GloboEsporte.com
Alexandre Lozetti e Marcelo Hazan
Encontro, no fim da manhã desta quarta-feira, no CT do Tricolor, é considerado “positivo” pelos envolvidos. Objetivo é evitar rebaixamento inédito no Brasileiro.
O São Paulo recebeu aproximadamente 30 torcedores de diferentes correntes para uma reunião com elenco, comissão técnica e toda diretoria nesta quarta-feira, no CT da Barra Funda.
O objetivo era unir forças para evitar um rebaixamento inédito do clube no Campeonato Brasileiro.
Diferentes participantes da conversa consideraram o saldo positivo.
Abaixo, o GloboEsporte.com detalha bastidores:
Presidente
Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, abriu a conversa. O dirigente disse que se tratava de um momento histórico de união da diretoria, time, comissão técnica e torcedores pensando juntos em caminhos para um ajudar ao outro.
Ídolos porta-vozes
No elenco, Hernanes e Lugano foram espécies de porta-vozes. O Profeta pediu que não fosse feita nenhuma cobrança individual aos jogadores, pois todos fazem parte do mesmo grupo. O uruguaio, por sua vez, afirmou que, com todo seu tempo no São Paulo, via o atual grupo tão comprometido quanto os outros com os quais trabalhou.
Exemplo de Raí
Todos os diretores do São Paulo foram convidados para participar da reunião. O ídolo e ex-jogador foi o único membro do Conselho de Administração no encontro. Em rota de colisão com Leco, o vice-presidente Roberto Natel não compareceu.
Desde o início Raí se colocou à disposição para participar. Na visão de quem estava no CT, ele representou uma espécie de elo: um ídolo vencedor, ex-jogador e hoje membro da direção.
Na conversa, Raí lembrou de dificuldades da sua época de jogador, como em 1991, ano em que o São Paulo disputou o Grupo Amarelo do Paulistão (formado por equipes entre a 15ª e 24ª colocação da competição em 1990 e mais quatro vindos de uma “divisão intermediária”) e acabou campeão estadual, com o próprio ídolo como protagonista. Na temporada seguinte, o Tricolor conquistou o mundo.
Raí disse que, em momentos ruins, não é possível saber o que vem pela frente, mas todos precisam se doar mais. Se o treino começa às 15h, é necessário chegar 14h30. Ele citou outras mudanças de hábito como exemplos e disse que o pensamento único de todos tem de ser tirar o time dessa situação. Além disso, afirmou que em momentos como esse não há um culpado, pois o processo é muito maior do que só esse campeonato. Em resumo: deixou claro que o São Paulo tem problemas há muito tempo.
Os torcedores
Não houve nenhum relato de tom agressivo ou ofensivo por parte dos torcedores. Todos os que falaram disseram ver empenho e comprometimento dos jogadores, mas lembraram que isso não tem sido suficiente. O pedido dos são-paulinos foi de coragem para superar as situações, vestir a camisa do Tricolor e que cada gol sofrido não pode tornar o time tão frágil.
Os torcedores citaram Pratto como um exemplo de dedicação e até Morato, lesionado e fora da temporada, foi elogiado por não se intimidar no único jogo feito, contra o Cruzeiro, no Mineirão. Houve um pedido para quem atuar pelo time ter esse mesmo comportamento.
Os tricolores também se comprometeram a apoiar até o fim e disseram para os jogadores contar com o incentivo, inclusive no Barradão, em Salvador, onde o time enfrentará o Vitória. A promessa é de ao menos três ônibus da organizada no local. Também foi cobrada uma vitória no clássico com o Corinthians, no próximo dia 24 de setembro, no Morumbi.
O comandante
Na parte final do encontro, o técnico Dorival Júnior pediu a palavra. Ele disse nunca ter trabalhado na carreira como jogador e treinador em um clube com tanta estrutura e respaldo. Além disso, elogiou o comportamento dos torcedores, pois nos outros times pelos quais passou não havia visto o apoio da torcida como agora. O público de 18 mil pessoas no treino realizado na véspera do clássico contra o Palmeiras foi citado como exemplo.
Pós-reunião e a impressão de atletas
Depois da reunião, torcedores, jogadores e diretores continuaram conversas informais. Até os torcedores ligados à oposição prometeram abraçar o time, pois o momento requer união. Entre os atletas, a impressão é de que a conversa em si não vai fazer o time jogar melhor ou pior, mas mostra que o São Paulo pode ter um patamar diferente quando todos estão pensando juntos e em busca do mesmo objetivo.
E agora?
Para sair do Z-4 do Brasileiro na próxima rodada, o São Paulo precisa ganhar do Vitória (no domingo, em Salvador) e torcer por DOIS ENTRE TRÊS dos seguintes resultados:
- derrota ou empate da Chapecoense (contra o Grêmio, no domingo, em Porto Alegre);
- derrota do Bahia (contra o Cruzeiro, no domingo, em Belo Horizonte), tirando saldo de quatro gols;
- derrota do Coritiba (contra o Palmeiras, na segunda-feira, em São Paulo).