LANCE
Desligado do clube há quase um ano, Gustavo Vieira de Oliveira crê que gestão atual tem mais dinheiro e menos turbulência política do que em sua última passagem pelo Tricolor
Diretor executivo de futebol do São Paulo em duas passagens, a última delas encerrada em setembro de 2016, Gustavo Vieira de Oliveira vê o time atual sofrendo mais, mesmo com menos dificuldades do que em sua gestão. Apesar de controlar as palavras ao falar da equipe que, hoje, está em penúltimo lugar no Campeonato Brasileiro, o sobrinho de Raí aponta que o modelo de gestão da sua época levou um elenco mais barato à semifinal da Libertadores.
– Acompanho à distância, mas me parece que o clube está enfrentando desafios institucionais e estruturais que também enfrentei. Mas, hoje, vemos mais recursos e uma situação institucional mais estável. O modelo de gestão que adotamos, mesmo construído no cenário em que ocorreu, permitiu que chegássemos à semifinal da Libertadores. É abstrato, mas aquele modelo foi importante – disse Gustavo ao LANCE!
– Não consigo dizer o que foi feito depois que saí, mas defendo a visão aplicada no ano passado, diante de dificuldades maiores. Chegamos à semifinal da Libertadores sem ter investido nenhum tostão em contratações, porque, quando chegamos, o clube estava devendo direitos de imagem, o que não ocorria há 15 anos, e respeitamos quem já estava lá. E vivíamos um ambiente político mais instável, com o presidente em um mandato-tampão.
Gustavo, que é filho do ídolo corintiano Sócrates, teve a primeira passagem como dirigente em 2013, convidado pelo presidente Juvenal Juvêncio. Ficou afastado durante a gestão Carlos Miguel Aidar, entre 2014 e 2015, e voltou após a renúncia de Aidar, durante o mandato interino de Carlos Augusto de Barros e Silva – em abril de 2017, Leco foi eleito para um mandato de quatro anos.
Até sair, em setembro de 2016, Gustavo defendia um modelo de comissão técnica fixa e plano estabelecido para aproveitamento de atletas da base. Mas o que se viu em 2017 foi a comissão técnica sofrer alterações com Rogério Ceni e ser quase completamente reformulada com a chegada de Dorival Júnior, além de 19 contratações, encurtando o espaço para quem vem de Cotia.
– O modelo respeitava a história do clube, com uma visão estratégica muito clara, de fortalecimento da instituição. Estipulava que todos os jogadores fossem tratados igualmente, um número de atletas da base no elenco principal e um corpo técnico fortalecido, capacitado, identificado e exigido com base nos resultados para dar suporte ao treinador e ao auxiliar que viesse momentaneamente – lembrou Gustavo.
– Nosso modelo diminuía o impacto da mudança de técnico, e, no futebol brasileiro, todos os clubes grandes são desafiados a mudar de técnico a cada dois, três meses. Não me parece a melhor ideia para o São Paulo ou para qualquer clube ter uma comissão técnica formada por quem pode ir embora daqui a pouco, forçando um novo trabalho a começar do zero – prosseguiu, evitando opinar sobre as criticadas vendas de atletas do elenco atualmente.
– A gente recebia orientação financeira da presidência e tinha uma obrigação de venda para fazer caixa e poder contratar, mas o orçamento foi alterando à medida que fomos avançando na Libertadores e angariando receitas. Todo o aspecto financeiro do departamento de futebol era norteado pelo orçamento, e acho que isso não mudou – falou Gustavo, avisando que, apesar de ter direito por contrato, abriu mão do bônus por negociações enquanto era dirigente.
Atualmente sem trabalhar no futebol, Gustavo Vieira de Oliveira diz que recusou convites de clubes das Séries A e B que ofereceram projetos emergenciais, pois prefere trabalhos com visão de longo prazo. À distância, torce para o São Paulo se recuperar.
– Estou acompanhando de longe, torcendo para que o São Paulo encontre seu caminho. O São Paulo é um clube por quem tenho enorme respeito, é um clube grande que me deu a oportunidade de ser diretor executivo. Torço pelo clube e pelas pessoas que estão lá. Só me resta torcer.