Em carta, diretor do São Paulo diz que ex-gerente levou R$ 1,5 milhão no “Caso U2”

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GloboEsporte.com

Marcelo Hazan

Marcio Aith detalha ao presidente Carlos Augusto de Barros e Silva apuração do caso que levou a direção a demitir Alan Cimerman por justa causa. Deic abriu inquérito policial e faz investigação.

Demitido por justa causa, o ex-gerente do São Paulo, Alan Cimerman, recebeu depósitos de pelo menos cerca de R$ 1,5 milhão na conta pessoal de um familiar de primeiro grau.

É o que afirma o diretor executivo de comunicação e marketing do São Paulo, Marcio Aith, em uma carta endereçada ao presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. A mesma carta foi repassada aos conselheiros do clube. O advogado do ex-funcionário nega as acusações.

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Na carta, o dirigente detalha a apuração feita sobre o que a direção tricolor enxerga como um esquema irregular de venda de ingressos para os shows da banda irlandesa U2, marcados para o mês de outubro, e do cantor americano Bruno Mars, agendados para novembro, no Morumbi. O Departamento Estadual de Investigações Criminais – Deic, instaurou inquérito policial para investigar o caso.

Estádio do Morumbi receberá shows em outubro e novembro (Foto: Divulgação)

Estádio do Morumbi receberá shows em outubro e novembro (Foto: Divulgação)

Segundo Aith, em conversas e áudios no aplicativo whatsapp, o funcionário demitido teria admitido que enganou o clube, falsificou documentos, assinaturas e se beneficiou financeiramente dos atos.

O dirigente também afirma que não houve prejuízo financeiro do São Paulo, embora terceiros tenham sido lesados.

Veja a íntegra da carta endereçada ao presidente Leco e repassada aos conselheiros:

Ao Ilustríssimo Senhor Carlos Augusto de Barros e Silva, Presidente da Diretoria Executiva do São Paulo Futebol Clube

Transmito a V.S.ª os fatos abaixo descritos, apurados pela Diretoria Executiva de Comunicação e Marketing do SPFC, que levaram a direção de nosso clube a demitir, por justa causa, o Sr. Cimerman, Gerente de Marketing, bem como a solicitar a abertura de um inquérito policial no Departamento Estadual de Investigações Criminais – DEIC.

Registro, desde já, estarmos à disposição de todos os Conselheiros para prestar os esclarecimentos adicionais desejados, assim como já nos dispusemos a fazê-lo na reunião extraordinária do Conselho Deliberativo do dia 21 de Agosto de 2017.

Importante iniciar o relato salientando que, apesar da gravidade e da publicidade dadas ao caso, o SPFC não sofreu qualquer prejuízo direto, visto que as práticas infracionais, embora tenham prejudicado terceiros, em benefício direto do Sr. Cimerman, puderam ser amplamente comprovadas antes de consumadas contra o clube.

Em breve resumo, o Sr. Cimerman obteve ilegalmente, na conta pessoal de uma familiar de primeiro grau, depósitos de pelo menos cerca de R$ 1,5 milhão. Esses depósitos foram feitos por terceiros, aos quais o Sr. Cimerman prometera a “venda” de ingressos e o “aluguel” de camarotes para os shows da banda irlandesa U2 (nos dias 19, 21, 22 e 25 de outubro) e do músico norte-americano Bruno Mars (22 e 23 de novembro).

Os crimes restaram provados por meio de cópias de recibos de depósitos e de conversas em áudio e texto (do aplicativo WhatsApp) exibidos espontaneamente por terceiros prejudicados à Diretoria do SPFC, e, posteriormente, entregues ao DEIC. Nas conversas, o funcionário demitido admite ter enganado o clube, falsificado documentos e assinaturas e se beneficiado financeiramente dos atos delituosos que praticou.

Os ingressos prometidos pelo Sr. Cimerman seriam desviados de lotes de ingressos de cortesia habitualmente entregues ao SPFC pela produção de shows; já os espaços de camarotes oferecidos pelo ex-gerente, localizados no Estádio do Morumbi, são de propriedade do clube. Registre-se que os ingressos de cortesia, ainda não emitidos, serão entregues ao SPFC somente em meados de setembro.

Para atingir o seu objetivo, o Sr. Cimerman, a quem competia funcionalmente a comercialização de espaços durante eventos, planejava forçar o clube a firmar um contrato de cessão de nove camarotes, no valor de R$ 189.000,00 (cento e oitenta e nove mil reais), contrato esse entre o São Paulo Futebol Clube e uma empresa intermediária.

Os mesmos camarotes seriam mais tarde sublocados (com direito aos ingressos) a terceiros a valores exorbitantes. Depósitos antecipados chegaram a ser feitos em uma conta pertencente a uma integrante da família do Sr. Cimerman.

Como bem sabe V.S.ª, a diretoria comunicou a Presidência tão logo surgiram os primeiros indícios, e dela recebeu a orientação de apura-los até o fim, sem qualquer constrangimento nem limites pessoais. Dos demais diretores recebeu a discrição e o apoio técnico necessários para a apuração do caso – apuração esta que, agora, está a cargo do DEIC.

Embora reconheçam a gravidade do episódio, colaboradores, parceiros e patrocinadores do SPFC demonstraram satisfação com a pronta reação da direção do SPFC.

Marketing não se faz apenas por meio da promoção de bons ativos – dos quais, diga-se, o SPFC está repleto – mas, também, do combate intransigente a desvios éticos.

2 COMENTÁRIOS

  1. E tem gente que ainda fica culpando apenas jogador A ou B.

    A coisa é muito maior, transformam o SP em uma fonte de corrupção, não tem dinheiro pra nada porque está tudo sendo desviado para o bolso dos bandidos canalhas.

    Permitiram a múmia jogar até cair os dentes para agradar a torcida acéfala e idolatra, tendo o foco desviado enquanto roubavam descaradamente.

    Contrataram a múmia estagiária para nos afundar de uma vez por todas, com ela vieram jogadores meia boca e resultado é esse.

    Só um verdadeiro milagre nos faz escapar da série B