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Maurício Oliveira
Rivais paulistas revivem neste domingo o clássico de 2007, que encerrou tabu de 13 jogos no ano do rebaixamento do Timão. Hoje, Tricolor é quem luta pela permanência na Série A.
Dia 7 de outubro de 2007. O São Paulo, líder do Brasileirão com 12 pontos à frente do segundo colocado Cruzeiro, recebe o rival Corinthians, 18º lugar e assombrado pelo risco de rebaixamento.
Dia 24 de setembro de 2017. O Corinthians, líder do Brasileirão com dez pontos à frente do segundo colocado Grêmio, visita o rival São Paulo, 17º lugar e assombrado pelo risco do rebaixamento.
Dez anos depois do ano que marcou o bicampeonato brasileiro do Tricolor paulista e a queda do Timão, os dois se enfrentam pelo Nacional. E em situações opostas.
Do São Paulo de hoje, apenas o volante Hernanes estava presente naquele jogo no Morumbi, vencido pelo Corinthians por 1 a 0, com gol do zagueiro Betão. Lembrar que o Alvinegro foi rebaixado, apesar da vitória, incomoda o jogador são-paulino. O receio é que o roteiro se repita.
– A gente não pode descontextualizar, aquela era uma situação completamente diferente, o time do Corinthians era um e o do São Paulo, outro. A gente vem num processo diferente. Não tem comparação, viemos num processo de crescimento e seguimos nosso caminho – disse Hernanes.
Hoje no Avaí, Betão acha que o retrospecto em anos anteriores foi fundamental para a queda do Corinthians. A diretoria do clube havia meses era protagonista de noticiário policial, alvo de escândalos como o que motivou denúncia da Polícia Federal, acusando dirigentes corintianos (o então presidente Alberto Dualib e seu vice Nesi Curi, entre outros) e o empresário iraniano Kia Joorabchian de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha na parceria entre Corinthians e o Grupo MSI – todos foram absolvidos pela Justiça em abril de 2014, e o caso foi extinto.
Não coincidentemente, o São Paulo traça o mesmo caminho nos últimos anos. Em 2015, o então presidente Carlos Miguel Aidar, acusado de corrupção na administração do clube, renunciou e foi substituído por Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. No Corinthians de 2007, Dualib entregou o cargo para não sofrer impeachment, como Aidar, e deu lugar a Andrés Sanchez, eleito como Leco.
– O rebaixamento do Corinthians não foi em 2007, foi se arrastando desde 2004, com troca de diretoria, de gestão, um efeito bola de neve que culminou nisso em 2007. Não seria uma vitória em um clássico que iria mudar o caminho trágico para a gente – lembra Betão.
Mesmo dez anos depois, o zagueiro se lembra do clássico como se tivesse acontecido há pouco tempo. Após o gol, o choro ficou marcado na memória do torcedor.
– Era o único jogador que tinha disputado todos os clássicos do tabu, não tinha vencido nenhum em quatro anos (entre março de 2003 e outubro de 2007), e foi um jogo maravilhoso porque fizemos uma boa partida contra um São Paulo que já estava encaminhado para o título e tinha a melhor defesa. E pelo fardo que eu carregava de ser o único jogador do tabu inteiro. Terminar com um gol meu foi coisa de Deus.
O técnico campeão do São Paulo na época era Muricy Ramalho, hoje comentarista do SporTV. Para ele, a chegada de vários jogadores durante o Brasileirão na atual temporada e a troca de técnicos atrapalham mais do que a crise política e administrativa nos últimos anos.
– O São Paulo (como o Corinthians de 2007) também vem com alguns problemas políticos, mas a vantagem é que o Morumbi (na Zona Sul de São Paulo) fica bem afastado do CT da Barra Funda (na Zona Oeste), isso é importante. Acho que o que prejudicou mais o São Paulo foi a reposição (de jogadores). Porque as vendas não têm jeito, se o jogador quiser ir embora, ninguém segura. E teve troca de técnico também, o que é complicadíssimo. Dorival Junior está conhecendo o time agora. Bate o desespero porque você quer dar uma resposta (para as derrotas) e não contrata aquele jogador que você queria ou precisava realmente. Mas não acho que a parte política do São Paulo atrapalha tanto porque vejo o ambiente do São Paulo ainda muito bom – analisou Muricy.
Na opinião do ex-técnico, o São Paulo, apesar de estar na zona de rebaixamento, tem leve favoritismo neste domingo.
– Os dois estão buscando coisas importantes, mas o Corinthians é quase campeão. O jogo é muito mais importante para o São Paulo. Se o Corinthians não tiver um resultado positivo, não vai mudar muita coisa. Para o São Paulo, uma vitória pode até fazê-lo brigar mais em cima da tabela. O São Paulo é até um pouco mais favorito porque joga em seu estádio, que vai estar lotado, e vem de vitória (contra o Vitória), enquanto o Corinthians vem de uma viagem desgastante (à Argentina) e de eliminação (na Copa Sul-Americana, contra o Racing) – analisou o ex-treinador.
Veja a ficha técnica daquele São Paulo 0x1 Corinthians, pelo Brasileirão de 2007:
Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)
Árbitro: Leonardo Gaciba da Silva (Fifa/RS), com Aristeu Leonardo Tavares (Fifa/RJ) e Maria Eliza Correia (SP)
Público e renda: 38.325 torcedores e R$ 376.317,39
Cartões amarelos: Gustavo Nery, Vampeta e Richarlyson
Gol: Betão, aos 41 minutos do segundo tempo
SÃO PAULO – Rogério Ceni, Alex Silva, Breno, Miranda e Richarlyson; André Dias, Hernanes, Souza e Jorge Wagner; Borges (Diego Tardelli) e Aloísio. Técnico: Muricy Ramalho
CORINTHIANS – Felipe, Fábio Ferreira, Zelão e Betão; Iran, Moradei, Carlos Alberto, Héverton (Lulinha), Gustavo Nery e Carlão (Vampeta); Finazzi. Técnico: Nelsinho Baptista
Veja as informações do Majestoso deste domingo:
Local: Morumbi, em São Paulo
Data e horário: domingo, 11h (de Brasília)
São Paulo provável: Sidão; Militão, Arboleda, Rodrigo Caio e Júnior Tavares; Petros, Jucilei (Gómez), Hernanes, Marcos Guilherme e Cueva; Pratto
Desfalques: Bruno (aprimora a forma física após lesão nas costas), Renan Ribeiro (tendinite no joelho direito), Wellington Nem e Morato (cirurgias no joelho, só voltam em 2018)
Pendurados: Hernanes, Lugano, Petros, Junior Tavares, Marcinho, Jonatan Gómez e Pratto
Corinthians provável: Cássio; Fagner, Balbuena, Pablo e Guilherme Arana; Gabriel e Maycon; Jadson, Rodriguinho e Romero; Jô
Desfalques: Léo Santos (pubalgia), Paulo Roberto, Danilo e Vilson (retomando a parte física após lesões)
Pendurados: Cássio, Fagner, Pablo e Jadson e Romero
Arbitragem: Wagner do Nascimento Magalhães (Fifa-RJ) apita, auxiliado por Rodrigo Henrique Correia (Fifa-RJ) e Thiago Henrique Neto Correa Farinha (Fifa-RJ)
Transmissão: Premiere, Premiere HD e PFCI (com Milton Leite e Mauricio Noriega)
Tempo real: GloboEsporte.com, a partir das 9h30