando que, apesar da gravidade e da publicidade dadas ao caso, o SPFC não sofreu qualquer prejuízo direto, visto que as práticas infracionais, embora tenham prejudicado terceiros, em benefício direto do Sr. Cimerman, puderam ser amplamente comprovadas antes de consumadas contra o clube.

Em breve resumo, o Sr. Cimerman obteve ilegalmente, na conta pessoal de uma familiar de primeiro grau, depósitos de pelo menos cerca de R$ 1,5 milhão. Esses depósitos foram feitos por terceiros, aos quais o Sr. Cimerman prometera a “venda” de ingressos e o “aluguel” de camarotes para os shows da banda irlandesa U2 (nos dias 19, 21, 22 e 25 de outubro) e do músico norte-americano Bruno Mars (22 e 23 de novembro).

Os crimes restaram provados por meio de cópias de recibos de depósitos e de conversas em áudio e texto (do aplicativo WhatsApp) exibidos espontaneamente por terceiros prejudicados à Diretoria do SPFC, e, posteriormente, entregues ao DEIC. Nas conversas, o funcionário demitido admite ter enganado o clube, falsificado documentos e assinaturas e se beneficiado financeiramente dos atos delituosos que praticou.

Os ingressos prometidos pelo Sr. Cimerman seriam desviados de lotes de ingressos de cortesia habitualmente entregues ao SPFC pela produção de shows; já os espaços de camarotes oferecidos pelo ex-gerente, localizados no Estádio do Morumbi, são de propriedade do clube. Registre-se que os ingressos de cortesia, ainda não emitidos, serão entregues ao SPFC somente em meados de setembro.

Para atingir o seu objetivo, o Sr. Cimerman, a quem competia funcionalmente a comercialização de espaços durante eventos, planejava forçar o clube a firmar um contrato de cessão de nove camarotes, no valor de R$ 189.000,00 (cento e oitenta e nove mil reais), contrato esse entre o São Paulo Futebol Clube e uma empresa intermediária.

Os mesmos camarotes seriam mais tarde sublocados (com direito aos ingressos) a terceiros a valores exorbitantes. Depósitos antecipados chegaram a ser feitos em uma conta pertencente a uma integrante da família do Sr. Cimerman.

Como bem sabe V.S.ª, a diretoria comunicou a Presidência tão logo surgiram os primeiros indícios, e dela recebeu a orientação de apura-los até o fim, sem qualquer constrangimento nem limites pessoais. Dos demais diretores recebeu a discrição e o apoio técnico necessários para a apuração do caso – apuração esta que, agora, está a cargo do DEIC.

Embora reconheçam a gravidade do episódio, colaboradores, parceiros e patrocinadores do SPFC demonstraram satisfação com a pronta reação da direção do SPFC.

Marketing não se faz apenas por meio da promoção de bons ativos – dos quais, diga-se, o SPFC está repleto – mas, também, do combate intransigente a desvios éticos.